sábado, 12 de abril de 2008

Certos Movimentos do Coração

Certos Movimentos do Coração é mais um livro do poeta Ruddy, que desnuda a sua alma numa cadência de sentimentos, sem máscara, hipocrisia e/ou camuflagens, buscando o que tem de mais valioso - autenticidade.
Ruddy coaduna Amor e Arte "como irmãos inseparáveis e amantes em incesto invulgar invadindo-lhe o SER". E nesse colóquio Arte x Amor, o encontro foi possível, a despeito de todo e qualquer preconceito social e obstáculos levantados por pseudos-moralistas. O encontro definitivo acontece e ele já não se fecha em si mesmo. Pelo contrário, abre o seu coração e canta: "joguei no mar/a chave do meu coração. /Agora vai ficar legal./ Deixei a porta aberta/para quem quiser entrar." E vai mais além, no seu grito de criticidade e de compromisso com o verdadeiro SENTIR e VIVER no poema Amor Louco - "Chamem a ambulância/ o prefeito/ a polícia/ Chamem a TV/ o cinema/ o rádio./ Quero que todos saibam que tenho um amor/ maior que a vida/ à margem de gritos e escarros/ além de sussurros clandestinos/ acima de uivos e rumores/ um amor incandescente de infinito". E o poema pára, enquanto a infinitude desse amor prossegue na beleza de seu último verso, numa estrutura que estabelece, insofismavelmente, o ritmo circular, infinito de vida cósmica, sem princípio, nem fim. Mas, nessa junção Arte e Amor, a dor se faz presente e em "delírio" e comunhão - Arte x amor x dor atingem a aspiração suprema e íntima do seu ser e fazem-no dizer: "Senti/ a dor e o amor/ como os pombos/ pousando nos beirais/ aos pares/ sofri a miséria do mundo/ e fui feliz". E para o poeta, seguir a sua trajetória interior, através de depoimentos dos que o amaram, o deixaram de amar ou o amarão, é uma fascinante aventura em busca da alma encantada.
Ruddy faz "um delírio debochado da vida" como bem disse o poeta Francisco Maciel, sem circunlóquios e/ ou apelações, enriquecido de sensibilidade e senso crítico. O prazer pelo prazer, o erótico são presenças constantes nos seus versos carregados de um linguajar despojado de falsos padrões, deixando aqui ou alhures a marca personalizada de seu EU assumido e coerente.
Em "Certos movimventos do coração" como nos movimentos da alternância DIA x NOITE há um jogo temporal onde o HOJE e ONTEM e o AMANHÃ provocam uma interdependência de fatos, todos ligados pelos mesmos sentimentos: o amor à vida, o viver intensamente, como se houvesse a consciência de que os homens no incompreensível labirinto da vida, caminhassem sem jamais se encontrarem,condenados a uma mórbida solidão. Por isso Ruddy confessa em seus versos: "Tenho medo que o tempo/ não me deixe chegar até onde minha alma almeja". É tentando temporizar inexoravelmente flui, faz da noite sua aliada nesse desejo de temporização, proclamado: "Minhas noites/possuem a magia/ do transporte além de mim/ me envolve em fantasia/ e crio novos dias". Nessa cumplicidade com a noite ele prossegue, pois "as palavras ditas na noite/ têm o gosto doce do sexo/ e caem como véus sem verdade".
Eis o que reflete o autor de "Certos Movimentos do Coração" que terá, certamente, leitores co-partícipes desse ato criador e juntos percorrerão veredas ao embalar dos versos translúcidos do Ruddy, PINHO aromático que com fragância e performance enobrece os Congressos/88.

Campina Grande, 1988.

Um comentário:

Unknown disse...

adorei suas consideracoes ao meu livro certos movimentos de um coracao, e fiquei emocionada gostria de lhe enviar um bjo e lhe dizer que depois deste livro editei mais seis e os tres ultimos inclive um que ganhou o primeiro lugar em concurso nacinal patrocinado pela biblioteca nacional di rio de janeiro . aaos os tres ,LIBERDADE AINDA QUE PROFANA 1998, INCONFIDENCIAS MINEIRAS E NEM TAO BELa nem TAO LOUCA, TODOS DA EDITORA NOVA RAZAO CULTURAL do rio de janeiro gostria que os comentasse se puder, entre em contacto com a editora e peca os livros bjpos