quinta-feira, 17 de abril de 2008

Formação do Professor

Falar em formação do professor nos remete de imediato ao palco do Curso de Pedagogia em Serviço, cujos protagonistas nesta busca de SER MAIS, como diria Paulo Freire, buscam o diálogo como prática de liberdade.
Já não somos mais professores em processo dicotômico, com uma práxis educativa voltada para os interesses da classe dominante. Uma educação imposta pelos ditames do poder e dos seus costumes que rechaçam os conhecimentos prévios dos sujeitos fazendo da palavra um “direito do poder”.
A realidade, hoje, é outra. Estamos na abertura de uma “Semana Pedagógica Cultural”, comungando idéias e dividindo parcerias com a Universidade Estadual da Paraíba e as prefeituras municipais. Estamos todos irmanados num só propósito, ou seja, mudar a forma de pensar e fazer educação. Se não conseguirmos resolver os problemas educacionais do presente, para os brasileiros de hoje, não teremos legitimidade para arquitetar soluções para amanhã. Qualquer tentativa de fazer projeções futuras sem mostrar resultados no presente é ilusionismo e diversão.
Neste sentido, a formação do professor é condição sine qua non para que transformações aconteçam, para que tenhamos novas cenas. É a demonstração plausível da vontade política necessária e suficiente na adoção de políticas de qualidade para reverter o quadro do fracasso escolar.
Mas, nenhuma decisão política terá êxito, se não contarmos com o empenho e compromisso do professor. Por isso objetivamos transformar o perfil do professor, de modo que ele possa conhecer múltiplas formas de aprender a aprender e aprender a ensinar. Para tanto, precisamos de professores que saibam ler, que gostem de ler e que difundam a competência e o gosto pela leitura . É necessário, ainda, que os professores se questionem: Quais são as saídas? Como lançar no presente, as bases que assegurem uma política educacional de qualidade? Como evitar que as utopias sirvam apenas de ópio para mascarar a realidade e reproduzir ilusões? Urge, pois, um primeiro passo: o esforço para construir uma nova escola, enfrentando o problema número um da educação brasileira, ou seja, a qualidade do ensino fundamental, estabelecendo um sistema de ensino de qualidade cuja tarefa é nossa, e que com trabalho sério e concentrado, mesmo a longo prazo, será possível.
Nas nossas andanças, em cursos de formação de professores, já se tornou lugar-comum ouvir dos nossos colegas queixas e lamentações sobre o nível dos alunos, alunos que chegam à 4ª série (atual 5º ano) sem a capacidade enunciativo-discursiva necessária para produzir um gênero textual. O que fazer? Como mudar essa realidade?
Em nossas mãos estão as respostas. É preciso um redesenhar das nossas ações, utilizando os novos conhecimentos apropriados, as reflexões feitas e as orientações dadas para saber lidar com as questões de eficiência, por meio de políticas e práticas de gerenciamento educacionais, de modo que se reverta o quadro que aí está. Não vale a pena o diploma recebido, o anel no dedo, se não estivermos abertos às mudanças. Como diz Madalena Freire no livro “Paixão de Aprender” (1993), “o educador educa a dor da falta, cognitiva e afetiva, para a construção do prazer. É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver, encaminhar) expressão de seu desejo (...) que ele tece seu ensinar (...) e aprender movidos pelo desejo e pela paixão”.
Afirmar nas palavras de Rafael Ramos (2001) que “enquanto persistir a visão dos professores como um a mera peça da engrenagem do sistema educativo, suscetível de ser modificada em função de planos realizados centralizadamente, as instituições dedicadas à sua formação manterão um modelo de formação como ‘adequação’, na qual mais que formação busque-se ‘conformação’.
Portanto, mais formação e menos conformação! Faço minhas as palavras de Madalena Freire: “Estar vivo e estar em conflito permanente, produzindo dúvidas, certezas sempre questionáveis.
Estar vivo é assumir a educação do sonho no cotidiano.
(...)
Medo e coragem em ousar.
Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente
Medo e coragem em romper o velho.
Medo e coragem em assumir o novo.
(...) Só somos sujeitos porque desejamos”.

Campina Grande, 25/05/2004

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