UNIVERSIDADE
ESTADUAL DA PARAÍBA
SOLENIDADE
DE COLAÇÃO DE GRAU 2014/02
Exmº Sr. Governador do
Estado (ou representante)
Exmº Sr. Prefeito Municipal
(ou representante)
Magº. Reitor Prof. Dr.
Antônio Rangel Júnior
Pró-Reitor de Ensino de
Graduação, Prof. Dr. Eli Brandão, em nome de quem, cumprimento os demais Pró – Reitores
Caros Diretores de Centro,
Chefes de Departamento e Coordenadores de Curso
Caros Colegas, companheiros
de caminhada
Queridos Formandos (as)
Senhores e Senhoras
Apraz-me citar como preâmbulo
deste discurso o paraibano Hildeberto Barbosa Filho, que poetizou acerca da
palavra, em seu livro “Quando nem morrer é remédio”: [...] “A palavra resgata
paraísos/ Ponto final da oração do tédio/ É armadilha que trança o gesto/
Cálida, põe pelo avesso o universo e carrega montanhas/ É a colina ondulando no
olhar/ É o olhar escavando o lado esquerdo do peito/ E o céu da boca perfumado”
[...]
É pertinente, então, que
seja a palavra o símbolo maior de que me valho, para externar toda a minha
emoção, eivada do mais intenso reconhecimento para agradecer: Agradecer ao Deus
da vida, por me premiar com este momento! Agradecer ao Magnífico Reitor Rangel
Júnior e aos membros do CONSUNI/UEPB pela honraria que me concedem de
compartilhar desta solenidade como Paraninfa Geral. Imperioso, pois, que
retextualize aqui o início da mensagem do Poeta/Reitor, ao comunicar-me essa
escolha, que segundo ele, “Mais que merecimento/ Mais que uma deferência/ Mais
que homenagem, a UEPB reconhece e reverencia esta cidadã, exemplo de educadora,
por sua história de vida e trabalho na nossa Universidade”, o que não posso
negar, muito me lisonjeou.
Isto me reporta a cenas que
me fazem reviver a comunhão que me enlaça a esta Instituição e me permite
seguir as pegadas de Cecília Meireles: Os dias são feitos de pequenos desejos, vagarosas
saudades e silenciosas lembranças. Na UEPB, a catedral dos meus sonhos foi
erguida e se tornou realidade. “Foi nas pontas de suas tranças, onde amarrei
minha ilusão”. Esta Universidade representa para mim a metáfora, cujo princípio
fundante se traduz em isotopias que preenchem todo o meu ser e se inscrevem em
minha alma, impregnando-se
de tal forma, que difícil seria desvencilhar-me delas! Razão
por que nos irmanamos a esse sentimento de pertença, como algo que nos une
irremediavelmente.
Relembro, assim, meu
ingresso nesta Instituição, como professora substituta, quando ainda
Universidade Regional do Nordeste. Acompanhei “paripassum” as crises e as lutas
pela sua sobrevivência. Mas, felizmente, o casulo dos tempos difíceis a
transformou em crisálida de nova vida. Posso, neste sentido, registrar, prazerosamente,
que após ser admitida por Concurso Público, na então Universidade Estadual da
Paraíba, compartilhei com companheiros de caminhada “das nuvens que no chão não
pousam”, dos embates político, histórico e social que redundaram na sua
ascendência e no seu crescimento vertiginoso! Após sua estadualização, veio o
reconhecimento e a sua autonomia, culminando com a ampliação de Cursos e a criação
de novos câmpus.
Entretanto, é importante
ressaltar que por mais transversos e esguios que sejam nossos caminhos, nada
acontece por acaso... O instante faz parte da condição humana! E em alguns
casos, nós o fazemos acontecer! Em razão disto, é no instante em que se oculta
a complexidade das dores ou a exuberância das alegrias, protegidas pela máscara
do existir. E assim, se efetivam as vitórias, porque existem soldados que,
incansavelmente, lutam nas batalhas! Como competidores que permanecem firmes em
suas maratonas, estes não abandonam as pistas, jamais, por maiores que sejam os
obstáculos!
Neste contexto, foram muitos
os atores sociais da UEPB que não fizeram de suas janelas um único foco, cujo
olhar limitado os impossibilitaria de ver outras paisagens! Buscaram outras
janelas para contemplar novos horizontes.
Miraram-se no espelho de José
Américo de Almeida e em seu reflexo ponderaram que “Ver bem não é ver tudo; é
ver o que os outros não veem”. Transformaram
pedras em montanhas, construíram dos escombros de suas dificuldades castelos e
fizeram dos desertos secos desafios! Eis, pois, nossa Universidade, digna do
Pódio, uma vez que criou, com suas incertezas, uma escada para alcançá-lo!
Acredito que nada nem
ninguém poderão detê-la! A UEPB, como nos ensina Clarice Lispector, “não terá
medo nem de chuvas tempestivas, nem de grandes ventanias”, tendo em vista que
“o vazio tem o valor e a semelhança do pleno”. Certamente, os fundamentos sobre
os quais foram construídos os pilares que lhe dão sustentáculo jamais ruirão,
porque calcados em ideais pétreos e firmes, são bases sólidas que se tornam
indestrutíveis! Tenhamos a convicção do escritor Robson Pinheiro: “As águas que
descem em um rio caudaloso podem causar certos estragos, ao longo do percurso
ou ao redor das margens. Contudo, se forem devidamente canalizadas ou
reprezadas, servirão de impulso ao progresso na geração de energia e trabalho”.
Estou convicta de que os
protagonistas da gestão atual são timoneiros que não deixarão águas turbulentas
ensejarem outras margens. Construirão pontes que ultrapassarão as fronteiras do
tempo! A UEPB, hoje, é uma pluralidade qualitativa, em que o múltiplo se
diversifica. É a “invenção do possível”. Como numa ciranda, estaremos todos de
mãos dadas para dançar e cantar a melodia que for entoada! Desta forma, firmados
na premissa do escritor Prof. Francisco Pereira, em sua obra “A palavra na
construção do mundo”, acreditamos que “Nenhuma corrente é mais forte do que seu
elo mais fraco”.
Dirijo-me agora aos
formandos/as! Revivo o meu momento como graduada e toda a minha ascendência
acadêmica. E é balizada em minha experiência, que ouso dizer-lhes, a exemplo de
Guimarães Rosa: “Viver é um rasgar-se e remendar-se”. É despedaçar sonhos e
cobiças. É essa separação do que somos para abraçar aquilo que poderemos ser.
Vocês concluem uma etapa de
vida! Talvez muitos de vocês ou seus familiares abdicaram de algo para a
construção desse castelo, alicerçado pela persistência e pelo compromisso! Cada
um aqui com sua história! Como enfatiza Augusto Cury, “ninguém é digno da
sabedoria se não usou suas lágrimas para cultivá-la”.
Aproveitem esse saber
acumulado ao longo desses anos, sejam quais forem as suas áreas do
conhecimento. Mas, sigam também os aconselhamentos de Clarice Lispector:
“Mergulhem no que vocês não conhecem. Não se preocupem em entender; viver
ultrapassa qualquer entendimento”. Por isto, lhes digo:
Sonhem o impossível, pois se vocês alimentarem grandes sonhos, seus
desafios produzirão oportunidades e seus medos produzirão coragem. Ignorem os
espinhos, porque sobre eles as rosas desabrocham com perfume que inebria nossa
alma! É preciso voar e voar alto dentro de si mesmo! Voem alto, portanto, como
a catar estrelas no céu! Se tempestades vierem, toda esperança será âncora!
Finquem-na no bojo do firmamento como quem planta sementes no chão! Mas, ao
mesmo tempo, aprendam a sair de si mesmos e sigam em direção ao próximo. Sejam
humildes, abnegados e se estruturem em suas vivências, da mesma forma em que
sejam fortes, corajosos, audaciosos e ousados na consolidação de seus sonhos,
tornando-se profissionais competentes!
Permitam-me, ainda,
confessar-lhes que a minha força, eu a construí nos embates da vida, decorrente
das lutas, das pedras no caminho e do esforço empreendido na subida das ladeiras...
Foram muitas, às vezes, que nuvens negras me apareceram como restos de noite...
O vento para mim tornou-se forte, arfante, quase cansado em seu ímpeto! Mas,
sabiamente, como nada é para sempre, “o próprio vento”, no dizer de José
Américo, “para tornar-se amável, mudou de sexo. É brisa, o que há de mais
carinhoso na natureza livre, desimpedida e viajada, a afagar- [me] como uma
pluma macia e delicada”. Eis-me, então, aqui!
Saibam, também, que na vida,
o que possuímos de verdade é aquilo que doamos! Aprendam a se doar livres como
as andorinhas no céu! Sem grilhões, sem cordas, sem amarras, sem muletas!
Enfim, façam de suas vidas
uma escalada sempre crescente, confiantes de que Deus está em cada esquina, em
cada situação, em cada gesto. Procurem, pois, decifrar a mensagem que Ele envia
para cada um de nós.
Parabéns a todos! Sejam
felizes e continuem tocando a melodia do amor na harpa do coração. Obrigada e
um beijo maternal para cada um.
Maria Divanira de Lima
Arcoverde
Campina Grande, 16 de
dezembro de 2014