Há alguns anos ganhei um livro de crônicas de Francisco Pereira Nóbrega – “A palavra na construção do homem”. São belíssimas crônicas escolhidas e publicadas para nosso deleite. Em uma delas o autor aconselha “para que uma flor não murche antes que alguém a diga bela”. No dizer desse autor, esse não é apenas o discurso do romântico. O da ciência é muito mais romântico. Há 450 milhões de anos, peixes se fizeram anfíbios. Não conseguiam viver na terra que tinha uma vegetação sem folhas, flores ou frutos. O primeiro vegetal era apenas uma grama. Era o arrepio verde da terra adolescente quase fecunda para gerar a vida. Milhões de anos depois, as plantas inventaram flores e foi primavera na terra. E o coração do anfíbio dividido, entre terra e água, decidiu ficar na terra. Tornou-se réptil, abraçando o solo num gesto de amor. Há 350 milhões de anos, portanto, existe a flor e ela ainda não se tornou banal, pois em nenhum outro recanto do universo, a natureza floriu.
Neste sentido, nós campinenses somos agraciados por tamanha dádiva! Campina está mais bonita! As frondosas árvores que ornamentam as avenidas e praças da cidade prenunciam o advento, o Canto do Natal. Os ipês carregados de flores ensejam uma leitura semiótica, vez que são ícones belos e majestosos em simbiose perfeita da natureza com o Criador. São também índices que nos levam a repensar sobre nossas ações, para que viemos ao mundo e por que vivemos em sociedade.
O cromatismo das flores parece debruçar-se sobre a cidade num amplexo de Paz e Luz sobre todos, nesta época que se aproxima um ano novo. Os ipês são, ainda, sons em cores como a entoar canções de amor. Uma sinfonia perfeita que deve ecoar em cada coração. Uma linguagem cuja mensagem nos ensina para que vivamos o deslumbramento de cada amanhecer. Um signo maior que nos orienta para desfrutar o que é belo, o que nos faz bem aos olhos e ao coração, o que encanta e pacifica o nosso espírito.
E tudo isso, gratuitamente! Sem taxas, nem cobranças de direitos autorais.
Campina Grande, 2006
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Os ipês de Campina!
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