sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ponto de Vista

Quando estudante de Curso Normal, em um certo dia, fui incubida de escrever sobre o tema "A verdade". Já comentei, algumas vezes, com meus alunos, a dificuldade de se escrever sobre tema tão abstrato.

Num misto de surpresa e alegria, recebo o livro " Letras e Vozes - Vol. II", organizado pelo Colégio Motiva, que publica entre outros textos, "Fidelidade Versus Felicidade", de autoria do meu neto Túlio Arcoverde. Tema também abstrato, me chama a atenção a maturidade com que Túlio versa essa temática. Argumenta ele que nem sempre "ser fiel é a chave para um relacionamento feliz e seguro". Para ele, a regra de ser fiel e não se separar pode levar um casal "a amargar suas vidas por muitos anos". Enfatiza ele, que o importante é seguir à risca a máxima de Vinicius de Morais: "Que seja infinito enquanto dure..."

Impressiona-me, sobremaneira, um adolescente de apenas 15 anos, ter ideias tão firmadas e argumentos tão fortes para um tema tão sério e polêmico como este. Sabemos que não é facil escrever, expor opiniões e pontos de vista, e por isto, o meu orgulho de ser avó de um jovem que tem tudo para ser um escritor em potencial. Que me desculpem a corujice, mas deixando à parte esse lado, posso afirmar com convicçao de que vale a pena investir nesse menino/homem! E aqui, valem a voz e o olhar da Professora de Produção Textual, e não mais, os da avó.

Parabéns Colégio Motiva, pela iniciativa! Parabéns professores, pelas orientações cuidadosas! Parabéns Túlio, pela competência! Você nos envaidece! Pelo jovem seguro que é! Por sua sensatez constante! Por sua gentileza de menino educado! Pelo afeto e generosidade de sempre! Por sua beleza física, mas principalmente, por sua beleza interior.

Continue nessa busca constante de sempre ter o que dizer e a quem dizer e, certamente, não faltarão letras e vozes para que você externe seus pontos de vista.

sábado, 23 de outubro de 2010

Centenário de Julieta de Lima e Costa

Nada, nem ninguém apagam a História. Ela é um registro vivo de tudo que aconteceu na vida de alguém. Felizes os que têm histórias pra contar ou serem contadas. Os que passam pela vida e deixam marcos históricos são privilegiados. Agradecemos, portanto, a Deus por nossa Mãe, Julieta, ter tido o privilégio de ser reverenciada pelos seus feitos e pela História que construiu como Mãe, Mulher e Profissional. Como Mulher, foi companheira devotada e a dignidade personalizada na edificação do lar; como Mãe, foi a genitora dedicada e generosa que deixou como herança um modelo a ser seguido; como Educadora, plantou sementes que frutificaram de forma extraordinária!
A constatação disso se deu por ocasião do lançamento do livro “Bordados de uma vida – Julieta de Lima e Costa”, em Nova Floresta, no dia 06 de outubro de 2010. É inegável a demonstração de carinho das pessoas, naquela solenidade que homenageava a inesquecível professora, mãe, avó, tia, amiga! Familiares e amigos se irmanaram numa comunhão fraterna e solidária de declaração de amor e exaltação àquela que só fez o bem.
A programação, organizada por Lourdes Barreto e Lourdes Belo, (sobrinhas de papai) a começar pela missa solene, nos comoveu pela representatividade e beleza em seus mínimos detalhes. A Igreja estava repleta de pessoas de Nova Floresta e Cuité que rogavam ao Senhor luz para aquela que colaborou com a construção daquele templo e que louvavam também por poderem prestar essa homenagem junto a seus filhos e familiares. Orações, flores e músicas, em verdadeira simbiose, espelhavam um único sentimento, num misto de saudade e gratidão, cujas emoções eram retratadas pelas lágrimas que, teimosamente, fluíam dos olhos de muitos.
Após a missa, as emoções continuaram quando, no salão paroquial, uma mesa forrada com uma toalha, bordada por Julieta e ornamentada com rosas vermelhas e “carinho de mãe”, servia de suporte para os exemplares do livro que seria lançado. Os “slides” preparados por Rossana Arcoverde, sua neta, preenchiam aquele ambiente com uma atmosfera afetiva que acompanhado pela sintonia daqueles jovens flautistas tocando “A montanha”, nos enlevava para outras dimensões...

Muitos foram os depoimentos de familiares e ex-alunos e as nossas palavras naquele momento jamais poderiam externar o nosso sentimento de gratidão a todos que colaboraram para o enriquecimento daquela solenidade com suas presenças e suas ações.

Naquele ambiente, uma pluralidade de linguagens testemunhava o grande amor que as pessoas devotaram a Julieta, chamada por muitos de Etinha. Era a festa da palavra, enriquecida pela música, pelas imagens e por gestos que irão perpetuar-se no coração de seus filhos, netos e bisnetos.
Todos nós da família nos sentimos extremamente gratificados e agradecidos a Deus por nos premiar com esta dádiva.
O nosso preito de gratidão ficará gravado em nossas mentes para sempre!

Obrigada Nova Floresta! Obrigada Cuité!

Aniversário

Pus todas as flores do canteiro
Na sala de estar
O perfume inebriou todo o espaço
O meu ser transbordou de alegria

Comemorei aquela data com fervor
Era a data de seu aniversário
E os pássaros cantavam pra você
A melodia que eu quis compor

Lá no céu com certeza os anjos também cantam
Entoando parabéns para outro anjo
Pois anjo, filho amado, você é

Que a sua luz irradie as nossas vidas
Que brilhes cada dia, mais e mais
Para consolo desse coração de Mãe!

sábado, 21 de agosto de 2010

O Simpósio de Literaturas Africanas.

O Simpósio Internacional de Literatura Africanas, acontecido recentemente por iniciativa do PEN CLUB do Brasil - Seccional da Paraíba e sob os auspícios do Centro Campinense de Estudos Africanos, nos oportunizou bons momentos poéticos. Contando com o apoio da UEPB e da Rede Paraíba de Televisão, o evento foi idealizado pela Profª Drª Elizabeth Marinheiro e realizado no Departamento de Letras.

Os Escritores João Melo, Marta Santos e João Maiona são membros da União dos Escritores Angolanos e foram as "estrelas" do evento. No entanto, chamou-me a atenção a sensibilidade do poeta João Maiona. Relatou ele ter nascido no Norte da Angola. Lá havia muita violência e era uma época conturbada. Filho de pais muito pobres, pai empregado na casa de portugueses e mãe analfabeta, teve uma infância muito difícil. Frequentou Escola Católica e sua formação foi toda em língua francesa. Somente aos quatorze anos é que teve contato com a língua de Camões. Disse ele, que um dia, na missa, encontrou duas "madres" e nesse contato contínuo, aprendeu português. Nunca frequentou escolas para estudar português. (Emocionou-se ao contar esta história).

Começou a trabalhar, ganhou dinheiro e "viveu" o que não tinha vivido até então! Depois largou tudo e foi para o Sul da Angola. Resolveu continuar os estudos e foi para a França, onde ganhou uma bolsa de estudos. Os "ensaios" que escrevia chamavam a atenção dos professores que diziam ser ele um poeta!

Em 1980, com a influência de Carlos Drummond de Andrade, começou a escrever poemas. Constatou então que estava alcançando seus objetivos. Do poema "Ó Angola meu berço do Infinito", recortei alguns versos que me tocaram:

" Ó Angola meu berço do Infinito/meu rio da aurora/minha fonte do crepúsculo/Aprendi a angolar/pelas terras obedientes de Maquela/(onde nasci)(...) Angolei contigo nas sendas do incêndio/onde os teus filhos comeram balas/ e regurgitaram sangue torturado/onde os teus filhos transformaram a epiderme em cinzas/onde das lágrimas de crianças crucuficadas/nasceram raças de cantos de vitória/raças de perfumes de alegria/(...) (Angola meu fragmento de esperança)/deixai-me beber nas minhas mãos/a esperança dos teus passos/nos caminhos de amanhã/ e na sombra d'árvore esplendorosa."

Nada melhor do que poemas para alimentar o nosso espírito... Viva a poesia!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lembranças

Ah! primaveras floris
Onde passei a minha infância
Oh! prados e campinas
Onde "curti" a minha juventude

Onde ficaram plantadas as lembranças
Para onde foram as minhas esperanças
O que restou de nós

Vejo meu rosto cansado
As rugas refletindo todo um passado
Me causando saudade e nada mais...

O silêncio das noites

No escuro da noite nenhuma estrela
A geada as sorveu todas
O céu chora essa ausência doída
Já não pode sorrir...

Onde buscar forças para esse exílio
O que fazer no silêncio dessas noites
Busco encontrar um ombro amigo
Para prantear essa solidão...

Procurar respostas no infinito
É o caminho encontrado
Pois só do Alto pode vir a solução.

Ergo os olhos então com confiança
O meu Deus é fiel
E me enche de esperanças.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A vida

Eu queria ter alma de poeta
Ter as asas dos pássaros pra voar
Andar peregrinando sem destino
Avançando no mar ao navegar...

Quisera ter também a alma de criança
Brincando sempre sem pensar no amanhã
Sorrindo como as flores de um jardim
Procurando braços pra me afagar

No entanto, a vida é uma gangorra
Onde somos convidados a montar
Nesse constante sobe e desce sem parar

E nesta roda viva que é a vida
Caminhamos todos na esperança
De um dia, finalmente, descansar.

domingo, 15 de agosto de 2010

Ciranda da leitura

Com o título " Bibliotecas: Cenário Preocupante", a Revista Educação- julho/2010 publica que até 2020, os municípios e os estados brasileiros precisarão construir 25 bibliotecas por dia no ensino fundamental. O diagnóstico, obtido por um estudo do movimento Todos pela Educação, com base em dados do censo da Educação Básica de 2008, está relacionado com o cumprimento da lei que determina a instalação de bibliotecas em todas as instituições de ensino do país (públicas e privadas), sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final de maio. A lei estabelece como prazo final para a instalação o ano de 2020.

Como vemos, a preocupação com a formação de leitores na escola é uma constatação. O ensino de Língua Portuguesa, não obstante as grandes mudanças que têm ocorrido, principalmente, no que diz respeito à produção e recepção de textos, não tem efetivado metodologias eficazes para a consecução de comunidades leitoras. Isto expressa, realmente, a necessidade de reflexões maiores sobre essas questões, em especial, sobre a prática de leitura na escola e fora dela.

Neste sentido, iniciativas como essa são louváveis, porém não se formam leitores por meio de decretos. É preciso muito mais! A criação das bibliotecas é o primeiro passo. É uma oportunidade que deve ser aproveitada pelos professores, para efetivação de uma exercício não muito comum em sua práxis. É necessário, porém, que se tornem leitores, deixando de lado a desculpa de que não leem porque não podem comprar livros. Consequentemente, trabalharem estratégias que levem seus alunos a ler, construindo sentidos para suas leituras, tornando-os, assim, leitores proficientes.

Não se concebe um professor que, diante das situações diversas e emergentes de um mundo globalizado, não goste de ler e não passe para seus alunos esse exemplo. Credita-se a leitura como uma forma rica e insubstituível para aqueles que querem atualizar seus conhecimentos. O professor que lê e faz com que seus alunos leiam terá chances de oportunizar grandes transformações na sua metodologia de trabalho, deixando de lado a linguagem do discurso didático, que inibe a voz do aluno, como se o aprendizado fosse exclusivamente para a escola, e não, para a vida.

Cabe também às Universidades que oferecem Cursos de Formação para professores do Ensino Fundamental inserir em suas diretrizes curriculares conteúdos que versem sobre esta temática, propiciando o debate, a reflexão e, sobretudo, a prática leitora, de forma que possamos preencher as incompletudes constatadas em pesquisas nessa área. Só assim, estaremos contribuindo com o desenvolvimento humanístico, social e cultural do indivíduo, no sentido de sua realização como ser pensante e engajado nos diversos contextos em que interage.

Construamos, então, essa ciranda, unindo nossa mãos, pois "nenhuma corrente é mais forte do que seu elo mais fraco."

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O frio da alma

Tarde fria na serra! A chuva fina acaricia as plantas que parecem sorrir. Fica gostoso agasalhar-se para dormir. Os cobertores nos fazem afagos e aconchegam o nosso corpo.

Nosso pensamento voa, percorre caminhos, faz atalhos, chega ao país da imaginação. Ficamos a nos perguntar o que seria de nós sem o agasalho do afeto. Sem braços abertos pra nos receber. Sem mãos fortes e generosas que se estendem pra nos proteger. O que seria sem a palavra que ecoa em nosso coração dizendo "conte comigo", "eu estou aqui". Sem o olhar amigo que nos contempla nas horas que mais precisamos.

Com estas reflexões, chegamos a uma conclusão. Como deve ser triste transitar pelos caminhos da solidão! Como deve incomodar andar por territórios impregnados de desumanização. Como deve angustiar seguir veredas, onde procuramos alguém e não encontramos. Enfim, prosseguir na trama da existência e não conseguir respostas para nossos questionamentos, nem ter com quem partilhar nossos sentimentos.

Assim, nessa busca incessante para preencher esses vazios, é preciso mergulhar em nosso interior e procurar guarida para dar asas aos nossos devaneios. E é nessa busca que aprendemos. Tomamos consciência de que somos seres históricos, sociais, dotados de subjetividades. E se somos sociais é o outro que nos completa. Tornamo-nos melhor ampliando as nossas relações. É esse processo de agregação que possibilita ao ser humano o crescimento de seu horizonte de sentido, diz Fábio de Melo.

Nessa perspectiva, precisamos manter boas relações de amizade, de carinho, de afeto, porque "relações humanas são como pontes", cuja travessia precisa ser feita para atenuar distâncias entre nós e o outro.

Precisamos, portanto, aquecer não apenas o frio do corpo, mas o frio da alma, para fortalecer as nossas esperanças e alimentar o nosso espírito. Preservemos, pois, nossa vida afetiva e procuremos desmontar o gelo do desamor, para que não habite em nós a frieza da solidão.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Notícia Quentíssima

Editora lança livros digitais gratuitos

Em meio à hesitação do mercado editorial em relação à novidade dos livros digitais, a Fundação Editora da Unesp (FEU) lançou 44 obras inéditas direto para o formato digitalizado. Os livros abrangem as áreas de ciências humanas, ciências sociais e aplicadas, linguística, letras e artes em geral. Os títulos foram disponibilizados no endereço www.culturaacademica.com.br
É a primeira vez no país que uma universidade brasileira lança um acervo digital com base em sua própria produção científica. O acesso às obras é gratuito. Só no primeiro dia de acesso, os livros foram baixados mais de mil vezes. O projeto prevê que sejam publicados cerca de 600 livros eletrônicos noprazo de uma década, sendo 58 até o final deste ano.

Fonte: Revista Língua Portuguesa. Maio/2010.

sábado, 8 de maio de 2010

Os espelhos da alma

A nossa alma é um mosaico de espelhos que refletem os nossos sentimentos e que variam conforme as nossas circunstâncias ou contextos. As alegrias, as solidões, as emoções, as desilusões, as decepções, as esperanças, as expectativas, as saudades e tantos outros sentimentos formam esse mosaico que se constrói no desenrolar da vida.

Em determinados dias, essa urdidura mosaica se acentua e algumas delas se sobressaem pela importância que se constituem no desenvolvimento de nossas subjetividades. E neste contexto de subjetividades, "casa de todas as riquezas humanas", o nosso sentir se faz mais forte e se acentua com mais vigor, porque algumas lembranças persistem em se fazer presentes, por razões que lhes são pertinentes.


Nesse sentido, o nosso coração parece explodir pela intensidade da nossa vulnerabilidade de ser humano. Nossos olhos revelam, então, por meio das lágrimas, as dores de uma saudade infinda, porque representa a ternura, a bondade, a docilidade, a simplicidade e o sempre querer bem de uma Mãe que se fez grande pelas suas ações, pelo seu modo de viver... Mas, essas lágrimas são, muitas vezes, revestidas por um silêncio que nos envolve e ecoa nos espaços que nos circundam, pois como disse Clarice Lispector: "É no meu silêncio que escapam de mim todos os meus gritos."

É, então, nessa condição silenciosa que me aproximo de Deus e elevo ao Alto preces carregadas de amor para receber o conforto necessário e o aconchego maior que possam preencher este vazio de uma ausência tão sentida, na certeza de que "Deus chora nos lábios de quem reza".

Dessa forma, acalento as minhas dores e imagino o calor do abraço materno e a doçura de um beijo que se materializa na realização dos meus desejos.
Para você, querida Mãe, todas estas rosas...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Em dia com a língua

Josué Machado faz o seguinte comentário:
Ao norte e no norte
A moça do tempo anunciou na emissora de TV: "Ao norte do Brasil, haverá chuva intensa e muito calor no período". A região norte do Brasil é composta pelos estados de Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia e Tocantins.
Só que, ao apontar a vasta região amazônica, ela se enganou de preposição. Não é "ao norte" e, sim, "no norte" do país que desabaria a procela. Sao diferentes, não só formalmente. "No norte" é parte integrante da própria região. "Ao norte" é além da região norte, o que há fora dela. O estado do Amazonas está na região norte, pertence a ela. Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa estão ao norte do Brasil, fora do Brasil.
A escolha da preposição é fundamental para definir com clareza o que se quer expressar, afirma Josué Machado. (...)
Fonte: Revista Língua Portuguesa, abril/2010

domingo, 2 de maio de 2010

O apagamento da memória

Gratifica-me muito saber que os estudos e pesquisas atuais estão priorizando as questões de memória, biografias, histórias de vida, relatos, depoimentos etc. Cultuar a memória de alguém é reconhecer os seus feitos e a sua colaboração à sociedade onde está ou esteve inserido. No setor educacional, afirma Romanowski em "Formação e profissionalização docente" (2007) que "a memória pode conter as transações passadas com a instituição escolar, pois, ao longo de sua vida, o sujeito constrói o seu saber ativamente, num processo que se faz por avanços e recuos construindo relações específicas com o saber e o conhecimento que acabam por se encontrar no cerne da identidade pessoal."

Infelizmente, alguns personagens da história da Educação brasileira são conhecidos apenas pelo nome ou por poucas leituras, muitas vezes, reflexo das leituras de outras pessoas. Nesse sentido, chamou-me a atenção o artigo que li de José Pacheco (Revista Educação, abril, 2010), intitulado "A segunda morte de Anísio". O autor revela que foi ao sertão baiano, à procura do que resta do insigne brasileiro Anísio Teixeira, principalmente nas Escolas de Caetité. Ao visitar a Secretaria de Educação, pergunta "qual o legado de Anísio, que se faz presente nas práticas escolares?" A resposta é "um embaraçado silêncio."

Embora tenha sido acolhido na casa que foi de Anísio, ter visto livros e objetos que foram usados e tocados "por aquele gênio" e ter-se detido diante de uma fotografia onde o educador estava cercado de crianças, o autor constata que nas escolas os projetos servem de "ornamentos" com citações do mestre, mas não são cultivados nas salas de aula. Percebe-se, então que na formação, os professores adquiriram vagos contributos de ilutres pedagogos estrangeiros...

Para minha perplexidade, o autor afirma que procurou na cidade uma lápide ou um busto que evocasse Anísio, mas não encontrou. A única estátua de Caetité é de alguém que está vivo e "cujos méritos" o autor desconhece. Continua a sua narrativa de forma muito explícita e seus relatos são de causar tristeza... Em seu dizer, "mistério e silêncio encobriram as circunstâncias da morte de Anísio. Consta que foi encontrado em posição fetal, entre as molas de um fosso de elevador, sem vestígios de com elas ter colidido, numa presumível queda..." Mas, ressalta o autor que "estávamos em 1971 e questionar esses tenebrosos tempos ainda é tabu (...). E a luz que Anísio lançou sobre a educação do Brasil também se extinguiu com ele". Pacheco conclui, lamentando que o tempo tenha se aliado à incúria dos homens para apagá-lo da memória dos educadores brasileiros. Para ele, "memória não é feita de inócuas homenagens, mas no fazer jus à sua vida de incansável lutador por uma educação que não aquela que, decorridos quase quarenta anos sobre a sua morte, infelizmente, ainda temos."

Que estas considerações sirvam de reflexão para nós educadores, principalmente, os que militam em cursos de Formação de Professores. Vamos estudar e pesquisar mais sobre a história da educação brasileira e, particularmente, sobre os educadores que contribuiram e colaboram com o desenvolvimento da educação de nosso estado, a nossa pequena e heróica Paraíba. Não deixemos que o processo de apagamento da memória seja cultivado. Preservemos a nossa história.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O saudoso Coreto

Rememorar fatos de nossa juventude nos traz um pouco de nostalgia, mas ao mesmo tempo, se transforma numa saudade gostosa que nos alimenta a alma e nos faz sentir viva... É ter a certeza de que registrar determinados fatos é cultuar na memória o que não deve ser esquecido jamais.

Minha infância, propriamente dita, foi em Nova Floresta, onde nasci. Mas, por circunstâncias de vida, aos doze anos, fui para Cuité onde, na casa de minha avó Julita Fonseca, tive a oportunidade de continuar meus estudos, uma vez que em Nova Floresta só podia cursar até o terceiro ano do Curso Primário, (nomenclatura da época).
Matricularam-me, então, no Grupo Escolar Vidal de Negreiros para cursar o quarto ano. Mirtes Venâncio foi a minha professora, de quem guardo excelentes recordações, pela competência e amor com que se dedicava ao magistério. Concluído o quarto ano, fiz o primeiro Ano Complementar e, em seguida, fui preparar-me para o Exame de Admissão, um verdadeiro vestibular. Aprovada no Exame de Admissão fui admitida para a o Curso Normal, que funcionava no Instituto América, onde estudei até o quarto ano Normal, com excelentes professores e uma qualidade de ensino de causar inveja às Universidades de hoje. Quantas saudades das minhas colegas e daqueles professores abnegados, alguns deles já em outras galáxias. Certamente, nos espaços celestiais pelo bem que plantaram aqui na terra.

Nesse período, minha mãe já se transferira para Cuité e lá continuamos desfrutando de todos os benefícios que a cidade oferecia na época.
Lembro-me com muitas saudades dos passeios ao redor da praça, ornamentada por lindos canteiros de flores, onde eu e minhas amigas trocávamos ideias, “curtindo” a juventude de uma adolescência saudável e mantendo os nossos “flertes” (palavra usada na época, em lugar de “paquera”) em dia, numa troca de olhares, até certo ponto inocentes. Quando muito, uma paradinha, um aperto de mão, complementando a linguagem do olhar e interagindo de forma mais significativa. O aperto de mão é uma linguagem simbólica e tem caracteres que fazem dele um operador dinâmico de sentidos, em vários contextos. Ele suscita várias leituras e permite revelar todo um “falar” com as mãos, assim como é também a linguagem do olhar. Essa maneira de ver e conceber, por apreensão intuitiva da natureza humana, permite um jogo de retornos reflexivos. Por isto, o nosso coração batia acelerado, numa ritmia acentuada como se quisesse gritar ao mundo aquela demonstração de afeto e carinho recebidos e, geralmente, testemunhada pelas amigas.

Mas, nada podia ser comparado às emoções proporcionadas pelas retretas do Coreto, quando os músicos da orquestra tocavam, e nós, mocinhas da época, dançávamos embaladas pelas melodias e pelos braços do parceiro, geralmente, rapazes de nossa faixa etária que nos faziam a corte. Quantas músicas bonitas, de saudosas lembranças!

Sabemos ainda, que muitas são as fotografias de grupos de pessoas que participavam das belas festas de Cuité e escolhiam aquele Coreto como palco específico para o registro dos variados eventos que se promoviam na cidade.

Como olvidar, pois, um espaço semiótico daquele, que oportunizou tantas leituras e que deixou guardado em nossos corações tantas lembranças? O que nos marca é inesquecível! Esquecer é impossível!
Mas, nos conforta poder eternizar aqueles momentos vividos, por meio da escrita, que é documental, como o fazemos neste texto. Isto é resguardar a memória histórica de Cuité, cujo amor telúrico declaramos sempre. Desejamos que todos os cuiteenses, que guardam em suas mentes boas e eternas lembranças do “velho” e saudoso Coreto, transmitam para seus descendentes as imagens e as histórias vividas ali, pois estas quando edificadas em nossos corações, jamais serão demolidas, como aconteceu com o nosso querido Coreto.

Para os amantes da poesia

Retrato do poeta quando jovem
José Saramago

Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Onde brancas ondas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada

Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta de uma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de seda inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.
..................................................................
Que beleza!!! Faço minhas, as palavras do poeta...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Em dia com a língua

Essa dá pra rir...

" A ambiguidade e a vagueza são inerentes à linguagem natural. De um lado, os termos são polissêmicos, ou seja, têm mais de um significado; de outro, o sentido constitui-se na contradição, na polêmica com outros discursos e, por isso, as formações discursivas revelam interpretações e apreciações conflitantes.
A maior parte dos termos da língua não é unívoca. Ao contrário, as palavras possuem vários significados. É essa propriedade da linguagem que permite os jogos de palavras. Conta-se que Emílio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gorda se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho:
'É a primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos.'
'Banco é usado em dois sentidos: 'móvel comprido para sentar-se' e 'casa bancária'. Também tem dois sentidos o termo 'fundos': 'nádegas e 'capital', 'dinheiro'.
Por outro lado, não temos acesso direto à realidade, ele sempre vem mediado pela linguagem que não é neutra. As relações interdiscursivas, que são contraditórias, determinam um ponto de vista na interpretação dos fatos e acontecimentos. "(...)

Revista Língua Portuguesa, março de 2010, p. 43. Texto de José Luiz Fiorin)

Em dia com a língua

Compartilho com meus leitores notícias interessantes que leio sobre os usos da nossa língua portuguesa e que tive a ideia de repassar, sempre com este título, quando encontrar algo que valha a pena transcrever.

" De acordo com um estudo realizado pela British Academy, crianças que fazem uso de mensagens de texto por celular (SMS), prática conhecida como texting, leem e falam melhor do que as outras. A pesquisa afirma que pais e professores deveriam estimular essa forma de comunicação entre os mais jovens.
Para o jornal inglês The Independent, crianças que se valem de abreviações também dominam a pronúncia correta das palavras. Além disso, segundo o jornal, observou-se um significativo aumento de atenção por parte das crianças quando as palavras rimavam umas com as outras. Contudo, os pesquisadores não souberam afirmar se o uso frequente de mensagens influi na capacidade de escrever dentro das normas da língua. A única conclusão é que o uso prolongado fez as crianças se saírem melhor nas avaliações de fluência verbal". ( Revista Língua Portuguesa, março-2010, p.11).

E pensar que já fui abordada, várias vezes, por pais e professores que se preocupam com esses usos do "internetês"...

domingo, 28 de março de 2010

Emoções!

Neste ano de 2010 minha mãe, a Professora Julieta Lima, completaria 100 anos de vida. Esta data nos envolve para um contexto que evoca lembranças e muitas saudades. Eu e meus irmãos, Djalma e Albani, resolvemos homenageá-la, organizando um livro, com a colaboração imprescindível de sua neta Rossana, contando alguns fatos relacionados à vida de Julieta. Não é preciso dizer da emoção que nos envolve e das lembranças que nos vêm à mente.

Dessa forma, não podemos separar as duas cidades onde ela viveu e prestou serviços como educadora. Seus feitos, seu envolvimento cultural, suas vivências e seus enredos sociais são todos relembrados com muita nitidez, tendo em vista que as lembranças, como um “flash” em nossas mentes, passam de uma em uma, registrando aquilo ou aqueles que não queremos esquecer e que merecem registros.

E nos vem à mente Nova Floresta e Cuité, como palcos dessa história de vida. Nova Floresta , naquela época, distrito de Cuité, onde ela foi a primeira professora. Onde ela implementou projetos inéditos e onde alfabetizou muitos filhos daquela cidade. Hoje, duas cidades vizinhas, que crescem acompanhando o desenvolvimento de um tempo globalizado.

Mesmo assim, a professora Julieta Lima, enfrentando as dificuldades da época, já vislumbrava um futuro melhor para aqueles que com ela estudavam e já os preparava para um porvir que, certamente, os filhos e netos daqueles alunos iriam desfrutar.

Ao prepararmos esse livro, verificamos quanto era difícil naquele tempo formar um filho, encaminhá-lo para galgar espaços maiores. Só os que detinham um certo poder aquisitivo podiam mandar seus filhos para estudar fora. A não ser os destemidos que enfrentavam todas as dificuldades e os encaminhavam para superar as agruras da vida lá fora e conseguir a duras penas os objetivos traçados. E foram muitos os cuiteenses e também, os florestenses que conseguiram êxito.

Atualmente, os filhos destas cidades desfrutam de um Campus Universitário em Cuité, que abriga não só os filhos da terra, mas também, de toda região circunvizinha, atendendo a todos que querem continuar seus estudos. Fico feliz, ao constatar que o Diretor desse Centro, Ramilton Marinho da Costa, é justamente um neto de Benedito Marinho, parente de mamãe e amigo da família, de quem Julieta Lima recebeu acolhida, quando chegou em Nova Floresta, ficando inclusive hospedada em sua casa.

São inúmeros registros que teremos a oportunidade de fazer, contando também com a colaboração de familiares, amigos e ex-alunos que já se prontificaram a colaborar com esse projeto de resgate histórico, importante para nós, familiares, mas também, para a memória da educação dessas duas cidades.

Orgulha-me, portanto, ser filha de alguém que contribuiu para o fortalecimento educativo-cultural dessas cidades e em cujos espaços plantou a semente do saber.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Três vitórias

Festejar vitórias é sempre muito bom. Louvar a Deus por elas é um dever. "Louvai a Deus por tudo"; "Sede agradecidos", diz o Evangelho. Por isto, neste ano de 2010, tenho muito o que agradecer. Fui premiada com três grandes vitórias: Meu filho Edjarde, que voltou a estudar depois de uma grande pausa, concluiu seu Curso Superior em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande; meu primeiro neto, também Edjarde, colou grau em Direito pela Universidade Federal da Paraíba e outro neto, Danilo Arcoverde, (filho do primeiro Edjarde) foi aprovado para o Curso de Engenharia pela Universidade Federal de Campina Grande.

Costumo dizer que a grande herança de uma família é a riqueza do conhecimento, principalmente quando este conhecimento é atestado, comprovado e celebrado por uma Instituição. Não resta dúvida de que esta riqueza jamais será corroída pela traça, o tempo não a destruirá, nem ninguém a usurpará. E se não temos recursos materiais, por meio do conhecimento é possível conseguir atingir metas ou realizar a consecução de objetivos.

Foi com esta perspectiva que voltei também a estudar depois de longos dezessete anos e sempre afirmando que se não deixava como herança para meus filhos bens materiais, eu deixaria como referência e exemplo maior todo o meu sacrifício de voltar a estudar depois de casada e mãe de cinco filhos, enfrentando dificuldades das mais diversas.

Valeu a pena e faria tudo de novo, se preciso fosse. Como se diz popularmente, o exemplo vale mais do que mil palavras. Registro neste espaço estas bênçãos do Senhor sobre minha família.

Obrigada Senhor! Eu te louvo e te glorifico!

domingo, 7 de março de 2010

Dia da mulher

Para nós, mulheres, todos os dias são nossos... Os variados papéis que assumimos na sociedade nos outorga esse direito de sermos homenageadas diariamente. Infelizmente, nem sempre acontece. Muito pelo contrário, algumas mulheres em vez de homenageadas são vítimas de violência dos mais variados tipos. Embora estejamos em pleno século XXI e termos em vigor a Lei Maria da Penha, são anunciados constantemente, casos e evidências de violência contra a mulher. Lamentável que tenhamos de conviver com essa realidade.

No entanto, alegra-nos saber que escritores e poetas exaltam a mulher em suas criações poéticas e textos dos mais variados gêneros. Particularmente, a crônica de Estevam Fernandes, "Simplesmente Mulher" aborda esse tema de maneira magistral, ao enfatizar a solidão de algumas mulheres em suas próprias casas. "O sonho de um lar feliz acabou por transformar-se no espectro de sua própria agonia. Querendo alguém para amar, conheceram a própria solidão."

Na verdade, muitas vezes, as mulheres têm como companhia apenas as suas lembranças, os seus desejos incontidos e as aspirações interrompidas, alimentando-se do passado, do que poderia ter sido e não foi. É como se tivessem algemas dentro de si, feridas em sua dignidade, aprisionadas pelos caprichos de alguém que em seu egoísmo não vê nada, além de si próprio. "Alguém que lhes rouba os sonhos e escraviza a alma e, ainda, lhes impedem de ser feliz."

No entanto, nem sempre as mulheres deixam-se anular. Algumas vão à luta. Resistem ao que muitos dizem ser destino, superando os "grilhões dos limites caseiros." Afirmam-se profissionalmente, conquistam autonomia, tornam-se competitivas e assumem-se como donas de seu querer e do seu fazer. Sentem-se libertas, mas não esquecem jamais de seus deveres de esposa e mãe.

É preciso pois, que olhemos para a mulher com os olhos da compreensão, do companheirismo, da afetividade, da igualdade de direitos, deixando-a ser feliz, realizada por conquistar os seus anseios, os seus objetivos e, acima de tudo, mostrando que é capaz de produzir e de contribuir com a construção de uma sociedade melhor.

Portanto,exaltemos a mulher, sempre que possível, e façamos dela o símbolo do amor. Mulher amada é mulher feliz!

sexta-feira, 5 de março de 2010

O uso de "Podcasts"

A Revista Nova Escola apresentou uma reportagem intitulada "Casamento Proveitoso". O título, como sempre, se sugestivo, é um convite à leitura. Não me fiz de rogada! Para minha surpresa, o texto abordava um trabalho didático peadagógico com a utilização de "podcasts", a respeito das marcas de oralidade em obras de Ariano Suassuna.

A ideia de usar "podcasts" como ferramenta para desenvolver a oralidade surgiu durante uma reunião pedagógica, com alunos do 9º ano, do Colégio Pedro II, na capital fluminense, como uma boa forma de usar a tecnologia para "ensinar" gêneros orais.

O objetivo do Prof. Jorge Luiz Marques de Moraes era fazer com que os alunos percebessem as diferenças entre a oralidade e o texto escrito. Assim, em parceria com os professores de Informática, desenvolveu o projeto, inserindo os alunos na utilização dos recursos multimídia disponíveis na escola, mas ainda, pouco explorados.

Para nosso entendimento, o texto ressaltava que, o "podcast" é uma abreviação da palavra "podcasting", que é uma brincadeira originária da mistura de "ipod" (marca de um tocador), com "broadcasting"(transmissão de rádio ou TV), que tem, assim como os programas radiofônicos, a função de apresentar e transmitir o conhecimento. Com ele, podem ser trabalhados vários gêneros orais, como conversação, debate, entrevista, entre outros.

Esse trabalho oportunizou aos alunos de Língua Portuguesa sairem daquelas aulas tradicionais de gramatiquice e passarem a transitar da fala para a escrita e da escrita para a fala, o que é fundamental para a aquisição da habilidade linguística.

Dessa forma, os alunos mergulharam nas obras do autor paraibano, conhecendo as marcas do oral (o que é fantástico em Ariano), identificando as características dos gêneros oral e escrito e observando suas diferenças. Mas, para isso, o aluno devia estruturar uma dinâmica ágil, pois o "podcast" leva ao ambiente virtual as práticas do rádio.

Que bom possamos criar formas metológicas diversificadas, a exemplo desse professor, para que nossos alunos leiam e, se possível, os autores paraibanos, cuja produção literária é muitas vezes desconhecida.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Recortes de uma leitura

Do livro "A prática de linguagem em sala de aula" de Roxane Rojo (organizadora), topicalizei algumas ideias que me chamaram a atenção e as socializo com meus leitores. A seleção foi transcrita do texto de Beth Brait "PCNs, gênero e ensino de língua: faces discursivas da textualidade".

Ei-las:

  • O conceito de linguagem e de ensino privilegiados envolvem indivíduo, história, cultura e sociedade, em uma relação dinâmica entre produção, circulação e recepção de texto.
  • A dinamicidade dos conceitos bakhtinianos não se prestam à aplicações mecânicas. Valorizam o corpus e despertam no leitor/ analista/fruidor a capacidade de dialogar, graças às interações textos/leitores.
  • Linguagem é ação interindividual e processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais.
  • Os homens interagem pela linguagem em diferentes grupos sociais, nos diversos momentos da história.
  • A linguagem enquanto atividade social e histórica permite a construção de refer~encias culturais.
  • Produzir linguagem significa produzir discursos: dizer alguma coisa a alguém, de uma determinada forma, em um detrminado contexto histórico e em determinadas circunstâncias de interlocução.
  • O discurso, quando produzido, manifesta-se linguisticamente por meio de textos.
  • O signo é um material semiótico-ideológico e a enunciação é um produto da interação social.
  • A atitude diante do conhecimento significa um contato dialógico com o corpus selecionado
  • A cada conceito mobilizado forma-se uma rede com os demais conceitos que dificilmente poderá dela dissociar-se.

Estes recortes nos propiciam uma boa reflexão sobre a linguagem e seus usos.