Sabemos que os sistemas tradicionais do ensino fundamentam sua metodologia na comunicação verbal. Os propósitos e fins da escola tendem a adaptar os indivíduos ao mundo social mediante a aprendizagem do saber fazer verbal. À força de conceituar e conceituar e sistematizar a ciência, também fomos reduzindo os valores a meras verbalizações.
O “saber fazer” proporcionado pela escola é fundamentalmente lingüístico; são fórmulas, regras, normas... Um exame objetivo da realidade escolar nos provaria como nos preocupa, essencialmente, o conhecimento cognoscivo, desconhecendo os aspectos afetivos, emocionais, intuitivos e cinéticos.
A linguagem abrange não somente os signos lingüísticos, mas também, os signos iconográficos, os sons, a expressão corporal, a exploração sensorial, enfim, parte do princípio de que linguagem é toda e qualquer organização textual que serve como meio de interação social.
É preciso, pois, que se dê ênfase aos estudos semióticos, a fim de oferecer instrumentos necessários que defendam os educandos contra a massificação e mitificação tão característica de quem consome técnicas de comunicação, de forma passiva. Valendo-se da semiótica e da criatividade, o homem reduzirá as probabilidades de ser um mero objeto, à mercê de forças externas e aumentará como sujeito a viabilidade de dominar essas forças, permitindo-lhe ser um “consumidor” perceptivo, inteligente, seletivo, e crítico.
Não sendo assim, a massificação será causada, pois o homem será capaz de ler outros signos, além dos signos lingüísticos. Como afirma Paulo Freire, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade daquele”. O ato de ler começa quando, por meio de nossa percepção, tomamos consciência do que os signos do mundo evocam ou sugerem.
A linguagem, numa perspectiva global, a comunicação “Kinésica” nos colocam no caminho direto para o estudo da linguagem da ação.
As novas linguagens nos evidenciam que comunicar-se não consiste somente em transmitir idéias, mas sim, em oferecer novas formas de ver as coisas, influenciando e até, modificando os significados ou conteúdos.
A linguagem, em sua essência mais profunda, é uma linguagem total no maior sentido humana que se possa dar. A linguagem humana exige que todo ser humano interaja. A interação é para o ser humano uma forma de realizar-se, de constituir-se, de completar-se.
A ciência dos significados na ação pedagógica procura fazer com que se descubra, na “práxis”, o conhecimento e o manejo da linguagem verbal, associada harmoniosamente a todas as outras linguagens de que dispomos.
Texto publicado no Jornal Expressão. Grafite Editoria e Marketing. No 05. dezembro/1992.
domingo, 13 de abril de 2008
A ciência dos significados na ação pedagógica
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