segunda-feira, 7 de abril de 2008

Memórias sobre o processo de alfabetização

Minha infância aconteceu numa pequena cidade do interior da Paraíba. Foi uma infância feliz, apesar das dificuldades da época e na simplicidade dos acontecimentos que me cercavam.
Minha mãe, mestra pelas experiências da vida e já àquela época professora concursada, era líder da comunidade. Com ela fazia o percurso que nos levava à Escola Rudimentar Mista, denominação dada àquele educandário da rede estadual de ensino. Com ela, aprendi as primeiras letras e tive, além disso, os maiores ensinamentos de vida. Sentia-me privilegiada, pois era “filha da professora”, tida como profissional importante e respeitada. Do processo de alfabetização, propriamente dito, lembro-me pouco. Porém, o processo de letramento (na perspectiva de hoje) foi rico e muito proveitoso. Convivia em ambiente letrado e com muita motivação para as práticas de letramento. Minha mãe, a professora Julieta Lima, organizava festas, comemorações, dramas, pastoris, atividades culturais, de forma geral, e eu e minha irmã éramos quase sempre protagonistas daquele mundo de alegria e cor. Tinha uma enorme facilidade de decorar e a declamação de poemas era uma das muitas atividades que eu exercia.
Relembro com saudades aqueles dias, rodeada por momentos e realizações que à época me faziam alegre e espontânea. “Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida/ da minha infância querida/ que os tempos não trazem mais...”
Hoje, questiono-me, entre perplexidade e circunspecção. O que é ser criança? Viver como criança? Como fazer feliz uma criança presa aos modernismos e tecnologias? Como resgatar o espontaneismo e a naturalidade, frente a um progresso desordenado e a uma violência assustadora? Como aproveitar os recursos tecnológicos e as recentes teorias para tornar a sala de aula prazerosa?
Fazer isso é urgente e preciso para que o processo de alfabetização e letramento se perpetue na nossa memória e tenhamos recordações que possam ser transformadas em boas histórias.

Texto elaborado em sala de aula, em Curso de formação – PROFA/MEC/SEF/UEPB
Campina Grande, 08 de outubro de 2001.

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