terça-feira, 24 de junho de 2008

Escrever por prazer!

Escrever é para mim um dos prazeres que curto na vida. Alguém que escreve suas emoções, suas lembranças, seus devaneios presenteia-se a si mesmo. Assim, a cada texto que escrevo, o prazer se renova. Antes, tinha uma grande dificuldade em escrever na tela do computador. Era como se as idéias fugissem de mim... Hoje, o meu processo de letramento digital se expande e, a cada dia, progrido mais. Não lido mais com esse problema. Já escrevo com facilidade. Fica muito claro para mim, que é o uso efetivo da linguagem que faz desenvolver nosso potencial de escrevente, seja qual for o instrumento que utilizemos. Essa prática diária, costumeira é que nos habilita a sermos, cada vez mais, versáteis, constatando-se que escrever é uma atividade como outra qualquer. É preciso, apenas, que desenvolvamos ações concretas para utilizar esse ato. A escolha dos meios adequados para obtenção de nossos objetivos, a intencionalidade sobre o que vamos dizer, e fazer com que nossos interlocutores entendam os nossos propósitos é que é importante. A nossa manifestação verbal , seja qual for o veículo, exige tão somente, que interajamos com nosso destinatário, de forma que nos façamos entender em determinados contextos sociais.
Esse hábito de escrever freqüentemente, deixa-me feliz, realmente. Por isso, o socializo com meus leitores. Que ele seja virótico e que possa contagiar àqueles que acreditam no poder renovador e indispensável da interação verbal

domingo, 22 de junho de 2008

Guardados e achados

Um dia desses, que a gente tem vontade de rever os “guardados”, encontrei em meus “baús” a transcrição de três quadrinhas, que resolvi escrever para que algum dia, se por ventura a memória me falhasse, eu tê-las salvaguardadas. Elas são de autoria de um poeta cuiteense, Osvaldo Venâncio, avô do cantor Gabriel Venâncio. Qual o motivo desse cuidado? Porque trazem consigo histórias, que têm ligações afetivas comigo, inclusive, com o poeta, conterrâneo e parente. Duas delas, relacionadas a dois queridos irmãos, Rivando e Albani. Uma outra, por arte e graça de um amigo de infância e colega professor, Jório Souto. Ei-las, com suas respectivas historinhas.

“Quando a noite se debruça
Nos braços da madrugada
Louco, um boêmio soluça
À porta de sua amada.”

Estavam vários amigos em um bar (tinha que ser), bebericando, tomando umas e outras, como se diz por aqui. O bar tinha uma localização privilegiada, pois era no centro da cidade, em frente da praça, onde, nessa época, havia um belo coreto. Na esquina da rua da praça, era a casa da namorada do meu irmão Rivando. Foi nesse clima, que surgiu o pedido da quadrinha. E os versos surgiram, na euforia da cerveja, sob o olhar apaixonado do namorado e a versatilidade do poeta. Viram que beleza de quadrinha, para atender o pedido de um jovem apaixonado?
Uma outra quadrinha, entre muitas, que não registrei (é pena !), foram feitas na festa de casamento da minha irmã Albani, que casava com Edvalson, um nosso primo que morava em Belo Horizonte. Ao meio da alegria do evento, na companhia de familiares e amigos, o momento do violão e canto era alternado pela criação poética de Osvaldo. E naquela ocasião, comentava-se a competência do noivo, que mesmo à distância, conseguia “fisgar” uma das jovens mais bonitas daquela cidade serrana. De repente, literalmente, Osvaldo sai com essa, com os aplausos de todos:

“ Edvalson jardineiro
Com tuas mãos carinhosas
Leva esta rosa singela
Pra plantar nas Alterosas.”

Não é de se estranhar que o poeta, com sua criatividade e competência, alegrasse tanto aquele evento que representava muito para todos nós, pois em qualquer lugar que ele estivesse, sua verve de poeta enriquecia o ambiente e ampliava a festa. Inclusive, meu pai, João Barreto, como era conhecido, queria muito mais e solicitava que Osvaldo glosasse o mote: “E o destino reuniu Fonseca, Barreto e Lima”, o que foi de pronto atendido. Quem é de Cuité sabe o porquê desse mote.
A terceira quadrinha, também, numa mesa de bar, Osvaldo, como sempre, entre um gole e outro, brindava a todos com seus versos. Em certa hora, Jório o desafia dizendo: “Osvaldo, eu sei que tu és um bom poeta. Mas, eu quero que me proves agora essa tua fama. Quero que faças uns versos, rimando filosofia com tijolo.” Todos caíram na risada. E o poeta, sempre com aquele sorriso franco, versificou:

“É muita hipocrisia
De um professor sem miolo
Quem já viu filosofia
Fazer rima com tijolo?”

A risada foi maior e os aplausos também.
Como vimos, nunca faltavam boas razões para o poeta expandir o seu processo de criação. E assim, a realidade do cotidiano se metamorfoseava, em favor do que Ricoeur chama de “variações imaginativas.”
Campina Grande, 08 de junho de 2008