domingo, 26 de abril de 2009

Por que silenciamos?

Há vários e incontáveis motivos para o estabelecimento do silêncio!
Silenciar pode ser uma opção de coexistência. Uma forma de se introjetar no âmago de sua alma para as reflexões mais puras, para os questionamentos mais íntimos ou para ouvir a voz de seu interior, que intimado, responde aos anseios daquele que busca a completude de suas indagações.

O silêncio, mesmo carregado de plurissignificações, paradoxalmente, reveste-se de contornos indecifráveis, que suscita, muitas vezes, interrogações. Em alguns momentos, chega a incomodar . Em outros, pode se transformar em "uma espécie de substância secreta que abre caminho à expressão", como afirma Novaes, em "O silêncio dos intelectuais"(2006).

Por que silenciamos? Por não termos o que dizer? Por termos muito o que dizer e não saber fazê-lo? Ou por não podermos exteriorizar o que nos oprime ou nos angustia? Como dissemos anteriormente, muitas são as causas do silêncio... Há o silêncio imposto como forma de dominação ( velhos e negros tempos) ... Há o viés do silêncio conivente... ( que triste constatação!) Há também, o silêncio contemplativo, quando o ser humano reflete sobre o mundo e tira determinadas conclusões. Mas, há um silêncio muito nosso, muito particular, quando calamos porque a tristeza toma conta de nós e são as lágrimas o código maior para expressar nossos sentimentos... E aí, gente, são os fios do silêncio enredados pelos próprios acontecimentos da vida. É nessa hora, então, que um outro silêncio se instaura e nos remete a uma interlocução maior: o diálogo com Deus, na esperança de que o percurso gerativo de sentidos se estabeleça e preencha os nossos vazios...

Bem, mas não é minha intenção aqui falar sobre o silêncio, nem teria competência para tal, pois existem teses e ensaios brilhantes sobre este tema! Porém, a verdade é que fui instigada, convidada por amigos leitores a "dar o ar da minha graça" neste espaço onde registro minhas experiências, expresso meus sentimentos e revelo minhas verdades.

Embora tenha consciência de minhas limitações ou do pequeno grau de literariedade dos meus escritos, não posso negar que fiquei feliz ao saber que o silêncio no meu blog foi percebido. As razões não importam. O interstício voluntariamente efetivado ( ou involuntário?) foi um discurso silenciado, lido por bons amigos que, generosamente, visitam meu blog e que, certamente, fizeram leituras, indagações ou tiveram qualquer outra reação. Volto, timidamente, mas volto. Como já disse o grande José Américo, "ninguém se perde na volta".

Afinal, de uma coisa tenho a certeza: o silêncio fala mais do que cala.