sábado, 10 de maio de 2008

Mãe

Palavra doce. Sabor de mel. Felizes os que desfrutam desse nectar dos deuses. Há 25 anos, exatamente, provei o amargor da perda desse ser que até os poetas dizem não haver rima. Era uma mãe especial e Deus escolheu exatamente o dia das mães naquele ano, para levá-la para perto Dele. E sabe por quê? Porque, como registrou magistralmente Djalma, seu adorado filho caçula:

"Sempre acreditei que Deus escolheu um grande dia, ao levá-la para junto de Si naquele 8 de maio de 1983, justamente no Dia das Mães.
Dois eventos históricos, ocorridos no dia oito de maio corroboram com este fato:
1753 – Nascimento de Miguel Hidalgo y Costilla, independentista mexicano, considerado o pai da pátria mexicana.
1945 - Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa; o exército alemão rende-se; por isto também é chamado de Dia da Vitória.
O primeiro pareceu-me justificar a razão pela qual escolheu o nome para seu filho Antônio Hidalgo, que poderia ter sido também Miguel, tal a sua grandeza.
O segundo, por sua transcendência, representou a paz para as nações do mundo inteiro. A paz tão bem incorporada por mamãe na sua índole pacífica e acentuada nobreza, não obstante seu inflexível caráter."

Ah! Mãe amada! Quanta falta fazes! Recordar-te é trazer-te para perto de nós. Por isto, estás sempre perto... Cotidianamente, estou citando-a. Seja nos exemplos dos adágios populares, sempre bem contextualizados para cada caso particular, seja nos enunciados ricos, que tua riqueza cultural, paradoxalmente, contrastava com tua humildade e simplicidade de vida...
Certa vez, escrevi que o sinal de teu rosto não era um sinal físico. Era um signo maior que podia ser lido além da dor. Foste tu mãe, mestra do amor e da vida, que nos ensinaste as mais belas lições! Lições de caráter, de honestidade, de amor ao próximo, de ternura, de carinho, de respeito ao outro, mas acima de tudo, do olhar diferenciado para os humildes e necessitados. Os aquinhoados por riquezas materiais, dizias tu, a vida já os premiou... É verdade, mãe querida. Amar a quem é "certinho demais", a quem não tem defeitos é muito fácil. Prestar favores àqueles que poderiam até passar sem eles não é difícil. O esforço é maior quando servimos aos que têm carência de tudo. Tantas foram as lições, que impossível seria listá-las aqui. Mas, impossível também, seria esquecer o teu dinamismo e garra como educadora, em uma época de poucos recursos didáticos, em uma pequena cidade do interior da Paraíba. Teus feitos "heróicos" chamavam a atenção, até da mais alta autoridade da Paraíba, quando registrou esse teu "saber fazer" em documento enviado a ti, parabenizando-te pelo trabalho excelente que desenvolvias naquela época, no município de Mamanguape. Nova Floresta e Cuité também te foram agradecidos, homenageando-te com duas escolas que ostentam teu nome, fazendo jus a toda uma vida de dedicação à educação e à cultura daqueles municípios.
É mãe! Quanta saudade! Quantas mudanças! Éramos seis! Hoje, somos, apenas, três... Quantas lembranças... Três filhos que pranteiam a tua partida. Que sentem forte no peito o pulsar de um coração que anseia pelos teus beijos, que se ressente da falta daquele abraço gostoso, do teu sorriso franco, entremeado pelas lágrimas que, não sei definir, conseguiam num misto de ternura e afeto, confundir-se com o riso. Choravas e rias ao mesmo tempo. Era uma marca registrada que representava autenticamente a grandeza das tuas emoções.
É mãe! O tempo passou. Porém, o nosso amor não arrefeceu. Continua forte e maior, porque maior que tudo isso foi o teu exemplo. De mulher corajosa, inteligente e criativa, na limitação do seu tempo. É isso aí, Julieta. Tu apenas mudaste de espaço. Continuas muito viva em nossos corações. E não tenho dúvidas, de incluir o "nós", pois tenho certeza, de que todos que conviveram contigo, principalmente, filhos e netos, guardam os mesmos sentimentos externados aqui. Serás sempre a querida mamãe, a sempre vó e a amada Etinha (dos irmãos e sobrinhos).