sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Fazer o bem

Que bom estar de bem comigo mesma
Saborear o que a vida já me deu
Ter amigos e procurar sempre ter mais
Sentindo o aroma que a amizade concebeu

Vivo e procuro "curtir" sempre os meus dias
Fazendo o bem com muita alegria
Pois, me gratifica ajudar a quem precisa
Sem esperar nada em troca, só carícias
Palavras amigas e gentis

O bem que a gente faz
Em retorno vem também
Façamos, pois, sem medida
E os anjos do céu dirão amém...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Cuité, ontem e hoje

Sinto-me agraciada! Muitas coisas boas têm acontecido comigo. Tenho muito a agradecer a Deus! Para completar meu domingo, recebo amável e-mail do conterrâneo, Dr. Cícero Cândido, criador do site "Amigos de Cuité", enviando-me fotos do saudoso Cuité da minha juventude. Que fotos!

O "velho" coreto, onde aconteciam as famosas retretas, orquestradas por competentes músicos que alegravam nossa turma e nós, embalados por aquelas músicas, dançávamos ao som das melodias da época e desfrutávamos de tão ingênua fantasia...

O Cuité Clube, onde adolescente, ainda, sentia-me flutuante naquele ambiente social, testemunha viva das emoções de muitos que ali participavam daquelas festas tão vibrantes quanto excitantes, efervescidas pela sonoridade febril das orquestras em bailes formais ou na estrondosa e contagiante alegria de animados carnavais. Participei de muitas dessas festas, mesmo depois de casada.

O famoso Instituto América! Uma organização criativa de pessoas altruístas que viam naquela cidade serrana um potencial a ser explorado. A sua primeira turma! Os vestidos de gala para ostentar no baile. Que chic! Ah! meu querido Instituto América... Era lá que eu cursava o meu Normal Regional. Sim, fui normalista, sim senhor! Quantas lembranças das eficientes aulas de Português (era assim que se dizia) do Prof. Zezinho e Orlando Venâncio. Acredito que o conhecimento lingüístico que tenho não são todos advindos do Curso de Letras (URNE), do qual me orgulho, mas na verdade, é preciso que se faça justiça! Aqueles "mestres" não ficavam aquém de muitos doutores que conheço... Foi daquele educandário que trouxe a base para que eu fosse aprovada em vestibular sem fazer cursinho!

As festas da padroeira, as famosas garçonetes... Eram escolhidas "a dedo". As senhoritas da alta sociedade, vestidas a caráter e orientadas pelas organizadoras da festa com o maior esmero.

A matriz de Nossa Senhora das Mercês, onde participei do coral da igreja, e aprendi a louvar a Jesus e Maria, cantando... Quantas lembranças, quantas saudades... Como disse em poema: "O tempo passa, mas as lembranças ficam..." São marcas que ficam gravadas no mais recôndito de nosso coração... Porém, que bom a vida ser dialética!

Hoje, para nosso maior orgulho, temos o Cuité universitário! Um majestoso "campus" que se vislumbra e enche os nossos olhos à subida da serra. Fico feliz ao lembrar-me de que meu irmão Djalma, engenheiro da UFCG, contribuiu para que arquitetonicamente se erguesse aquele templo de saber, hoje, ampliado e com prospecção de grandes avanços. Participei com meu irmão, dirigentes da UFCG, autoridades e muitos conterrâneos, da alegria imensa da inauguração daquele campus .Os nossos jovens já podem fazer curso superior em sua própria terrinha. O saber acadêmico já não é mais privilégio de poucos. Essa superação efetiva-se, tendo em vista que a sociedade brasileira ultrapassa barreiras e conquista espaços, outrora inatingíveis. E o nosso Cuité acompanha esse vertiginal crescimento, fazendo jus à sua localização altaneira de cidade que se afirma dos cimos da Borborema.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Nada foi em vão

Parece que foi ontem...
Ele nascia!
E com ele toda alegria
Brotava no meu ser de mãe!

O tempo passa...
E as lembranças ficam
Guardamos todas no cofre do coração
Pois, amar é ter certeza
De que nada, nada foi em vão...

Parabéns

És um filho muito amado Negrito
De todos, o primeiro a alegrar-me
Já prenunciando meu gigante amor de mãe
Amo-te e te amarei, filho adorado
Rezo por ti e te entrego a Deus
De dia e de noite, a todo instante
Estarei abençoando, filho meu.

Hoje, é o dia de teu aniversário
Que os anjos do céu te louvem em coro
Entoando uma canção de parabéns.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A polissemia de nossa língua

Sem "sombra de dúvida", a nossa língua nos proporciona um ilimitado poder de uso. Em recente artigo na revista Língua Portuguesa (novembro,2008, p. 38), Jean Lauand refere-se a essa versatilidade que o usuário da língua dispõe. Na visão desse autor, o fenômeno é mais extenso do que à primeira vista supomos. "Mesmo a mais inofensiva busca na WEB mostra a riqueza da língua e sua capacidade expressiva", afirma esse pesquisador, enfatizando que se "a inveja vem em ponta; o ciúme dá-se em pitada; a ingenuidade, em doses; a vergonha na cara, em pingos etc." Temos, ainda, "leve impressão , toque de classe, leve susto, traço de tristeza e resto de esperança".

O autor continua, mostrando a idéia de maior ou menor popularidade de expressões equivalentes à palavra "pouco". Por exemplo: pouco para prosa "é um dedo"; para cachaça, "dois dedos"; para guloseimas, "um teco". Já a pouca visibilidade dá-se em "palmo". Há também, "um fio de voz", "um pingo de gente" e "um pedaço de mau caminho"... E por aí vai, essa língua faceira, cantada em verso e em prosa ( sem ser um dedo)...

São tantas as variáveis lingüísticas que utilizamos que os estrangeiros "comem fogo" para discernir tantos usos e tantos significados. Desse modo, são estas expressões idiomáticas que, por trás da rotina e dos clichês, enriquecem o nosso idioma e possibilitam os diversos falares.

O autor vai muito além desses exemplos e incentiva que se faça um mecanismo de busca na internet, como o Google ou Yahoo para se descobrir a popularidade de muitas outras expressões, comumente usadas no nosso cotidiano. É ver para crer!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um convite à leitura

Dentre os livros que Irandé Antunes publicou, ressalto este: "Muito além da gramática: Por um ensino de línguas sem pedras no caminho", (Ed. Parábola, 2007). A partir do título e do sub-título, que faz alusão ao conhecido poema de Drummond, "No meio do Caminho", o livro é um convite à leitura para todos que militam ou se interessam pelos estudos e usos da linguagem e que devem ficar longe dos "achismos" e "suposições infundadas" a respeito do ensino da língua.

A autora , com seu estilo leve e verbalização fácil, suscita um debate sobre o ensino da Língua Portuguesa, incitando-nos a refletir sobre as "pressões sociais" do uso da linguagem, no cotidiano das pessoas. Chamando a atenção para os inúmeros cenários, as diversas vozes e múltiplas intenções que estão em jogo no uso da linguagem, a pesquisadora mostra que tudo isso é mais que um ato lingüístico. É um ato humano, social, político, histórico e ideológico. É neste sentido que Bakhtin (1975, p. 98) afirma ser a linguagem "de natureza essencialmente social e em cada momento histórico é grandemente discursiva", porque nela se entrecruzam os diversos falares.

A preocupação da autora recai sobre a relevância para o uso da linguagem em relação à eficácia discursiva do que o "simples estudo da gramática e suas nomenclaturas". Em seu dizer, "é preciso reprogramar a mente dos professores" para entenderem que a língua é parte de nós mesmos , de nossa identidade cultural...

Nos capítulos que compõem o livro, vários equívocos a respeito do ensino da língua são desfeitos, mostrando que o uso da linguagem como atividade interativa, organizada para a interação social é constituído de vários aspectos que se integram e se interdependem. Isto implica em conhecimentos extra-lingüísticos , ou seja, conhecimentos prévios que partilhados com nossos interlocutores mobilizam outros saberes que completam o nosso dizer.

Estas reflexões nos levam a repensar sobre um "outdoor" exposto na cidade, após o pleito eleitoral, que transcreve versos de conhecida música popular: "Um dia a areia branca/ Seus pés irão tocar/ E vai molhar seus cabelos/ A água azul do mar..." A intencionalidade discursiva do produtor dessa mensagem instiga o leitor a mergulhar nas malhas invisíveis do discurso em busca de sentidos outros que estão irremediavelmente vinculados a um contexto político e social, "revelando a natureza dialógica da linguagem, pois toda compreensão é prenhe de respostas" e aquele "que recebe e compreende a significação de um discurso adota simultaneamente, para com este uma atitude responsiva ativa", (BAKHTIN, op. cit). Quem participa do contexto histórico/social/político da cidade sabe ler nas entrelinhas o significado do texto e a intenção posta na intertextualidade usada no gênero exposto.

Interpretar, pois, um enunciado discursivo é partilhar conhecimentos provando que a interação verbal mobiliza muito mais do que o conhecimento lingüístico. Mobiliza conhecimentos de mundo. Nesta perspectiva, afirma Irandé, que "pensar, portanto, que a gente faz e interpreta textos usando apenas os conhecimentos lingüísticos (que já são mais do que aqueles puramente gramaticais) é falsear a autêntica atividade da interação verbal". Dessa forma, constatamos que somente os leitores engajados no contexto histórico/sócio/político podem fazer a interpretação daquilo que está implícito, apenas pressuposto ou subentendido. O sujeito que enuncia esconde-se por trás do sentido literal para que o leitor depreenda os múltiplos sentidos dos enunciados que são propiciados pelo jogo da linguagem que favorece inferir algo mais do que está escrito. Assim, os textos/enunciados que produzimos são perpassados por outros enunciados que os precederam, formando uma cadeia discursiva produzida num tempo social e histórico.

É nesse sentido que Irandé propõe um ensino de língua que se desvencilhe do "fio estreito da gramaticalidade" retirando as pedras do caminho que teimosamente alguns professores tentam manter em suas aulas, atribuindo à gramática "uma função muito além daquela que realmente lhe cabe". Ensinar a norma prestigiada aos nossos alunos é necessário. Formar usuários da língua proficientes, sim! Mas, prioritariamente, que esse ensino seja na perspectiva do discurso, com visão integralizadora, sem desvincular a dimensão interacional, dialógica e textual da língua. Só assim, finaliza a autora," língua e gramática podem ser a solução se aprendemos a apreciar a recriação da linguagem, (...) se não deixamos que a gramática assuma o comando absoluto de tudo e saia do seu lugar de adjuvante; de companheira, apenas, cuja presença é necessária, mas não suficiente".

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Homenagem de aniversário

Eles aniversariaram. A festa lá no céu deve ter sido linda! Aliás, lá deve ser uma eterna festa... Pensei o que oferecer-lhes nesta data. E, as flores que Rossana trouxe, beijando-as, doei-as para vocês. Além das flores, o maior presente que posso ofertar-lhes são minhas preces eivadas do mais sublime sentimento de amor filial. Sei que no espaço onde vocês habitam, com certeza, quem recebe presentes somos nós, filhos e netos. Tenho a plena convicção de que vocês intercedem a Deus por todos e cuidam do "rebanho" que tão bem pastorearam, em vida. Parece que foi ontem... O tempo passa... Mas, as lembranças ficam... As tristezas deixam marcas... Mas, as alegrias vividas, por mais simples que sejam, ficam registradas com maior vigor... E as imagens teimam em se fazer presentes. Cecília Meireles retrata bem essas imagens:

" Tão brando é o movimento / das estrelas, da lua, / das nuvens e do vento, / que se desenha a tua face no firmamento".

E se desenham com tanta nitidês, que olvidar essas faces seria impossível. Prantear essas ausências torna-se inevitável. Guardar para sempre essa memória é dever sagrado, pois como bem expressa a quadrinha popular:

"Entre aqueles que se amam, / A morte aparece em vão, / Pode plantar a saudade / Mas, nunca a separação."

Saudades, muitas saudades queridos pais que, coincidentemente, aniversariavam em quatro e seis deste outubro primaveril. Vocês, em vida, foram primaveras a florir o meu caminho e, hoje, são luzes que me dão forças e iluminam o meu entardecer.


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Para refletir...

Em livro de D. Hélder, encontrei este poema. Achei-o pertinente para uma reflexão.

"Não foi sem razão
Certamente não foi
que, à abelha,
com o mel,
deste o ferrão
e à rosa,
com o perfume, deste o espinho...
Nem sei
se, sem ferrão, a abelha seria abelha
e, sem espinho,
a rosa seria rosa..."

E nestes tempos de programas eleitorais, esta estrofe da composição "Comunhão" de Milton Nascimento cai bem.

" Eu quero paz, eu não quero guerra
quero fartura, eu não quero fome
quero justiça, eu não quero ódio
quero a casa de um bom tijolo
quero a rua de gente boa
quero a chuva na minha roça
quero o sol na minha cabeça
quero a vida, não quero a morte não."

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Projeto "Seis e Meia"

Participei do Projeto "Seis e meia", tão bem pensado pela Secretaria de Educação e Cultura do município, nesta última quinta-feira(25/09/08), para ouvir Adilson Ramos. Que beleza! O cantor que revela ter quarenta e oito anos de sucesso, me surpreendeu pela potência da sua voz, resistência física e grande poder de interatividade. Como ele mesmo afirmou, parecia estarmos em sua casa, numa roda de amigos, tão forte era a sua aproximação com o público.

Ao cantar suas músicas de maior sucesso, aquele artista conseguiu orquestrar um grande coro que, segundo ele, afinadíssimo, vibrava e dançava, quem sabe, muitos de nós, recordando momentos de outrora... Um público eclético, entre jovens, adultos e pessoas da terceira idade, se enterneceram naquele momento de "curtição", demonstrando o poder que a música tem de unir pessoas, de atravessar o tempo, de ultrapassar barreiras, de vencer obstáculos... Todos eufóricos, contagiados pela energia do cantor, pareciam formar uma grande ciranda, onde naquele espaço de cultura e lazer, se confraternizavam num misto de alegria e ternura. Palco e platéia se confundiam, num amálgama fantástico de musicalidade e animação contagiantes.

Assim, mais uma vez, constatávamos que os bons momentos são para ser vividos, aproveitados e "saboreados". Se aquele momento propiciou um diálogo do passado com o presente, não importa! Um diálogo com a realidade e a fantasia, que bom! Um diálogo com a saudade e o que estará por vir, quem sabe? Para cada espectador que ali estava, foram muitas as emoções e variados os sentimentos... Os paradoxos da alma humana também devem ter rondado alguns. O importante é que aquelas horas passaram rapidamente, como se todos, em coro uníssono, dissessem: "Por que não pára relógio?"

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

II Encontro de Educação Profissional

Juntamente com outras colegas, participamos neste final de semana do II Encontro da Educação Profissional, na cidade de Bananeiras. Só aquela vista serrana, coroada por paisagens belíssimas, o extenso verde e o vislumbre da Catedral daquela cidade já valeram a pena... Hospedadas no Hotel da Estação, naquele frio gostoso do Brejo, nos fez relembrar tempos de outrora, quando eu residia em Solânea... Mas, vamos ao que interessa: O Encontro. Organizado pela Coordenação Geral do Curso de Especialização de Educação Profissional de Jovens e Adultos, do Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrária da UFPB, teve como tema "Educação Profissional como Mecanismo de Inclusão Social". Tudo muito organizado, com uma programação acadêmica muito boa, tivemos a oportunidade, dentre vários palestrantes, de nos deliciarmos com a fala descontraída e interativa do prof. Dr.Gaudêncio Frigotto da UERJ, que por duas horas conseguiu firmar a atenção de um público atento , silencioso e fiel ao que ouvia. Sua palestra, intitulada "Capitalismo dependente de desenvolvimento desigual combinado e os desafios da Educação e qualificação profissional inclusivas", a princípio, pela nomenclatura, pensei que seria desagradável. No entanto, a versatilidade do professor, seu conhecimento eclético, dosado de muito bom humor, extrapolou a todas expectativas, e fez com que todo aquele auditório, repleto de alunos e professores, permanecesse totalmente cheio. Uma das questões importantes que o Frigotto colocou foi sobre " o aparente paradoxo que se repete ciclicamente no Brasil, relacionado à constatação, pela burguesia brasileira, da falta de trabalhadores qualificados , especialmente, para trabalhos complexos." Tanto mais paradoxal, quanto diferente é o fato de constatarmos que enquanto faltam trabalhadores, inúmeros jovens padecem pela falta de emprego. O autor nos fazia refletir sobre a configuração de uma situação de eterna postergação de fundo público para desenvolver as bases materiais para a universalização de uma educação básica qualificada. Entremeada de histórias de vida, e que histórias, o discurso do palestrante, finalmente, nos alertava para " os riscos da cooptação pelo pragmatismo dos consensos sobre a harmonia social ou pelo reformismo social , que tem como conseqüência, ao mesmo tempo, o esmaecer do antagonismo de classes e a eliminação da luta política." Excelente, sobre todos os aspectos. Um chamamento para todos nós educadores. Não menos que Frigotto, o debatedor Prof. Dr. José Francisco de Melo Neto, do Centro de Educação da UFPB, também deu o seu recado, dando um corolário especial ao final daquela manhã, tão rica quanto profícua. Enfim, toda a programação foi bastante proveitosa, fechada com "chave de ouro" na confraternização entre os participantes, em momento gostoso ao som de músicas populares, no Clube Social, em Solânea. Foi gratificante! Dançamos bastante e a alegria foi a tônica daquela noite fria, mas contagiante, pelo calor afetivo que envolveu todos que ali estavam.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sejamos como o vinho...

Vivenciei, hoje, dois momentos. Primeiro, tive a oportunidade de assistir ao programa "Clube da Mulher", que homenageava uma compositora anônima, cuja peculiaridade era ser uma mulher de setenta e nove anos. Nesse programa, a compositora conseguira realizar um sonho acalentado há muitos e muitos anos. Ou seja, ter as suas composições interpretadas por cantores profissionais. O programa lhe proporcionou a realização desse sonho, conseguindo que ela participasse do musical "Eu sou o samba", com cenário de Carlinhos de Jesus. Almerinda foi preparada, participou de ensaios com um grupo musical, comandado pelos vocalistas Ivo Meireles e Bruno Ribas e teve a alegria de cantar com esses profissionais um samba de sua autoria, cujo refrão era "Ela é um desperdício de mulher". Auditório cheio, Almerinda toda produzida estava realizada e feliz. Os depoimentos de filhos e netos atestavam o orgulho por aquela mulher, cuja idade não foi impecilho para a realização dos seus sonhos.

Coincidentemente, o segundo momento também foi interessante. A leitura de um texto da escritora Lya Luft, intitulado "Setenta anos! E por que não?"
Segundo a autora, que afirma não ser chegada a badalações, pensou ainda em festejar os seus setenta anos bem vividos, mas depois se perguntava: por que festejar setenta, se já não é um fato tão difícil de acontecer? É melhor esperar os oitenta ou os noventa. Para ela, dizer que a certa idade vai-se "descendo a ladeira" é discurso de derrotistas que não combina com a sociedade atual e com a ascensão social da mulher. Acabou-se o tempo em que mulheres aos cinqüenta ou sessenta anos usavam vestidos longos (não porque estavam na moda), mas para se resguardarem, tendo em vista as suas idades.

Os dois fatos me levaram a algunhas reflexões, que compartilho com meus poucos e queridos leitores: A mulher, atualmente, mais madura e mais consciente de sua pujança, enquanto ser social, está muito à frente de determinados preconceitos e posicionamentos intolerantes daqueles que estão longe dessa realidade. A nosso ver, não é necessário camuflar a idade com práticas estéticas para que você possa "brilhar" ao passar dos anos. São outros atributos que devem permear o seu viver, o seu "estar no mundo". Os verdadeiros valores estão no seu modo de ser e conviver com as pessoas, ao respeito ao seu semelhante, à sua postura diante dos outros, na humildade dos seus gestos, ao envelhecer sorrindo, pois toda idade é bela quando se sabe vivenciá-la de acordo com seus limites e contextos específicos. O mais importante é sabermos que a alma não envelhece, não acumula rugas, nem definha com o tempo.

Portanto, façamos como Cecília Meireles que afirma em um de seus poemas:
"Eu aprendi com as primaveras a me deixar cortar e voltar sempre inteira."

Mesmo que o tempo, inexoravelmente, nos ceife das faces a beleza da juventude , saibamos que é do nosso interior que brotam os sonhos juvenis que nos alimentam e que contagiam os que vivem conosco e ao nosso redor. Sejamos como o vinho que ao envelhecer fica mais gostoso, mais palatável, mais saboroso, e não, como o vinagre, que quanto mais velho, mais azedo...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Em dia com as notícias

Muitas têm sido as homenagens ao centenário da morte de Machado de Assis. A Revista Língua Portuguesa ( nº 29, 2008, p.28-33), dedicou-lhe várias páginas em reportagem intitulada "O estilo do ano", escrita por Luiz Costa Pereira Júnior, que justifica ser Machado nosso maior escritor nativo de todos os tempos. Tempos, que segundo o autor, "são pouco mais de 500 anos, mas são nossos". Para ele, esse centenário "é bom pretexto para testar os recursos de escrita que o tornaram um dos textos mais elegantes da Língua Portuguesa". Uma agenda de eventos tais como, Ciclo de Conferências - ABL/ Rio de Janeiro; Homenageado da Edição - FLIP/Paraty; Exposição Temporária - Museu da Língua Portuguesa/São Paulo; Ciclo de Palestras - Casa Rui Barbosa/Rio de Janeiro, entre outros, foram organizados. Só para se ter uma idéia da difusão desse acontecimento, um site (www.literaturalivre.com.br) convida internauta a virar parceiro poético de Bentinho. A partir de um capítulo de Dom Casmurro, ( cap.LV - Um soneto), o candidato a parceiro do personagem, que topar o desafio, deve escrever um soneto que Bentinho não concluiu, criando seu poema, aproveitando o primeiro e o último versos por ele criados.
Outra iniciativa, em comemoração a essa data, são projetos editoriais a serem lançados este ano, os quais desafiam escritores atuais a refazer obras de Machado de Assis. Nomes de peso como Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar e Antônio Carlos Secchin integram essa maratona, com organização de Rinaldo de Fernandes. Novas versões para os contos do escritor são também propostos pela Record, com organização de Luiz Antônio Aguiar. A Editora Publifolha lança ainda uma coletânea em que nomes como Cristóvam Tezza recontam os romances machadianos em histórias curtas.
Já o Instituto Moreira Salles lança edição dupla de seus Cadernos de Literatura Brasileira sobre Machado. ( Revista Língua Portuguesa, Nº 34, agosto de 2008, p.11). Além de "fac-símiles" de poemas desse autor, a edição resgata uma raridade bibliográfica, a "Cronologia de Machado de Assis", a mais completa empreitada do gênero, publicada em 1958. Outra homenagem fantástica é o ensaio fotográfico de Edu Simões que flagra, no Rio de Janeiro atual , o ambiente dos tipos machadianos. Será lançada, também, volume iconográfico relacionado a Machado, no Rio de Janeiro, organizado por Vladimir Sachetta e Hélio de Seixas Guimarães.
No dizer de Luiz Costa Pereira Júnior, " a poluição de homenagens é até pouca". Para ele, "o homem faz sombra. Seu texto, um século depois de sua morte, vibra".
Sem dúvida alguma, os segredos retóricos de Machado atestam que o autor brasileiro é universal. Justíssimas, pois, todas as homenagens.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Encontro de Coordenadores em EaD

Não imaginava eu que as oportunidades batessem à minha porta, principalmente, em Educação a Distância. De repente, vejo-me em Brasília , no prédio da CAPES, participando e discutindo com colegas professores de vários estados do Brasil, Coordenadores de Cursos de Letras,
especificamente, sobre EaD. Naquele momento, constatava como as experiências que adquirimos ao longo dos anos são importantes e, mais que isso, como é salutar estarmos abertos a novos aprendizados. Foi justamente essa predisposição que tenho para aprender e também a coragem para enfrentar desafios que me oportunizaram a experiência de participar do Programa em EaD da Universidade Estadual da Paraíba. De início, timidamente, ajudando na elaboração de Projetos, em parceria com a UFRN e UPE, atendendo à chamada de edital do Pró-Licenciatura.
Logo a seguir, fazendo parte da equipe docente que elaboraria as disciplinas do Curso de Geografia, precisamente, Leitura e Elaboração de Textos, vinculada à minha área. E, ainda, colaborando com a revisão lingüística de todo material didático produzido pela UEPB para esse Curso. Nessa ocasião, a parceria com a UFRN foi muito profícua e nessa Universidade, éramos orientadas para esse novo ofício.
A UEPB, porém, expande o seu trabalho, cria a Secretaria de Educação a Distância, amplia a equipe de EaD e já não tem medo de caminhar com as próprias pernas. Eis que, fortalecida no desenvolvimento do trabalho, a UEPB participa do edital Universidade Aberta do Brasil - UAB e encaminha os projetos de Letras e Geografia. Aguardamos todos o resultado e justamente, no dia da inauguração da Secretaria de EaD, chega a benfazeja notícia da aprovação do Curso de Letras e, logo depois , do Curso de Geografia.
Passada a euforia do primeiro momento, esperamos os novos contatos, que são concretizados com a convocação para o I Encontro de Coordenadores dos Cursos de Letras a Distância, promovido pela UAB para o qual tenho meu nome indicado como Coordenadora. O sonho torna-se realidade. A realização do Curso de Letras é uma concretização que nos propicia bastante euforia.
Dessa forma, verificamos que o Sistema UAB, voltado para o desenvolvimento dessa modalidade de ensino, expande e interioriza a oferta de Cursos de Educação Superior no País, cumprindo com suas finalidades sócio-educacionais e a UEPB, como instituição pública, que prima pelo fortalecimento da socialização do conhecimento e enfrentamento da exclusão social celebram esse acordo para concretização destes propósitos.
Resta-nos dispor as nossas energias para um trabalho que promete muita "transpiração", mas também, novas formas de atualização na longa caminhada que haveremos de fazer.

sábado, 2 de agosto de 2008

Tributo a um pai amigo

Há dias em que o nosso coração bate mais forte, fica apertado e a saudade se faz companheira. Como disse um poeta "a saudade é a companheira de quem não tem companhia". E aí as cenas semióticas e enunciativas se fazem presentes e são tão fortes e tão significativas que chegam a "machucar"... Foi assim que me senti hoje. A lembrança do "Velhinho Barreto" me levou às lagrimas... Lágrimas que num misto de saudade e emoção não podem calar pelo muito que representou para mim, meus irmãos e netos aquela figura de homem simples e forte. Enérgico e convicto de seus propósitos. Honesto e íntegro nas suas ações. Correto e de caráter firme em suas atitudes. A ele, devemos as lições de hombridade e de cumprimento com os nossos deveres. Costumava dizer que "a palavra de um homem é como um tiro" e documental como " um fio de bigode". Jamais vou esquecer que enfatizava: "Dado é dado, emprestado é emprestado". Embora que no momento do pagamento da dívida, recebesse, agradecesse o cumprimento do compromisso assumido, mas logo em seguida, devolvesse a importância, doando-a com um sorriso largo. Foram muitos os ensinamentos que eu e meus irmãos recebemos dele. Temos muito do que nos orgulhar de sua conduta, dos seus valores. Porém, um dos atributos que mais nos chamava a atenção era a sua inteligência e versatilidade. Era um autodidata. Nunca frequentou uma escola. Alfabetizou-se "sozinho", uma vez que casado com uma professora, convivia com livros e materiais didáticos que lhe impulsionaram ao que chamamos, hoje, de letramento. Gostava muito de cantar "loas"e de contar "causos". Admirava a poesia popular, portando sempre seu "companheiro" de escuta: um radinho de pilhas, hábito que herdamos também, dele. Assim, não descuidava de ligar o rádio para ouvir os programas de repentistas, os noticiários políticos e outros tantos que lhe interessavam. Com o advento da televisão, conjugava, ao seu bel prazer, esses instrumentos de comunicação e discutia com versatilidade os assuntos dos quais ele gostava.Cultivava, também, o hábito de ler a bíblia, o que lhe ampliava ainda mais o processo de letramento. De uma memória privilegiada, narrava sobre "pelejas" entre poetas repentistas que ele admirava. Djalma, também de memória admirável, (puxou ao pai, como dizemos por aqui), me repassou esta "que papai dizia, recorrentemente, para nossa alegria," entre Pinto do Monteiro e Louro do Pajeú.

Contava papai que Lourival Batista(Louro do Pajeú) falando sobre plantas, usou o termo "carola" em vez de "corola". Pinto do Monteiro bateu forte:

" Um rapaz que teve escola
E ainda canta errado
Fala em flor e diz 'carola'
Muito tem se confessado
Parte de flor é 'corola'
Precisa tomar 'coidado'. "

O cochilo de linguagem de Pinto do Monteiro, ao falar "coidado" em vez de "cuidado", ensejou a Louro do Pajeú a oportunidade de dar o troco, vingando-se do colega. E fulminou:

"Pra não ter um só errado
Errei eu, erraste tu
Errou Pinto do Monteiro
E Louro do Pajeú
Nesta palavra 'coidado'
Tira o 'o' e bote o 'u'."

Estas e tantas outras faziam parte do seu repertório, o que nos fazia escutá-lo, admirando aquele homem que tinha tantas qualidades e que serviu de parâmetro para nós, seus filhos e netos, que cultuamos a sua memória e nos espelhamos nele sempre que preciso for.
Por tudo isto, pai amado, você mereceu o nosso carinho e dedicação, especialmente, de sua neta/filha Rossana e dos demais filhos, netos e bisnetos que pranteamos, hoje, a sua ausência.
Oh! querido paizinho! Quanta admiração! Quanta gratidão! Quanta saudade! Não dá para expressar tudo neste texto... As lágrimas não me deixam continuar...

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A festa da pesquisa

Semana passada estive em Cuité. Ao subir a famosa serra, veio-me à lembrança fatos que vivenciei naquela terrinha e as muitas viagens que fiz para participar das boas festas que ali se organizavam. Desta feita, a viagem não foi para as costumeiras festas de que eu participara no "velho Cuité Clube" ou as boas festas da Padroeira, no mês de setembro. O objetivo da viagem era a festa da pesquisa, da coleta de dados, por meio das histórias orais e da pesquisa documental. Graças ao doutorado de uma grande amiga, tive a oportunidade de, ao acompanhá-la, participar de momentos gratificantes, pois a memória me reportou para um passado que registro orgulhosa, de vivências minhas, dos queridos irmãos e primos, que àquela época, frequentavam o "Grupo Escolar Vidal de Negreiros". Escola que também abrigou as primeiras normalistas formadas no Instituto América, suas ex-alunas, como forma de fazer jus àquelas que honraram os ensinamentos daquele espaço de saber que lhes serviu de base. Minha irmã Albani,como tantas outras, foi uma das que colaborou com a formação de muitos cuiteenses.

Ao rencontrar-me com minha professora da quarta série, Mirtes Venâncio, e ao ouvi-la sendo entrevistada, expondo a sua metodologia e narrando fatos daquele tempo, apontando-me, inclusive, como uma das alunas exemplares, não tive como conter a emoção. Mas, o que mais me tocou foi o momento em que ao mostrar à querida professora o meu certificado de conclusão do primário, assinado por ela e preenchido com letras góticas (habilidade que até hoje pratica) ver as lágrimas cairem do seu rosto... Foi realmente uma cena, cujo palco tornou-se pequeno para a dimensão daquele recorte tão puro, tão doce, tão verdadeiro, que poucos terão a oportunidade de participar. Naquele instante, redesenhei a intertextualidade entre o real e o imaginário e cantei para mim mesma: "Que saudades da professorinha/ que me ensinou o bê-a-bá(...) Eu igual a toda meninada/ quantas travessuras eu fazia(...) Eu era feliz e não sabia..."

Outro momento esplendoroso foi a interlocução entre a pesquisadora e a professora Noêmia Viana. De uma lucidez fantástica, a mestra falava da história do "Vidal de Negreiros", criado em 1942, como se fosse hoje. Citava seus colegas de trabalho, entre eles, a minha mãe Julieta e seus ex-alunos. Explicava como eram suas aulas, lembrava dos casos que lhe marcaram, as emoções vividas e o brilhantismo daqueles alunos que com extrema inteligência serviam de "monitores" para os colegas que apresentavam dificuldades. As famosas chamadas orais, como uma das avaliações, também foram relembradas, pois era prática comum a prova escrita e a prova oral, como exemplo da metodologia utilizada àquela época. Porém, o que me deixou perplexa foi o arquivo e a biblioteaca da professora que guarda, organizadamente, livros, cadernos, modelos de provas, planejamento de atividades, álbum de fotografias e outros documentos que foram um "verdadeiro achado", para a pesquisadora.

Quanta emoção ao vê-la citando Hidalgo, Jansen e Toinho( Antônio de Pádua) como alunos nota dez! Quanta admiração por aquele poder mnemônico que o "jovem cérebro" da professora detém. Quanta surpresa ao ver determinados livros, a exemplo das antologias, com as quais nos deliciávamos com textos de valor literário extraordinário. Conforme seu relato, mandava buscar livros fora para que seus alunos pudessem usufruir um pouco mais dos saberes que os livros que a escola recomendava não proporcionava. Ao mesmo tempo, lembrava da rigidez que impunha aos seus métodos, sendo exigente, mas ao mesmo tempo, branda em suas admoestações, o que fazia com que seus alunos não guardassem mágoas das suas atitudes.

Contudo, Noêmia não é apenas a professora que guarda literalmente dados que envolve a sua profissão do magistério. Ela nos surpreende com os registros que escreve sobre as origens das famílias que oportunizaram o deslanchar do município de Cuité, hoje , cidade universitária, para orgulho de todos que amam aquele espaço serrano. É, portanto uma historiadora, um arquivo vivo que guarda consigo histórias que devem ser recontadas.

Outro registro que não pode deixar de ser feito é a atuação da professora Camélia Pessoa na história do Vidal de Negreiros. Em um outro encontro, Camélia também foi entrevistada e dava um panorama da educação em Cuité, mostrando toda sua competência ao dirigir aquele educandário por várias décadas. Contava fatos pitorescos dos seus alunos e como dedicou-se à causa da educação cuiteense.

Esses nomes e outros que também fazem a história da educação de Cuité devem ser gravados, não apenas em placas de bronze, mas principalmente, em nossos corações, como reconhecimento à semente do saber que essas educadoras plantaram e aos frutos que brotaram desse saber fazer acadêmico. Isto é justo e legítimo pelo que representam essas educadoras na história de Cuité.

domingo, 20 de julho de 2008

Pecados poéticos

Eu não quero provar que sei tudo
Também não devo dizer que nada sei
Eu quero ser um "anjo torto"
Sem medos, sem máscaras
Eu quero a vida liberta
Sem ritmos, sem dogmas
O que vale é ser feliz
Na simplicidade do dia a dia
Sem ter que prestar contas a ninguém
Dos pecados poéticos que vivi...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pedaços de mim

Ao abrir meu blog, hoje, verifiquei que há dias não tenho escrito. Muito trabalho e uma "bendita virose" me impediram de realizar uma das coisas de que mais gosto. Compartilhar com meus leitores, por meio dos meus textos, o que me sensibiliza, me emociona ou, simplesmente, o que me enleva ... Pois bem! Relendo um poema de Chico Buarque, meus pensamentos me levaram para bem longe... E não poderia ser diferente! Vejam:

"Oh! pedaço de mim / Oh! metade afastada de mim / Leva o teu olhar / Que a saudade é o pior tormento / É pior do que o esquecimento / É pior do que se entrevar (...)

Oh! pedaço de mim / Oh! metade arrancada de mim / Leva o vulto teu / Que a saudade é o revés de um parto /A saudade é arrumar o quarto / Do filho que já morreu (...)

O poema todo é um derramar de lágrimas por "todos os pedaços" arrancados de mim... Mas, a vida é uma eterna batalha. Se ficamos aqui é porque Deus nos deu a graça de sermos fortes o suficiente para continuar na caminhada. E nesse prosseguir, contentamo-nos com o que a vida nos oferece, com as oportunidades que nos são dadas e pela força de continuar batalhando por algo mais. Viver é um bem sem tamanho, e agradecer é necessário, pois a cada dia somos agraciados por um sol que brilha, por caminhos que se abrem à nossa passagem. Os entraves, os pedregulhos, as barreiras, os espinhos, enfim, tudo que embota a nossa alma, deixamos para trás. Olhar sempre para a frente e para o alto é a melhor receita para galgarmos a vitória. Demos graças a Deus por tudo. Agradeçamos a Ele o dom da vida, e tudo de bom que nos acontece, e o mais, Ele nos concederá. Esse é um exercício diário que tento pôr em prática. " Navegar é preciso."

terça-feira, 24 de junho de 2008

Escrever por prazer!

Escrever é para mim um dos prazeres que curto na vida. Alguém que escreve suas emoções, suas lembranças, seus devaneios presenteia-se a si mesmo. Assim, a cada texto que escrevo, o prazer se renova. Antes, tinha uma grande dificuldade em escrever na tela do computador. Era como se as idéias fugissem de mim... Hoje, o meu processo de letramento digital se expande e, a cada dia, progrido mais. Não lido mais com esse problema. Já escrevo com facilidade. Fica muito claro para mim, que é o uso efetivo da linguagem que faz desenvolver nosso potencial de escrevente, seja qual for o instrumento que utilizemos. Essa prática diária, costumeira é que nos habilita a sermos, cada vez mais, versáteis, constatando-se que escrever é uma atividade como outra qualquer. É preciso, apenas, que desenvolvamos ações concretas para utilizar esse ato. A escolha dos meios adequados para obtenção de nossos objetivos, a intencionalidade sobre o que vamos dizer, e fazer com que nossos interlocutores entendam os nossos propósitos é que é importante. A nossa manifestação verbal , seja qual for o veículo, exige tão somente, que interajamos com nosso destinatário, de forma que nos façamos entender em determinados contextos sociais.
Esse hábito de escrever freqüentemente, deixa-me feliz, realmente. Por isso, o socializo com meus leitores. Que ele seja virótico e que possa contagiar àqueles que acreditam no poder renovador e indispensável da interação verbal

domingo, 22 de junho de 2008

Guardados e achados

Um dia desses, que a gente tem vontade de rever os “guardados”, encontrei em meus “baús” a transcrição de três quadrinhas, que resolvi escrever para que algum dia, se por ventura a memória me falhasse, eu tê-las salvaguardadas. Elas são de autoria de um poeta cuiteense, Osvaldo Venâncio, avô do cantor Gabriel Venâncio. Qual o motivo desse cuidado? Porque trazem consigo histórias, que têm ligações afetivas comigo, inclusive, com o poeta, conterrâneo e parente. Duas delas, relacionadas a dois queridos irmãos, Rivando e Albani. Uma outra, por arte e graça de um amigo de infância e colega professor, Jório Souto. Ei-las, com suas respectivas historinhas.

“Quando a noite se debruça
Nos braços da madrugada
Louco, um boêmio soluça
À porta de sua amada.”

Estavam vários amigos em um bar (tinha que ser), bebericando, tomando umas e outras, como se diz por aqui. O bar tinha uma localização privilegiada, pois era no centro da cidade, em frente da praça, onde, nessa época, havia um belo coreto. Na esquina da rua da praça, era a casa da namorada do meu irmão Rivando. Foi nesse clima, que surgiu o pedido da quadrinha. E os versos surgiram, na euforia da cerveja, sob o olhar apaixonado do namorado e a versatilidade do poeta. Viram que beleza de quadrinha, para atender o pedido de um jovem apaixonado?
Uma outra quadrinha, entre muitas, que não registrei (é pena !), foram feitas na festa de casamento da minha irmã Albani, que casava com Edvalson, um nosso primo que morava em Belo Horizonte. Ao meio da alegria do evento, na companhia de familiares e amigos, o momento do violão e canto era alternado pela criação poética de Osvaldo. E naquela ocasião, comentava-se a competência do noivo, que mesmo à distância, conseguia “fisgar” uma das jovens mais bonitas daquela cidade serrana. De repente, literalmente, Osvaldo sai com essa, com os aplausos de todos:

“ Edvalson jardineiro
Com tuas mãos carinhosas
Leva esta rosa singela
Pra plantar nas Alterosas.”

Não é de se estranhar que o poeta, com sua criatividade e competência, alegrasse tanto aquele evento que representava muito para todos nós, pois em qualquer lugar que ele estivesse, sua verve de poeta enriquecia o ambiente e ampliava a festa. Inclusive, meu pai, João Barreto, como era conhecido, queria muito mais e solicitava que Osvaldo glosasse o mote: “E o destino reuniu Fonseca, Barreto e Lima”, o que foi de pronto atendido. Quem é de Cuité sabe o porquê desse mote.
A terceira quadrinha, também, numa mesa de bar, Osvaldo, como sempre, entre um gole e outro, brindava a todos com seus versos. Em certa hora, Jório o desafia dizendo: “Osvaldo, eu sei que tu és um bom poeta. Mas, eu quero que me proves agora essa tua fama. Quero que faças uns versos, rimando filosofia com tijolo.” Todos caíram na risada. E o poeta, sempre com aquele sorriso franco, versificou:

“É muita hipocrisia
De um professor sem miolo
Quem já viu filosofia
Fazer rima com tijolo?”

A risada foi maior e os aplausos também.
Como vimos, nunca faltavam boas razões para o poeta expandir o seu processo de criação. E assim, a realidade do cotidiano se metamorfoseava, em favor do que Ricoeur chama de “variações imaginativas.”
Campina Grande, 08 de junho de 2008

quarta-feira, 18 de junho de 2008

GT - Novas tecnologias na prática pedagógica

Campina Grande como sempre tem sido palco de grandes eventos educacionais, turísticos, culturais, artísticos e, nos últimos anos, o mês de junho tem propiciado a efetivação desses eventos, conjugando lazer com a valorização da cultura local e a produção de conhecimento científico. Foi nesse cenário que aconteceu o I Colóquio Brasileiro Educação na Sociedade Contemporânea - COBESC, promovido pela Unidade Acadêmica de Educação da UFCG, em parceria com a Pós-Graduação em Educação da UFRN.
Participei desse evento em um GT que tematizava sobre "Novas tecnologias na prática pedagógica", coordenado pelas professoras Rossana Arcoverde (UFCG) e Ana Beatriz (UEPB). Foi interessante percebermos, por meio dos trabalhos apresentados, (alguns deles de professores e alunos da UEPB), a importância dessa temática e as transformações na prática pedagógica dos professores que se utililizam desses recursos. As explanações feitas, com muita propriedade pelos apresentadores, demonstraram o interesse daqueles participantes em elucidar os questionamentos feitos e socializarem os resultados obtidos.
Em todos os trabalhos apresentados ficou clara a necessidade da formação docente nessa área, tendo em vista a importância e as oportunidades que são proporcionadas ao contexto educacional, levando-se em consideração que caminhamos para a efetivação de uma sociedade digital. O uso dessas tecnologias, além de diversificar e inovar a atuação dos educadores, "fortalece as interações sociais e a autonomia do aluno", como afirmou a Profa. Rossana em uma de suas verbalizações. Constatamos, também, por meio dos resultados de algumas pesquisas, que ainda é tímida a participação e o uso dessas tecnologias em sala de aula. É muito nítido para nós que a "tecnofobia", apontada como uma das causas de uma prática não efetiva desses recursos, seja o fator principal para o "mantenha distância", como se essas tecnologias representassem um perigo ao professor. É necessário que enfatizemos, mais uma vez, que a formação do professor em tecnologias digitais é fator preponderante como potencializador para uma prática de "letramento digital", não apenas dele, mas também de seus alunos, como política de inclusão digital. Sabemos que os alunos , mesmo que não tenham computadores em casa, são usuários dessa ferramenta, constatado pela observância do fenômeno "Lan House". Não se admite, pois, que o professor esteja excluído desse recurso de expansão das relações interpessoais, que oportuniza a interação entre seus pares, e principalmente, com seus alunos.
É preciso, portanto, que fortaleçamos esses usos, formando comunidades virtuais, que façam da Internet, não apenas o suporte físico que nos interconecta, mas que permita uma nova organização social inscrita na vida digital.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Educação a Distância

Hoje, fiz contatos com meus alunos de EaD, da disciplina Leitura e Elaboração de Textos. Ao interagir com eles no fórum de discussão, fiquei mais uma vez entusiasmada com as perspectivas que o ensino a distância proporciona a esses alunos. Verifiquei também que muitos deles ainda são limitados no uso da informática. No entanto, é necessário que se registre a oportunidade de inclusão social que essa modalidade de ensino proporciona a esses alunos, pois apesar das dificuldades, estão resgatando sua auto-estima, tanto por estarem fazendo um curso de nível superior, quanto pelo letramento digital que experimentam por força das circunstâncias. Alguns deles, em depoimentos escritos na avaliação presencial, afirmam do prazer de ter voltado a estudar e poder realizar um sonho acalentado há tanto tempo. Outros, por circunstâncias de localização geográfica, trabalho ou outros motivos, dizem da alegria de serem universitários e de vislumbrarem um futuro promissor.
A disciplina que acompanho, como elaboradora do material didático e professora formadora, é específica da área de Lingüística Aplicada, e por isso, exige que o aluno leia e escreva bastante, o que faz com que muitos deles demonstrem algumas limitações próprias de um ensino de língua inadequado, marcado por uma prática ineficiente, mostrando que a escola enquanto principal agência de letramento não cumpriu bem sua função. São estes alunos, mais do que outros, que precisam de nossa atenção, que fazem com que estabeleçamos interlocuções mais freqüentes e que os incentivemos a escrever, tendo em vista que será esse fazer contínuo que os farão crescer e apropriarem-se dos letramentos necessários para que, ao fazerem mais, tornem-se mais. Esperamos que essa prática de leitura e escrita oportunizada pelo material didático organizado por mim e minha parceira de trabalho, Rossana Arcoverde, que sugere uma proposta de mostrar caminhos de como utilizar a linguagem, de forma prática e usual, por intermédio dos gêneros textuais, possa ser o suporte para realização de novas significações, relações e conhecimento. Só assim, tranformaremos esses alunos em atores sociais, que ao fazerem uso da linguagem como objeto social e ideológico, jamais sejam os mesmos.
Os gêneros propostos, a partir de bilhetes, cartas, notícias, poemas, depoimentos, resumos, resenhas, memorial farão com que esses universitários sejam protagonistas de suas histórias, criando seus enunciados, expressando suas emoções, narrando fatos e acontecimentos sócio-históricos que emergem dos registros de suas vivências e da cosmovisão que terão do mundo. Seus conhecimentos prévios, somados aos conhecimentos adquiridos, os oportunizarão a produzir novos saberes, compartilhando significados e dando sentido aos seus enunciados. É o que desejamos a essa demanda que procurou, mesmo a distância, novas formas de letramento.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Resposta a um recadinho

Hoje, li um recadinho de meu primeiro neto, Edjarde. Suas palavras de carinho e adjetivadas pela força da linguagem afetiva, me deixaram feliz, muito feliz mesmo. A herança que posso deixar para meus descendentes é esse exemplo de luta aguerrida para conquistar os objetivos que traço na vida. Nem todos conquistados, mas sempre buscados dentro dos limites de minhas circunstâncias. Quando normalista, "vestida de azul e branco, trazendo um sorriso franco", literalmente, lembro-me de uma frase que um dos meus professores citava de um certo filósofo: " A vida só é digna de ser vivida, quando se tem um ideal a colimar!". Nunca a esqueci. É isso mesmo! Por isto, continuo buscando realizações em tudo que faço e traçando objetivos sempre. "Navegar é preciso..." E como já estou mais pra lá do que pra cá, acho que só devo fazer, hoje, aquilo que me dá prazer. Este é um deles. Escrever o que sinto, revelar minhas emoções, registrar "retalhos de vida...". Pois,bem! Tenho certeza de que, muitos dos escritos aqui não interessam a determindos leitores, que também sei serem poucos, mas muito queridos leitores, que me lisonjeiam ao ler meus textos. Mas, ao pôr em prática esta atividade, é como se voltasse ao tempo em que adolescente, cultivava o prazer de escrever em um diário tudo que àquela época, achávamos importante. Alguém poderá dizer: " Quanto tempo, hein?". Não importa o tempo cronológico, quando temos espelhadas em nossa mente lembranças boas e agradáveis que nos fazem reviver tempos de outrora. Saudosismo, não! Reconhecimento de um tempo em que vivíamos a simplicidade das coisas, "curtíamos " a orquestra a tocar no coreto, dançávamos boleros de rostinho colado, ficávamos rubras com um simples aperto de mão... Isso não desvaloriza tudo de bom que acontece na contemporaneidade... "Cada coisa no seu tempo". Meus netos que o digam! Mas essas lembranças são daquelas que o tempo não apaga e que nos causa prazer recordar... Fui longe... Não importa. Este texto poderá até ter fugido aos padrões da textualidade, porém foi espontâneo e seu objetivo maior foi registrar que me orgulho de ser paradigma para filhos e netos que acreditam em mim e são o incentivo maior nessa caminhada, que espero, ainda possa ter muitos quilômetros a percorrer. Valeu, neto querido! Você também me orgulha muito, muito mesmo.

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe

Palavra doce. Sabor de mel. Felizes os que desfrutam desse nectar dos deuses. Há 25 anos, exatamente, provei o amargor da perda desse ser que até os poetas dizem não haver rima. Era uma mãe especial e Deus escolheu exatamente o dia das mães naquele ano, para levá-la para perto Dele. E sabe por quê? Porque, como registrou magistralmente Djalma, seu adorado filho caçula:

"Sempre acreditei que Deus escolheu um grande dia, ao levá-la para junto de Si naquele 8 de maio de 1983, justamente no Dia das Mães.
Dois eventos históricos, ocorridos no dia oito de maio corroboram com este fato:
1753 – Nascimento de Miguel Hidalgo y Costilla, independentista mexicano, considerado o pai da pátria mexicana.
1945 - Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa; o exército alemão rende-se; por isto também é chamado de Dia da Vitória.
O primeiro pareceu-me justificar a razão pela qual escolheu o nome para seu filho Antônio Hidalgo, que poderia ter sido também Miguel, tal a sua grandeza.
O segundo, por sua transcendência, representou a paz para as nações do mundo inteiro. A paz tão bem incorporada por mamãe na sua índole pacífica e acentuada nobreza, não obstante seu inflexível caráter."

Ah! Mãe amada! Quanta falta fazes! Recordar-te é trazer-te para perto de nós. Por isto, estás sempre perto... Cotidianamente, estou citando-a. Seja nos exemplos dos adágios populares, sempre bem contextualizados para cada caso particular, seja nos enunciados ricos, que tua riqueza cultural, paradoxalmente, contrastava com tua humildade e simplicidade de vida...
Certa vez, escrevi que o sinal de teu rosto não era um sinal físico. Era um signo maior que podia ser lido além da dor. Foste tu mãe, mestra do amor e da vida, que nos ensinaste as mais belas lições! Lições de caráter, de honestidade, de amor ao próximo, de ternura, de carinho, de respeito ao outro, mas acima de tudo, do olhar diferenciado para os humildes e necessitados. Os aquinhoados por riquezas materiais, dizias tu, a vida já os premiou... É verdade, mãe querida. Amar a quem é "certinho demais", a quem não tem defeitos é muito fácil. Prestar favores àqueles que poderiam até passar sem eles não é difícil. O esforço é maior quando servimos aos que têm carência de tudo. Tantas foram as lições, que impossível seria listá-las aqui. Mas, impossível também, seria esquecer o teu dinamismo e garra como educadora, em uma época de poucos recursos didáticos, em uma pequena cidade do interior da Paraíba. Teus feitos "heróicos" chamavam a atenção, até da mais alta autoridade da Paraíba, quando registrou esse teu "saber fazer" em documento enviado a ti, parabenizando-te pelo trabalho excelente que desenvolvias naquela época, no município de Mamanguape. Nova Floresta e Cuité também te foram agradecidos, homenageando-te com duas escolas que ostentam teu nome, fazendo jus a toda uma vida de dedicação à educação e à cultura daqueles municípios.
É mãe! Quanta saudade! Quantas mudanças! Éramos seis! Hoje, somos, apenas, três... Quantas lembranças... Três filhos que pranteiam a tua partida. Que sentem forte no peito o pulsar de um coração que anseia pelos teus beijos, que se ressente da falta daquele abraço gostoso, do teu sorriso franco, entremeado pelas lágrimas que, não sei definir, conseguiam num misto de ternura e afeto, confundir-se com o riso. Choravas e rias ao mesmo tempo. Era uma marca registrada que representava autenticamente a grandeza das tuas emoções.
É mãe! O tempo passou. Porém, o nosso amor não arrefeceu. Continua forte e maior, porque maior que tudo isso foi o teu exemplo. De mulher corajosa, inteligente e criativa, na limitação do seu tempo. É isso aí, Julieta. Tu apenas mudaste de espaço. Continuas muito viva em nossos corações. E não tenho dúvidas, de incluir o "nós", pois tenho certeza, de que todos que conviveram contigo, principalmente, filhos e netos, guardam os mesmos sentimentos externados aqui. Serás sempre a querida mamãe, a sempre vó e a amada Etinha (dos irmãos e sobrinhos).

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Diálogo e relação com os saberes

Tarde de sábado. No Restaurante “Aconchego”, literalmente, em Sousa, brindávamos o término de uma disciplina, em Curso de Especialização. Não bastasse o calor do clima da cidade, aquecia-nos muito mais o calor humano daqueles alunos. Os depoimentos sobre a metodologia pertinente e as estratégias variadas eram ressaltados. Falavam entusiasmados sobre a produção dos artigos, que, de início, causou um certo frisson, mas que para eles, foi uma grande oportunidade de praticarem o processo da autoria. Expressavam contentes a experiência de vivenciarem a defesa de seus posicionamentos, em relação aos temas escolhidos, e ainda, o valor das trocas enunciativas ocasionadas pelo ecletismo temático em cada artigo apresentado.
Tudo isto me trouxe à mente a contribuição fantástica do trabalho publicado por Règine Delamotte-Legrand (2002), que explana tão bem sobre a profissão de professor e a relação com os saberes. No dizer dessa autora, o saber erudito, cientificamente legitimado, deve estar em sintonia com o “saber-fazer” e o “saber-ser”, fundamentos indispensáveis e constitutivos na dimensão da prática pedagógica. A autora vai mais além, ao definir a transposição didática e as condições de transformação das relações que o aprendiz mantém com os saberes. Nessa perspectiva, “a ênfase recai, então, sobre a dimensão social dos saberes, sobre a coexistência, dentro da instituição escolar, de culturas diferentes, de curiosidades e expectativas diversas e seus efeitos linguageiros nas interações em sala de aula” (Op. cit., p. 130). Seguindo a ótica da linguagem como trabalho, a pesquisadora apresenta conceitos e reflexões que suscitam essa área, mostrando que os “saberes científicos” não são os únicos saberes de referência para os “saberes ensinados”. Ratifica que existem “saberes especializados” de todas as naturezas e “saberes sociais” ligados às práticas sociais. É o conjunto dessas práticas que pode ser fonte de legitimação dos conteúdos a ensinar, cujo ponto de partida é mais procedural do que declarativo, ou seja, que os discursos científicos, especializados ou técnicos sejam reformulados em discursos didáticos.
Chegamos à conclusão de que esses direcionamentos são eficazes e de que vale a pena pô-los em prática.

Fonte: DELAMOTTE-LEGRAND, R. A profissão professor: relações com os saberes, diálogo e colocação em palavras. In: SOUZA-e-SILVA, M.C.P e FAïTA, D. (Orgs.). Linguagem e Trabalho. Construção de objetos de análise no Brasil e na França. Tradução de Inês Polegatto Décio Rocha. São Paulo: Cortez, 2002.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Meu pequeno jardim...



Meu jardim é pequeno, mas torna-se grandioso pelo que ele representa para mim. Suas flores são presentes, doando-se em profusão de graça e cor. O buganvile, constantemente florido, assemelha-se a um sorriso em festa! Seus galhos frondosos e floridos parecem querer abraçar-me, pela forma graciosa como se apresentam. Já o minúsculo beijo, pequeno em sua constituição, é um mimo, pela beleza e simplicidade que lhe é peculiar. Delicado e sensível, precisa de uma atenção especial. À ausência de cuidados, ele reclama de imediato, como a pedir socorro: Salvem-me! Minhas pequenas violetas, em seu colorido vivo, representam a liguagem viva do bem querer.

Minhas palmeiras, se não ostentam tanta beleza, pela ausência das flores, em compensação, alhardeiam, por meio das folhas, a sua exuberância na coreografia sutil de seus movimentos.
É muito bom manter um diálogo diário com esses “companheiros” que fazem parte do meu cotidiano.

Campina Grande, 13.04.2008

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Agradecimento a Rossana!

Homenagem não se pede. Talvez por isso, as homenagens são, em sua grande maioria, após a morte. Mas, que bom que alguém seja homenageado em vida. Tem razão o poeta quando afirmou em música popular: “Se alguém quiser fazer por mim que faça agora”.
Foi assim que me senti ao saber da criação de um “blog” feito com toda dedicação para mim. Homenageada! Um “blog” para que eu pudesse registrar as minhas sensações de alegria, de tristeza, de angústia, de vitórias e tudo, enfim, que mexe com as minhas emoções. Para também, como o faço neste momento, poder agradecer, do mais recôndito de minha alma, a Deus, por tudo de bom que ele tem me proporcionado.
São estas atitudes vindas, especialmente, de pessoas que são ligadas a mim afetivamente, que me deixam impregnadas das sensações mais fortes, que marcam no íntimo do meu ser o sentimento mais profundo, amolecem o meu coração e me fazem envaidecida dos filhos que coloquei no mundo. Valeu a pena as noites mal dormidas, as preocupações cotidianas e rotineiras do dever de “ser mãe”. Se me perguntassem se vale a pena viver, eu diria como Gonzaguinha: “Faria tudo outra vez, se possível fosse...”.
É bem verdade, que nem tudo na vida é “um mar de rosas”. Mas, se fizermos do limão uma limonada, as coisas tomam novo rumo. Em nossa caminhada, a experiência me fez ter uma cosmovisão do mundo, a ponto de poder afirmar com certeza: a vida é uma colcha de retalhos, onde se vai costurando, amarrando, pregando, com os fios que brotam de nosso coração, cada “pedacinho de pano” que sobrou das nossas façanhas e proezas da arte de viver. Muitas das vezes, há retalhos que parecem fotografias nítidas de cada cena que foi representada no palco da vida. Muitos deles “manchados” por tintas tão fortes, que ofuscam os nossos olhos e embotam o nosso coração. Outros vêm de mansinho, com suas cores suaves, nos aconchegando e enchendo os nossos olhos de alegria.
Esse “blog”, Rossana, elaborado com tanto carinho, é mais um retalho que acrescento à minha grande colcha... Retalho carinhoso e sugestivo que me faz sentir viva e motivada para continuar vivendo.
Obrigada, filha querida. Você, sim, é divina... Instrumento de Deus na minha vida.

Campina Grande, 06.04.2008. (20h45min)

Às Marias!

Trazer à tona os laços que me ligam à Universidade Estadual da Paraíba e à minha ascensão como mulher me fazem viajar no espaço da imaginação, evocando lembranças que espelham a minha inserção no mundo acadêmico. Em ordem crescente situo essa trajetória: aluna, monitora, professora substituta e professora efetiva por meio de concurso público, galgando um primeiro lugar. Não foi fácil esse percurso. Os contratos sociais, estabelecidos pelo discurso do poder, do líder, do homem, dificultavam a ascendência da mulher nos contextos social, político e outros. Contudo, o meu eu lírico gritava dentro de mim: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”. Assim, ultrapassei entraves. Rompi tabus. Confiei no amanhã.
Graças a tantos outros com os quais me somo, na medida em que me divido, e à minha persistência, redesenhei caminhos, trilhei veredas e escrevi a minha história, cujo registro o tempo jamais há de apagar. Com familiares e amigos me fortaleci como mulher. Na UEPB, me firmei como docente. Exerci cargos administrativos, tais como: Coordenadora de Curso, Chefe de Departamento, Pró-reitora adjunta, membro dos conselhos superiores (CONSEPE e CONSUNI), revisora lingüística da Editora Universitária, membro de comissões de concursos e outros.
Sinto-me lisonjeada ao ser convidada para dar esse depoimento e muito à vontade para dizer que, se da UEPB muito recebo, também contribuo para o crescimento desta instituição, produzindo cientificamente e desenvolvendo as funções que me atribuem, com responsabilidade e compromisso.
Orgulho-me de fazer parte desse todo que se tornou gigante por ser uma universidade que pensa dialogicamente em busca de ações coletivas e porque plurais tendem ao acerto. Uma instituição que tem à frente uma grande mulher como Reitora e que acredita num porvir de realizações.
No dia internacional da mulher, tenho a certeza de que, a exemplo de muitas Marias, “nasci ninguém, deram-me um nome, uma inquietação e uma sede de justiça que viajam comigo...”. A exemplo de muitas Marias, carrego dentro de mim a fé, a garra, a coragem e a força de ser mulher.

Campina Grande, 07.03.2007

“Domingo nas asas da saudade”

Por força das circunstâncias, não viajei neste carnaval. Liguei a Rádio Ariús para deleitar-me com sua seleção musical e programas. Um deles me enterneceu, acariciou a minha alma e enlevou o meu coração. A voz doce de Zilda Rasia, que no dizer de Massilon Gonzaga é a “paixão da cidade”, apresentou programa especial rememorando carnavais de outrora. Iniciando a sua página musical com “Bandeira Banca” de Dalva de Oliveira “a voz que toca ao seu coração” me fez viajar no espaço da imaginação, em busca de registros de carnavais dançados e vividos. Outras músicas alternadamente às de carnaval, também evocaram lembranças que tocaram deveras o meu coração...
Que bom existirem pessoas sensíveis como Zilda Rasia que assume o saudosismo e enriquece a sua vida levando aos outros um bálsamo de luz, leveza, amor e saudade... Em épocas que o tema central é violência, alguém com a competência e sensibilidade de Zilda traz a alegria de viver e a certeza de que felizes são aqueles que têm histórias para contar.
Viver é isto. Saber que construímos, que tivemos alegrias, emoções, tristezas, mas estamos de pé, confiantes, sabendo que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Saber também que viver é ter saudades, cujo termo somente a língua portuguesa usa de modo especial e de forma tão expressiva. Outros idiomas têm palavras semelhantes, porém sem o alcance e a freqüência do vocábulo português.
A palavra saudade é uma fonte de oportunidades para a expressividade lingüística de quem a usa e por isso exaustivamente explorada pelos poetas.
Zilda ao apresentar seu programa “domingo nas asas da saudade” joga sabiamente com a versatilidade do termo. Fazendo com que figuradamente concordemos com os versos: “A saudade é dor pungente/ a saudade mata a gente...”
Obrigada, Rádio Ariús, por nos oportunizar momentos tão agradáveis.

Campina Grande, 18.02.07

Mensagem - Fundação Artístico Cultural Manuel Bandeira

Chegamos ao término de mais um ano. Dificuldades vencidas, barreiras ultrapassadas, trabalhos divididos, projetos concluídos, alegrias somadas, esperança sempre... Para quem acredita em si mesmo, acredita em seus pares e crê na divindade, nada é impossível...
Foi muito bom contar com o esforço pessoal de cada um para lograrmos todos juntos as nossas vitórias. Podem parecer pequenas, mas conseguimos agigantar-nos na conquista de nos mantermos firmes ligados na corrente que parecendo frágil, tornou-se forte, pois seus elos ampliaram a soma das realizações, a cada ação implementada.
Somos gratos a todos... Se Jesus em uma manjedoura encontrou a porta de entrada para convidar os corações e cantar as glórias do Pai, ensinando o inconfundível poema do amor que liberta e felicita, agradecemos a Ele, por este momento e O louvamos por um Natal que se prenuncia e um Ano Novo que se vislumbra! Desejamos a todos graças, muitas graças e que possamos sempre juntos entoar o canto da paz!
Feliz Natal para todos dos que fazem a FACMA.

Dezembro/2007

Descompromisso Crítico e Minimalismo Multicultural

Ao reler “Descompromisso crítico e minimalismo multicultural - exercícios em torno dos discursos”, da Professora Elizabeth Marinheiro, relembro a cena do lançamento desse livro, em Campina Grande-PB. Em monólogo interior, perguntei-me: o que acrescentar ao já dito pelo Professor José Mário, em magnífica apresentação? No entanto, vêm-me à mente os conceitos de Bakhtin e revejo com nitidez a existência da “multivocalidade” como marca característica dos discursos e redesenho o meu pensar. Reflito que os enunciados de cada discurso têm um percurso que faz com que carreguem a memória de outros discursos.
Releio, também, o autógrafo de Elizabeth, afirmando que “alguma palavra vinda (...) sobre este livro o deixará mais fortalecido.” Sinto-me encorajada! Os discursos da autora não me deixam calar. Calar verdades é ser cúmplice de injustiças. Calar verdades é, no mínimo, ser cúmplice de omissão... Não quero ser injusta. Não pretendo ser omissa.
É preciso, pois, registrar que o “outro” nos “exercícios em torno dos discursos” é constitutivo do sujeito e da linguagem. No dizer de Beth Brait, a autora “recupera o caminho bakhtiniano para a constituição de uma concepção de linguagem em que o dialogismo e a polifonia são alicerces necessariamente calcados” (...), resultando numa heterogeneidade discursiva.
Elizabeth parece eximir-se de ser a fonte do discurso e explicita a presença do “outro”, por meio do processo da “denegação”, instaurando a alteridade e delimitando o seu lugar para cirscunscrever o próprio território. E nesse “savoir-faire”, ao dividir seu espaço de interlocução, o sentido se subjetiva e o discurso multifacetado se revela.
Entretanto, nesse amálgama de enunciados e nesse jogo de produção de sentidos, meu olhar se volve para um texto em particular: “Última página?...”. Tomo as palavras da própria autora para falar desse texto: “O olhar se estende ao espaço epistolográfico para dizer o coração. Os estados do coração criam aquela voz que não se desvincula da vida. A inteligência sai da pena com forma de sangue, de lágrimas. De amor, saudade, comunhão.” (Das epístolas, p. 106). Este enunciado, por si só, ressignifica qualquer leitura do texto “Última página?...”.
É como se a autora voltasse ao palco da enunciação para encenar apoteoticamente as suas dores, as suas saudades, o seu viver... Porém, ao falar a linguagem do amor, na dimensão maior da plurissignificação, se instaura, paradoxalmente, uma presença/ausência, uma vez que a coexistência de si mesma e da outridade resulta numa enriquecedora confluência de discursos.

Campina Grande, 07.08.2007

Os ipês de Campina!

Há alguns anos ganhei um livro de crônicas de Francisco Pereira Nóbrega – “A palavra na construção do homem”. São belíssimas crônicas escolhidas e publicadas para nosso deleite. Em uma delas o autor aconselha “para que uma flor não murche antes que alguém a diga bela”. No dizer desse autor, esse não é apenas o discurso do romântico. O da ciência é muito mais romântico. Há 450 milhões de anos, peixes se fizeram anfíbios. Não conseguiam viver na terra que tinha uma vegetação sem folhas, flores ou frutos. O primeiro vegetal era apenas uma grama. Era o arrepio verde da terra adolescente quase fecunda para gerar a vida. Milhões de anos depois, as plantas inventaram flores e foi primavera na terra. E o coração do anfíbio dividido, entre terra e água, decidiu ficar na terra. Tornou-se réptil, abraçando o solo num gesto de amor. Há 350 milhões de anos, portanto, existe a flor e ela ainda não se tornou banal, pois em nenhum outro recanto do universo, a natureza floriu.
Neste sentido, nós campinenses somos agraciados por tamanha dádiva! Campina está mais bonita! As frondosas árvores que ornamentam as avenidas e praças da cidade prenunciam o advento, o Canto do Natal. Os ipês carregados de flores ensejam uma leitura semiótica, vez que são ícones belos e majestosos em simbiose perfeita da natureza com o Criador. São também índices que nos levam a repensar sobre nossas ações, para que viemos ao mundo e por que vivemos em sociedade.
O cromatismo das flores parece debruçar-se sobre a cidade num amplexo de Paz e Luz sobre todos, nesta época que se aproxima um ano novo. Os ipês são, ainda, sons em cores como a entoar canções de amor. Uma sinfonia perfeita que deve ecoar em cada coração. Uma linguagem cuja mensagem nos ensina para que vivamos o deslumbramento de cada amanhecer. Um signo maior que nos orienta para desfrutar o que é belo, o que nos faz bem aos olhos e ao coração, o que encanta e pacifica o nosso espírito.
E tudo isso, gratuitamente! Sem taxas, nem cobranças de direitos autorais.


Campina Grande, 2006

O caos continua...

Há algum tempo, para ser mais precisa, em 2001, apresentamos na XI Semana de Letras da Universidade Estadual da Paraíba um trabalho intitulado “Parece Cômico, se não fosse Trágico”. Naquela ocasião, discutia com meus pares, entre perplexidade e preocupação, as “criações” absurdas de alguns vestibulandos. Entre outras questões, refletíamos sobre a necessidade de se trabalhar a linguagem como uma construção social, resultado da interação humana que se atualiza na enunciação dialógica. Questionávamos, sobretudo, casos de inadequações discursivas, muitas vezes, tão visíveis no manejo usual da linguagem, mas lamentavelmente, tão imperceptíveis aos olhares de nossos alunos. Em recortes feitos de determinadas produções textuais sobre o tema “Desemprego”, colhíamos os seguintes fragmentos: “É preciso que o emprego seja uma fonte insecável...; “O mundo atual está vivendo um problema muito sério, ou seja, o trabalho...”; “Para o homem não se destruir é preciso está mais capacitado na sua área de trabalho, do contrário, o planeta fica desempregado...’, e, entre outros, são muitas as “pérolas” que faziam parte da nossa coleta de dados. Verificávamos, então, que esses e tantos outros enunciados analisados, além de incoerentes, tornavam-se hilariantes.
Para meu desencanto, seis anos são decorridos e a cena se repete. Desta feita, a internet divulga “As últimas do ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio”. Revejo apreensiva que O CAOS CONTINUA... Afirmações estapafúrdias, tais como: “As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas...”. Conceitos equivocados, seguidos de argumentos inconsistentes, são outro exemplo que citaríamos: “A terra é um dos planetas mais conhecidos e habitados no mundo. Os outros menos demográficos são Mercúrio(...) e outros que esqueci e está na hora de entregar a provas. Mas tomara que não baixe a nota por causa disso porque esquecer a memória em casa todo mundo esquece um dia, não esquece?”. Circularidades fúteis, como “Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam...” e tantos outros enunciados que o espaço exíguo deste texto não comportaria.
Embora constatemos não haver problemas tão sérios com o domínio do código, verificamos que esses enunciados são frutos de sujeitos que passaram por uma escola que não lhes deu oportunidades para que eles participassem do “jogo” da escrita, assumindo a função de sujeitos-autores, do querer dizer e do saber dizer...
Fala-se tanto do perigo do uso da linguagem no computador, o “internetês”, mas em nenhuma das construções colhidas, verificamos a influência dos gêneros digitais na forma de escrever. Em contrapartida, em recente reportagem da Veja (16 /05/2007), a autora Sílvia Rogar afirma que nunca se escreveu tanto e que a escola é que precisa acompanhar essa tendência. Os próprios entrevistados depõem sobre o cuidado que têm quando da necessidade de usar a língua padrão. O perigo, pois, não reside aí... (Aliás, “pano pras mangas” para uma outra discussão, um outro texto).
Urge, portanto, acabar de vez com o silenciamento das relações intersubjetivas em sala de aula. Que se promovam ações concretas para a efetivação de uma cultura escrita proficiente. Que o PDE (Plano de Desenvolvimento para a Educação) seja uma realidade e que possa inverter esse cenário, cujos atores aproximam-se da comédia e da tragédia.


Campina Grande, 2006.

Ser professor!

É impressionante, na chamada era da informação, encontrarmos pessoas fechadas nos muros da incompreensão, da desesperança, da indiferença, do mutismo, ceticismo, niilismo e outros “ismos” tantos que seriam intermináveis.
Nesse contexto, buscando a verdadeira interlocução, tentando quebrar algemas aqui, afastar empecilhos ali ou derrubar barreiras alhures, encontramo-nos como professora. “Navegar é preciso...” Abraçando a carreira com responsabilidade e compromisso, enfrentamos alegrias, frustrações, e as angústias do cotidiano. Muitas vezes, é preciso acordar consciências, sacudir jovens velhos de suas inércias e, por que não dizer, de suas omissões. Chegamos, em alguns momentos, a ser até redundantes nas orientações dadas para incentivarmos nossos alunos à participação e ao diálogo.
Entretanto, a profissão, apesar de tão desvalorizada, nos proporciona momentos gratificantes, o que, sem dúvida alguma, ajuda-nos na travessia. São o sucesso dos ex-alunos, os gestos daqueles que nos cumprimentam efusivamente, nos abraçam com afeto, nos enviam mensagens e dão depoimentos a nosso respeito, afirmando que os diálogos mantidos serviram de reflexões em suas vidas.
Diante de tudo isto, refletindo sobre o nosso papel de educadora, afirmamos: SER PROFESSOR é...

“(...) Ser humilde para aceitar.
(...) Ser seguro para entender.
Renunciar um pouco de si a cada dia.
Não só ensinar, mas também
aprender.”

Campina Grande, 15 de outubro de 2005.

Discurso proferido: Inauguração do Fórum de Cuité - Ondina Lima

Exmo Sr. Prefeito Municipal Dr. Antonio Medeiros
Exmo Sr. Desembargador Antonio de Pádua de Lima Montenegro
Exmo. Sr. Juiz de Direito da Comarca de Cuité.
Caros familiares
Meus senhores e senhoras

Trago em mim, neste instante, um grande desejo. O de poder externar em palavras todos os sentimentos mais puros e sinceros para ser fiel à tarefa que me foi incumbida. Agradecer em nome da família Fonseca Lima a homenagem concedida à querida Ondina.
E lembrá-la é compor uma melodia, é cantar uma canção num misto de amor e saudade. Ondina, como disse Cecília Meireles, foi “pastora de nuvens” numa trajetória de vida dedicada à família, ao trabalho e à justiça.
Havendo herdado do meu avô, Benedito Lima, os dons para ser serventuária da justiça, seu exemplo de vida é tributo do qual nos orgulhamos. Os que a conheceram são testemunhas de suas ações, à frente do Cartório do Registro Civil de Cuité, também Cartório Eleitoral, atendendo a todos com as lhaneza e amabilidade que lhe eram peculiares. Alguns, porém, a visitavam no Cartório para usufruir de sua amizade e partilhar de seus conhecimentos, exemplo de Benedito Venâncio, Maria Augusta, Dedé Fonseca, Dr. Diomedes e tantos outros “companheiros de caminhada das nuvens que no chão não pousam".
Lembro-me de quando comentava sorridente da presença dedicada de Zé de Luzia, que ao vê-la, às vezes, preocupada com determinadas tarefas, recomendava-lhe: “D. Ondina, cumpra a lei e conte comigo”.
Quantos casamentos, quantos registros de nascimento e óbitos, quantos títulos eleitorais passaram por suas mãos! São histórias de vida que o tempo não apaga e que tiveram a escrivã Maria Ondina de Lima como partícipe desses enredos e seu Cartório palco para a representação dessas “epopéias”, de cujas tessituras ela também foi personagem.
Quantos juízes, como o Dr. Rivaldo Fonseca, Dr. Guimarães, Dr. Onildo e outros conviveram, privaram de sua confiança e elogiaram o seu "modus vivendi" e a sua conduta ilibada.
À Noêmia, sua amiga mais fiel, confiou os destinos do Cartório, “santuário vivo” de sua caminhada de labor, ao aposentar-se e ir morar em João Pessoa, onde colaborou por bastante tempo na Secretaria de Finanças do Governo do Estado, levada pelas mãos do querido sobrinho José Itamar.
Para a família, teve nos olhos ternuras que a palavra emudece quando as quer contar... não lhe faltavam, também, serenidade e firmeza nos aconselhamentos e decisões, quando necessário. Orgulhava-se e vibrava com veemência com o sucesso de todos, indistintamente, e com toda a certeza, aonde estiver, se lhe for permitido, estará muito feliz, hoje, por seu sobrinho Antonio de Pádua Lima Montenegro haver galgado o cargo mais importante da Magistratura do Serviço Eleitoral do Estado da Paraíba, o que também nos envaidece.
Resta-nos agora agradecer, pois acreditamos que saber agradecer dignifica a pessoa humana e engrandece a ação dos idealizadores dessa honraria.
Salmodiar a Deus, porque...
“O Senhor conhece os dias dos retos e a sua herança permanecerá para sempre” (Salmo 37:18).
Agradecer à Magna Corte pela aprovação do nome de Maria Ondina de Lima para personalizar tão importante órgão da justiça.
Agradecer à Prefeitura Municipal na pessoa do Sr. Prefeito Municipal Dr. Antonio Medeiros e toda a sua assessoria pela acolhida que nos deu, com a mesma extensão e força de seus gestos.
Agradecer, finalmente, aos familiares e conterrâneos, que comungam conosco deste momento de alegria e emoção.
Muito obrigada.

Cuité, 25.01.05

Formação do Professor

Falar em formação do professor nos remete de imediato ao palco do Curso de Pedagogia em Serviço, cujos protagonistas nesta busca de SER MAIS, como diria Paulo Freire, buscam o diálogo como prática de liberdade.
Já não somos mais professores em processo dicotômico, com uma práxis educativa voltada para os interesses da classe dominante. Uma educação imposta pelos ditames do poder e dos seus costumes que rechaçam os conhecimentos prévios dos sujeitos fazendo da palavra um “direito do poder”.
A realidade, hoje, é outra. Estamos na abertura de uma “Semana Pedagógica Cultural”, comungando idéias e dividindo parcerias com a Universidade Estadual da Paraíba e as prefeituras municipais. Estamos todos irmanados num só propósito, ou seja, mudar a forma de pensar e fazer educação. Se não conseguirmos resolver os problemas educacionais do presente, para os brasileiros de hoje, não teremos legitimidade para arquitetar soluções para amanhã. Qualquer tentativa de fazer projeções futuras sem mostrar resultados no presente é ilusionismo e diversão.
Neste sentido, a formação do professor é condição sine qua non para que transformações aconteçam, para que tenhamos novas cenas. É a demonstração plausível da vontade política necessária e suficiente na adoção de políticas de qualidade para reverter o quadro do fracasso escolar.
Mas, nenhuma decisão política terá êxito, se não contarmos com o empenho e compromisso do professor. Por isso objetivamos transformar o perfil do professor, de modo que ele possa conhecer múltiplas formas de aprender a aprender e aprender a ensinar. Para tanto, precisamos de professores que saibam ler, que gostem de ler e que difundam a competência e o gosto pela leitura . É necessário, ainda, que os professores se questionem: Quais são as saídas? Como lançar no presente, as bases que assegurem uma política educacional de qualidade? Como evitar que as utopias sirvam apenas de ópio para mascarar a realidade e reproduzir ilusões? Urge, pois, um primeiro passo: o esforço para construir uma nova escola, enfrentando o problema número um da educação brasileira, ou seja, a qualidade do ensino fundamental, estabelecendo um sistema de ensino de qualidade cuja tarefa é nossa, e que com trabalho sério e concentrado, mesmo a longo prazo, será possível.
Nas nossas andanças, em cursos de formação de professores, já se tornou lugar-comum ouvir dos nossos colegas queixas e lamentações sobre o nível dos alunos, alunos que chegam à 4ª série (atual 5º ano) sem a capacidade enunciativo-discursiva necessária para produzir um gênero textual. O que fazer? Como mudar essa realidade?
Em nossas mãos estão as respostas. É preciso um redesenhar das nossas ações, utilizando os novos conhecimentos apropriados, as reflexões feitas e as orientações dadas para saber lidar com as questões de eficiência, por meio de políticas e práticas de gerenciamento educacionais, de modo que se reverta o quadro que aí está. Não vale a pena o diploma recebido, o anel no dedo, se não estivermos abertos às mudanças. Como diz Madalena Freire no livro “Paixão de Aprender” (1993), “o educador educa a dor da falta, cognitiva e afetiva, para a construção do prazer. É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver, encaminhar) expressão de seu desejo (...) que ele tece seu ensinar (...) e aprender movidos pelo desejo e pela paixão”.
Afirmar nas palavras de Rafael Ramos (2001) que “enquanto persistir a visão dos professores como um a mera peça da engrenagem do sistema educativo, suscetível de ser modificada em função de planos realizados centralizadamente, as instituições dedicadas à sua formação manterão um modelo de formação como ‘adequação’, na qual mais que formação busque-se ‘conformação’.
Portanto, mais formação e menos conformação! Faço minhas as palavras de Madalena Freire: “Estar vivo e estar em conflito permanente, produzindo dúvidas, certezas sempre questionáveis.
Estar vivo é assumir a educação do sonho no cotidiano.
(...)
Medo e coragem em ousar.
Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente
Medo e coragem em romper o velho.
Medo e coragem em assumir o novo.
(...) Só somos sujeitos porque desejamos”.

Campina Grande, 25/05/2004

O texto: entidade histórica e lugar de correlações

A produção textual deve ser considerada como resultado de uma atividade comunicativa que se faz seguindo regras e princípios discursivos sócio-historicamente estabelecidos que têm de ser observados. Somente trabalhando a linguagem de forma dinâmica e dialógica, poderemos concebê-la como um fenômeno pluridimensional, levando em consideração os elementos que integram as condições de produção de linguagem, entre outros, o código lingüístico e o contexto histórico-cultural em que vivem e atuam os interlocutores e que determina sua teoria do mundo (COSTA VAL, 1994, p. 9).
Na construção de textos, utilizamos nossa teoria de mundo e essa atividade semiótica se constitui historicamente, sendo determinada pelo contexto histórico-cultural, não apenas no que se refere aos conhecimentos partilhados pelos membros de uma comunidade, mas também, e sobretudo, pelo valor político e ideológico com que são marcados os conhecimentos e os indivíduos.
Nessa perspectiva, o texto não é apenas um somatório de frases nem um amontoado de idéias. O texto é um conjunto de partes solidárias produzido por um sujeito, historicamente localizado num dado tempo e num determinado espaço. Esse sujeito, no dizer de Platão e Fiorin (1996, p. 17), “por pertencer a um espaço expõe em seus textos as idéias, os anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social”.
Por isso, o texto pode ser concebido como lugar de correlações, levando-se em consideração as concepções existentes na época e na sociedade em que o texto foi produzido e as suas relações com outros textos.
Como afirma Geraldi (1997, p. 22), o texto é precisamente o lugar de correlações porque construído materialmente com palavras (que portam significados) organiza estas palavras em unidades maiores para construir informações cujo sentido/ orientação somente é compreensível na unidade global do texto.
Este, por seu turno, dialoga com outros textos sem os quais não existiria. Essa correlação constitui nossa herança cultural e nos leva a verificar a propriedade intrínseca do texto, ou seja, a de se constituir a partir de outros textos, o que faz com que ele seja atravessado, ocupado, habitado pelo discurso do outro, comprovando a heterogeneidade constitutiva da linguagem.
Isso nos leva a concordar com Platão e Fiorin (1997, p. 29), quando afirmam que “um texto remete a duas concepções diferentes: aquela que ele defende e aquela em oposição à qual ele se constrói”.
Segundo esses autores, no texto ressoam duas vozes, dois pontos de vista e sua historicidade é estudada por meio da análise dessa relação polêmica. Esses pontos de vista são sociais e, portanto, divergentes. Em virtude disto “o discurso é sempre a arena em que lutam esses pontos de vista em oposição” (PLATÃO e FIORIN, 1997, p. 30).
Nesse sentido, podemos dizer que “todo discurso é histórico” e o texto como produto materializado do discurso, funciona como uma entidade histórica, por meio do qual os usuários da língua confrontam saberes e conhecimentos, constroem novos contextos e situações reproduzindo e multiplicando os sentidos em circulação na sociedade. Esses sentidos, socialmente constituídos, serão os verdadeiros elos da corrente de mudanças na construção histórica de uma sociedade diferente.
Sendo assim, não podemos conceber a ausência de simetria entre a instituição escolar e a sociedade, tendo em vista as constantes transformações sociais, políticas, econômicas e culturais na configuração dos educandos.
Se a escola pretende formar produtores de textos críticos e criativos não pode, paradoxalmente, fazer uso de recursos didáticos e estratégias que levem à automatização dos alunos. É preciso que o professor de língua assuma uma atitude de orientador encorajador, interessado a ajudar ao aluno “a dar o seu recado da maneira mais eficiente possível e não como o detector de erros e principal responsável pelo sentimento de inferioridade intelectual desse aluno” (COSTA VAL, 1994, p. 15).
É preciso, ainda, que o professor perceba que se ele puser em prática procedimentos de ensino que privilegiem, apenas, a mecanização, a repetição e a monotonia, irá de encontro a toda uma pluralidade de linguagens pertencentes a variados universos simbólicos do mundo extra-escolar do aluno, que são mediadores de sua interação com o meio sócio-histórico.
Nessa perspectiva, produzir textos significa registrar a história, seja ela do tempo do aluno, da classe social a que ele pertença ou da própria experiência devida, ampliando relações entre casos particulares e a conjuntura social a que tais fatos estejam associados.
Dessa forma, o professor que propicia o uso da língua articulada por sujeitos em interação, passa a “valorizar o texto do aluno, este como instância de sua enunciação aquele como entidade histórica, à medida que sujeitos e textos realizam-se na ação, no trabalho sobre e pela escrita” (JESUS, 1997, p. 100).
O texto, portanto, é entidade histórica e lugar de correlações
“...cruzamento das vozes oriundas de práticas de linguagem diversificadas”, que, “...tecido polifonicamente por fios dialógicos de vozes que polemizam entre si, se completam ou respondem uma às outras” (BARROS, 1994, p. 4).

Referências
BARROS, D. L. P. Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade: Em torno de Bakhtin. São Paulo: EDUSP, 1994.
COSTA VAL, M. da G. Interação lingüística como objeto de ensino-aprendizagem da língua portuguesa. In: Jornal da Alfabetizadora. Porto Alegre: Kuarup, 1994, p. 8-13.
GERALDI, J. W. Da redação à produção de textos. In: CHIAPPINI, L. (Coord.) Aprender e ensinar com textos de alunos. São Paulo: Cortez, 1997.
JESUS, C. A. de. Reescrevendo o texto: a higienização da escrita. In: CHIAPPINI, L. (Coord.) Aprender e ensinar com textos de alunos. São Paulo: Cortez, 1997.
PLATÃO, F. S. e FIORIN, J. L. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996.

Texto publicado no Jornal Dialogando, UEPB/CEDUC
Campina Grande, 2002.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma trajetória de múltiplas vozes

A história da UEPB confunde-se com o sentido da palavra "construir", literalmente, e com outros significados do termo que se adequam ao contexto histórico-cultural que permeia essa instituição. Em sua longa trajetória, a UEPB enveredou por caminhos arenosos, superou crises e granjeou vitórias. Entre percalços e conquistas, muitos foram os avanços e inegável o despojamento de tantos que colaboraram e se empenharam nessa construção.
À sua criação, estadualização, reconhecimento, reforma acadêmica e tantos outros projetos, somam-se hoje a concretização de seu Campus, instalado em cenário bucólico, que se coaduna com os avanços de várias ações, fruto de ressignificações possibilitadas pelas trocas enunciativas. Dessa forma, através do fenômeno social da interação, a diversidade de saberes e os pontos de vista divergentes, (seja nos conselhos superiores - CONSUNI e CONSEPE, seja nos organismos sindicais, seja em encontros ou debates), promovem na instituição um intercruzamento de vozes, nem sempre harmônicas, mas que procuram estabelecer uma Universidade diferente porque se faz grande! Grande, não apenas em sua dimensão espacial. Grande por tornar-se, acima de tudo uma Universidade que pensa. Pensa dialogicamente a caminho de ações coletivas e porque plurais tendem a acertar.
É essa diversidade de vozes que instaura a instância geral da enunciação institucional que assume a responsabilidade do dizer e do fazer. A polifonia coexistente, através da heterogeneidade discursiva dos que fazem a UEPB, constrói, de verdade, uma nova Universidade que busca sua coerência pragmática.
Orgulhamo-nos de fazer parte desse todo que "abre os braços à sociedade que a mantém". Necessário se faz, portanto, que continuemos dando nosso contributo na edificação dessa entidade, que se firma a cada dia, em sua tríplice função de ensino, pesquisa e extensão. Assim, como afirma Raduan Nassar, "a justa medida do tempo dará a justa agudeza das coisas".

Campina Grande, 09.06.2002

Memorial: um gênero em circulação

A produção textual tem se caracterizado como uma atividade processual que exige do escrevente múltiplas capacidades e domínios específicos. Cada texto, por sua vez, apresenta problemas de escritura distintos, tendo em vista a sócio-construção dos vários modos de discurso escrito, ou seja, gêneros, visto nos moldes bakhtinianos (ROJO, 1999). O gênero memorial insere-se nessa coletânea de "formas de dizer sócio-historicamente cristalizadas oriundas de necessidades produzidas em diferentes escalas da comunicação humana" (BAKHTIN, 1929) e tem circulado socialmente como práticas de ensino-aprendizagem e da progressão curricular.
Com base nesses pressupostos teóricos, investigamos como os professores de ensino fundamental, em curso de Formação em Serviço (PROFORMAÇÃO) têm desempenhado a proposta de produção de memorial, como um dos aspectos determinados nos critérios de avaliação.
Nesse sentido, o memorial, enquanto comanda de atividade de produção que registra as reflexões do professor cursista sobre o processo que ele está vivenciando no curso, é o espaço de enunciação da construção de identidade profissional do professor cursista, durante o processo de ensino-aprendizagem. É, ainda, o relato das adaptações e modificações que o professor cursista vai fazendo no percurso de sua prática, refletindo sobre os vários momentos do curso e sobre sua própria ação.
São perceptíveis as mudanças na prática pedagógica dos professores cursistas, além de se verificar o prazer com que esses professores constatam suas mudanças. Ao nosso ver, são essas formas de dizer sócio-históricas que oportunizam esse mergulhar em suas ações cotidianas, que vão além dos aspectos estruturais da produção escrita, favorecendo os processos de produção e compreensão.
Nossas reflexões apontam para algumas considerações. Apesar dos percalços desse caminhar, acreditamos no crescimento do professor cursista nesse processo de construção, tendo em vista que "todo texto inscreve-se no quadro das atividades de uma formação social, ou seja, no quadro de uma forma de interação comunicativa que implica o mundo social e o mundo subjetivo" (BRONKART, 1993, p. 93).
Dessa forma, o papel social que o professor cursista desempenha nessa comanda de atividade de produção, lhe dá o estatuto de enunciador e, por conseguinte, de agente-produtor. O memorial é, portanto, um gênero textual em circulação social, elaborado pelo cursista de forma gradual e progressiva, que contém acertos, avanços, vitórias e, também, paradas, reflexões e dúvidas.
Valorizar as concepções dessa modalidade do gênero relatar e promover o intercâmbio dessas experiências, entre os participantes do Programa, é nosso dever.

Texto publicado no Jornal da PROIDE-UEPB.
Campina Grande, 2001.

Discurso de resistência

A FACMA foi cenário de algumas experiências vivenciadas em minha vida profissional e não são poucos os laços que me unem a essa entidade. Elos afetivos, intelectuais, profissionais e culturais formam a corrente que me "amarram" a ela e aos que constituem o seu corpo diretivo. Razão por que sou testemunha de sua trajetória penosa para se manter diante das intempéries que tem atravessado.
No entanto, não quero falar aqui do discurso da falência e da inanição por falta de oxigênio monetário dos que fazem o poder público. Prefiro retomar o discurso da memória, que me traz boas lembranças, e o de resistência que faz com que a FACMA continue de pé, reagindo e resistindo... Lembro-me, pois, da FACMA nos idos de 1986, louvando Manuel Bandeira por ocasião do seu centenário. Vivenciei com outros colegas na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, uma das mais gratificantes experiências, como presidente em exercício da FACMA àquela época. Tive a oportunidade de falar naquela egrégia casa dirigida por Austregésilo de Athaíde e vibrar com os aplausos dirigidos ao nosso canto coral que se apresentava naquela ocasião.
Vale a pena, também, relembrar os projetos e planos de ação dos Núcleos que consolidam a tessitura dos matizes operacionais da FACMA, iniciados na década de noventa. E não são poucos... Só para citar alguns, vislumbro a eficiência do "Memórias de Campina", o brilhantismo do "FACMA dança na rua", a eficácia do "Missão e Cidadania", o fazer gostoso do "Cadeira de balanço", entre tantos, que não me arrisco a nomear sem o exercício da pesquisa.
Éjusto, portanto, que ao comemorarmos os trinta anos da FACMA, somemos esforços, multipliquemos ações, diminuamos problemas e dividamos tarefas, colaborando fraternalmente com a instituição cultural pioneira de Campina Grande. Dessa forma, estaremos cultuando o discurso da memória, insistindo no discurso da resistência e firmando, prioritariamente, o discurso do porvir: Que sejamos todos, enfim, professores, políticos, artistas, poetas e intelectuais, a busca do que será.

Texto publicado no Jornal da Paraíba
Campina Grande, 31.05.2000.