sábado, 5 de abril de 2008

A vida

Sou borboleta sem asas
Presa no casulo sem encontrar pousada
sou ciclone sem rumo
Procurando implodir para nã omachucar...

Sou às vezes, o eu, o tu, o nós
Querendo ser sempre mais e mais
Ampliando corpos, penetrando almas
Abraçando seres como me abraçais

Quem me dera que a vida fosse um barco
Em que suas velas eu me debruçasse
E num amplexo infinito eu velejasse
Para mundos sem fim pra não voltar mais

Mas, a vida não é barco, é o próprio mar
Nos seus movimentos sempre sem parar
Levando cada barco para um lugar
Sem pedir licença para aportar...

Campina Grande, 16.05.86

Libertação

Andei
à procura de ilusões
quimeras de outrora

A vida é um vai e vem
E nestas viravoltas

Tropecei
Caí

Levantei-me, porém
Em busca de esperanças
Âncora de náufragos
Que tentam a libertação


Campina Grande, 10.11.85

Desejos!

Sou árvore podada...
Brotando sempre
Com o desejo de florir

Sou ave de asas cortadas
Voando sempre
Com o desejo de partir

Sou pássaro sem ninho
Cantando em silêncio
Com o desejo de sorrir

Sou criança sem abrigo
Chorando sempre
Com o desejo de um porvir.


Campina Grande, 1985

Quando o outono chegar!

Quando chegar o momento de minha despedida
Vou feliz, pois cumpri minha missão
Tive filhos, amei e fui amada
Em outras plagas reverei os meus irmãos

Não levo mágoas, rancores, nem tristezas

O que vivi serviu-me de lição
A todos peço que amem muito a vida
E preguem paz e amor a todos os irmãos

Amar e ser amado é uma dádiva

Fazer o bem também nos faz feliz
Mesmo àqueles que não compreenderam
O sentido da vida em união

Aos filhos agradeço o grande prêmio

Por me darem netos em profusão
Filhos adoçados, com certeza
A quem amo de todo coração

Sandrinho, Danilo e Julieta

Foram os primeiros a entoar minha canção
Túlio, Lucas e Thiago
Completaram a minha linda geração!




Campina Grande/Tarde de 27.06.2005/14h

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Acalanto a Rivanildo




Dorme, filhinho, o sono dos justos
Que tua mãe vela por ti em oração
Quisera pertencer ao mundo dos poetas ou dos músicos
Prá te prantear em versos ou canção

Dorme, filhinho, o sono inocente
De quem partiu sem dizer adeus
De que lembram de ti
Choram e velam em silêncio...
A tua ausência/ a nossa solidão

Um dia, nos veremos, com certeza
E, ao nos encontrarmos, certamente
Reviveremos a distância que o passado
nos impôs com a tua separação.

Campina Grande/1985

Tu não estás só na multidão



Tu não estás só na multidão...


"Criar é ser Aquele que É; Criar é matar a morte"
Jean Christophone


E tu, num "orgasmo de criação" fizeste dos teus poemas "um parto feliz, retirando dos destroços do quarto de despejo da existência" a "Forma Feliz", o leitmotiv, o fio condutor para viver.

Teus poemas carregados de um cepticismo até certo ponto preocupante, são "BARCO SEM VELA" que "acumulando pesadelos e desencantos vão navegando com todas as intempéries para não naufragar". E na luta da sobrevivência, contra os vendavais que carregam teu "Barco sem Vela" para aportar quem sabe onde, tu navegante sem rumo "implodes o sentimento verdadeiro". Mas na ânsia de VIVER, te fazes voz de inúmeras mulheres que arraigadas de preconceitos e princípios se encorajam, para "abrir a janela/ Qual pássaro sedento/ de vida/ de liberdade".

Em teu estilo cheio de adjetivações ricas e antíteses fortes, questionas o existencial. Abordas dialeticamente VIDA x MORTE, AMOR x ÓDIO, RISO x CHORO, na preocupação de que "As pessoas valem/não pelo intrinsecamente ser/ mas pelo materialmente ter".

E dás teu grito de denúncia e revolta, quando "na ânsia pessoal de transformar o mundo" reclamas por "verdade e justiça". Na tua visão multifacetária, de uma sociedade díspare, imperativamente, como se pudesse ordenar, dizes: "Veja a criança abandonada/ Veja o operário com espinha dorsal quebrada/ Veja o professor com faringite/ Veja o marginal perseguido/ Que a própria sociedade gerou".
E num sentimento mais forte, em ti "o amor transcende fronteiras" e quantas vezes, procuras sufocar "A pior lágrima/ Aquela que se derrama/ no silêncio profundo", para epicuristicamente "viver hoje todos os segundos".
Não, Socorro, Tu não estás "só na multidão" porque teus versos gravitam em torno de ti, multiplicando-te em várias facetas, nas várias mulheres que a tua consciência artística criou e impõe no ecoar dos tempos. Imortalmente.

Foi num Natal!

Foi num Natal...
Cristo nasceu! Ele morreu!
Cristo nos trouxe esperanças
Ele deixou-nos lembranças...
Que são marcas bem profundas
Gravadas no coração

Por mais tempo que se passe
Não se consegue esquecer...
Era um irmão tão amigo
Um amigo tão irmão
Um filho tão dedicado
E um pai com perfeição
Que esquecê-lo já seria
Um crime - uma traição

Rindo ia ao trabalho
Indo cumprir seu dever
Vindo contente seu dever
A seus filhos atender
Natal fatídico aquele
De experiências funestas...
O destino nos fêz ver...

Homenagem a um irmão muito querido!