domingo, 13 de dezembro de 2009

A um "pequeno" escritor

Hoje é domingo e, como sempre, é o dia de aliviar as tensões da semana. Semana estafante, de muito trabalho e preocupações... Nada melhor do que uma boa leitura! Nessa inquietude, à procura de brisa, procurei algo para ler. Fiquei feliz, quando meus olhos fixaram o livro "Letras e Vozes", uma publicação do Colégio Motiva das melhores produções textuais de seus alunos do ano 2009. Nessa Coletânea, para minha vaidade e deleite, na seleção dos textos do sétimo ano, o meu neto Lucas Arcoverde do Nascimento foi um dos alunos contemplados para publicar a sua produção textual, intitulada "O meu professor de Português".


Ora! Para quem, como eu, que dedica boa parte de seu tempo ao estudo/ensino da Língua Portuguesa, ver um neto escrever sobre o seu professor de Português, é no mínimo, prazeroso. E constatar que isso lhe causa prazer, também, principalmente porque ele declara com muita firmeza:

"Eu estava ansioso para a aula, querendo conhecer gente nova, professores novos, além de tudo rever meus amigos. (...) Ele vivia dizendo que Portugûes é lindo! (...) Hoje, já entendo porque Márcio gosta tanto de Português. (...) Pretérito perfeito! Pretérito imperfeito! Pretérito mais -que-perfeito! Futuro do pretérito! Futuro do presente! Olha estes nomes lindos! Entendeu por que Português é lindo?! Brincadeira! Isso parece difícil, mas não é.
(...) Português é lindo, não por causa das palavras, e sim porque 'entra' na gente, a gente gosta de aprender.(...) Português é fantástico. (...) Português é lindo mesmo. Agora eu entendo meu professor! (...)

Pois é, meu principiante escritor! Meu querido autor! "E no princípio era o verbo..." E o verbo se fez texto! O Futuro do pretérito tornou-se Futuro do presente, Pretérito Perfeito e Presente, ambiguamente! Presente (tempo verbal) e Presente (substantivo) para todos nós que o amamos. Agora, meu "fofinho" querido, o que seria/será, foi e é! Um pequeno/grande texto selecionado para a Coletânea "Letras e Vozes". Com certeza, outros textos virão, outras visões de mundo tu terás e outras "letras e vozes" serão vistas e ouvidas, cantadas e decantadas. É só uma questão de Tempo, literalmente. Conjugarás novas formas verbais, farás as intertextualidades mais belas, comporás outras sinfonias e continuarás "giroletrando", motivado por verdadeiros educadores, que te darão o "Passaporte de leitura" para viajares por mundos nunca visitados. Isto fará com que novas interlocuções sejam efetivadas e outros discursos se estabeleçam na ciranda de tuas criações.

Vovó está muito orgulhosa! Concordo plenamente contigo e com teu professor . "Português é lindo!" Mas, lindo mesmo, superlativamente lindo, és tu. Eu te amo! Muitão, muitão! Parabéns, grande Lucas!!!

sábado, 14 de novembro de 2009

A expansão da Educação a Distância

Impressiona-nos, sobremaneira, as notícias relacionadas à expansão da Educação a Distância (EaD). Pensar que tudo começou com o anúncio de um curso de datilografia por correspondência nas páginas do Jornal do Brasil, no final do século XIX, é impressionante constatarmos esse progresso. Essa trajetória de mais de um século, experimentou avanços e fracassos, sobretudo, porque a EaD só era acionada, quando outras modalidades falhavam.

Com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases - LDB, de 1996, em seu artigo 80, oficializa-se a oferta desta modalidade de ensino e as Instituições de Ensino Superior são credenciadas para oferecerem Cursos Superiores em EaD. Com essa regulamentação, a EaD cresce, lastreada na popularização da Internet e no desenvolvimento de novas tecnologias da informação - TICs. Dessa forma, o número de Cursos ofertados em EaD se consolida, a cada dia, associado , também, às novas metodologias de ensino-aprendizagem.

Esta semana, tive a oportunidade de ler na Revista IEL/Interação, (set/out/nov,2009), a respeito deste tema e algumas informações nos chamaram a atenção. Conforme dados da Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED, o número de estudantes de graduação matriculados em Cursos de EaD, reconhecidos pelo MEC, chega a 1,2 milhão. Nas estatísticas do MEC, isso representa um quarto dos 4,8 milhões de alunos matriculados em Cursos presenciais.

Para um país, que tem apenas 12% dos jovens entre 18 e 24 anos cursando o ensino superior, é inegável as oportunidades que se abrem para que possamos atingir patamares semelhantes aos do Chile e Argentina, cujo índice é de 30% de graduandos nessa faixa etária.

Alvissareira é, pois, a comprovação de que, diferentemente do que muita gente supõe, a EaD não traz prejuízo para a aprendizagem. O Instituto Nacional de Pesquisa e Estudos Educacionais - INEP comparou as notas médias do ENAD e comprovou que o desempenho dos alunos em EaD, em geral, é de 6,7 pontos superiores aos demais.

Não é à toa, que a UAB - Universidade Aberta do Brasil, ancorada pela CAPES, reune toda a equipe da SEAD/MEC (dirigentes, coordenadores, pesquisadores) e demais colaboradores das IES, entre coordenadores de curso, professores e elaboradores de material didático, para o I Encontro Internacional em Educação a Distância, em Brasília, de 23 a 25 de novembro deste, onde serão refletidos e avaliados aspectos que dizem respeito a essa área do conhecimento.

Ficamos gratificadas, eu e a Profª Rossana Arcoverde, por sermos contempladas com a aprovação de um artigo acadêmico, intitulado "A Produção de Material Didático numa Perspectiva Dialógica", enviado para esse Encontro. Fruto de nossos estudos e pesquisa em EaD, na UEPB, que já se firma como uma IES que acreditou nessa modalidade de ensino, este trabalho faz parte dos vinte selecionados para apresentação oral, entre seiscentos trabalhos inscritos.

Porém, a contribuição da EaD não se restringe aos Cursos de Graduação reconhecidos pelo MEC. Aproximadamente, 1,5 milhão de pessoas utilizam a Internet para atualização e qualificação, por meio de Cursos livres e outro 1,5 milhão de funcionários de empresas que fazem Cursos em ambientes corporativos.

Em razão dessa onipotência da tecnologia na área educacional e no processo de ensino-aprendizagem, imprescindível admitirmos que é inegável e irreversível a expansão da EaD, tendo em vista ser a porta de entrada para sanar o "déficit" estatístico do número de graduados e profissionais no país.

sábado, 3 de outubro de 2009

Sobre o preconceito

Ao ler o livro " A Constituição da Casa-Grande e da Senzala" de Paulo Lopo Saraiva ( UNIPÊ, 2008), chamou-me a atenção , particularmente, o destaque que o autor dá às contribuições do negro na nossa formação social e cultural. Em seu dizer, todo brasileiro tem marcas muito fortes da influência africana. Vai mais longe, ainda, quando afirma que "A presença da mulher, tanto índia quanto negra, é a base do nosso ordenamento jurídico". Para ele, a mulher negra ou índia são estabilizadoras das nossas relações sociais, imprimindo sempre uma hermenêutica humanística, solidária e afetiva, à solução dos conflitos. Nesse contexto, ele inclui, também, a mulher branca fazendo parte dessa "elaboração principiológica".

Porém, é no sub- título, "A oferenda dos Escravos e Escravas", que o paraibano de Serra Branca dá ênfase a esse contributo dos advindos da África, pelo que transmitiam na afetividade, na nostalgia, prudência, na sublimação, na paciência, e na conciliação. "Mãe de leite, contadora de histórias, companheira da Sinhá e da Sinhá-moça, a mulher negra moldou caracteres, formulou normas de vida e criou o primeiro recurso no processo brasileiro: o recurso de Alcova". Ressalta o autor, que no encontro do amor físico, a negra requeria ao seu senhor, que não permitisse mais o flagelo do filho dela. E sempre o recurso era provido.

Constatamos, assim, que a fatalidade da escravidão não retirou dos negros a consciência humana e social. Eles legaram à formação histórica brasileira o que há de mais honesto, justo e solidário na nossa sociedade, nas palavras desse autor.

Outra grande contribuição dos nossos antepassados negros, confirmada por esse autor, foi no campo jurídico. Algumas práticas jurídicas, como o "contrato tácito" que é em outras palavras, a formação da vontade, sem o ajuste escrito ou "sancionário", são evidenciadas. Em outros tempos, a palavra dada, o fio do bigode funcionavam... "Era a palavra que valia", diz Paulo Saraiva. Em seus testemunhos de pesquisador, "esta herança é negra". Foram os negros que construiram essa verdade! E aqui, não posso deixar de reverenciar o meu saudoso pai, que exercia essa prática e a repassava para todos os filhos, que herdamos dele uma sólida formação de caráter, em sintonia com os ensinamentos da Mãe professora, não menos saudosa, e também retilínea em suas ações.

Por estas razões, neste breve texto, há lugar para um repensar sobre o preconceito. Essa face preconceituosa em muitos de nós, nos desumaniza... É inexplicável e, graças a Deus, hoje, ilegal. É preciso, pois, repensar algumas atitudes preconceituosas, não só em relação aos negros, mas também, a outros segmentos que fazem parte da sociedade. Aprendamos com os negros, "a sublime lição de paciência, de fé, de crença no futuro" e de respeito ao outro, às suas crenças, às suas escolhas, às suas convicções, tudo enfim.

Concluo com a citação de Gilberto Freire :

"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo (...) a influência direta ou vaga e remota do africano.
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra."

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Recortes de uma leitura

Há vários tipos de leituras. Leitura informativa, compulsória, prazerosa, lúdica e tantas outras... Porém, algumas nos tocam profundamente nos fazendo refletir, repensar as nossas ações...
Há poucos dias, li "Linha Direta com Deus" de Juselma Coelho, uma mineira, de Conselheiro Pena. A cada enunciado lido, um mergulho em nosso espírito, um alimento para nossa alma, um banho em nosso interior... Leitura leve, que alivia a nossa mente e areja o nosso cérebro!
Selecionei alguns recortes que vale a pena serem partilhados.

"A música, na vibração divina do amor, rasga o infinito e busca Suprimento Maior em regiões à mente comum, oferecendo-nos um banho de luz, na luz do Criador."

"Oração é alimento da alma, quando traz o carimbo da benevolência, da fraternidade e do trabalho."

"A prece bem sentida é a onda luminosa que consegue atingir o reino dos anjos. É fórmula divina para sermos socorridos onde estivermos."

"Orar é se resguardar contra as investidas do mal, é se precaver dos possíveis desequilíbrios, é fortalecer o coração frente às lutas do dia a dia."

"A tranquilidade de consciência, a humanidade, o amor sem barreiras, o perdão sem exigências e a benevolência deverão ambientar o campo mental (...) ."

"O comedimento, em todos os nossos atos, é uma valorosa súplica que nos deixa um entendimento dos direitos alheios, trabalhando para o bem-estar nosso e dos outros."

O livro todo traz em suas páginas conforto para o coração e uma oportunidade de reflexão que nos deixa com vontade de reler e indicá-lo aos amigos.


sábado, 26 de setembro de 2009

À Virgem das Mercês

Em Cuité-PB, no dia 24 de setembro, é venerada a Virgem das Mercês. Os filhos da terrinha amada festejam aquele dia, com muita emoção. Os que moram em outras cidades, quando podem, não deixam de participar das festividades da padroeira.

Este ano, a convite do primo Antônio de Pádua, "subi a serra", como costumamos dizer. Além das solenidades religiosas, Toinho, como carinhosamente o chamamos, agradeceria à Virgem das Mercês graças alcançadas, receberia algumas homenagens (por estar se aposentando do Tribunal de Justiça) e faria a inauguração do novo prédio do Fórum Cuiteense. O Fórum, totalmente reformulado, orgulha os cuiteenses pela imponência daquela arquitetura.

Que festa bonita!!! A começar pela missa solene que celebrada por um padre de Cuité emocionou a todos. Na homilia, o padre fazia uma narrativa da vinda da imagem para Cuité, trazida pelas mãos da família Dantas. Os hinos entusiasmavam aquela comunidade, que diante da imagem de Nossa Srª das Mercês, já belissimamente ornamentada no andor para a procissão, parecia interceder por todos que ali a cultuavam. Os participantes foram também agraciados pela Filarmônica da cidade, que além de orquestrar "velhos dobrados", que nos fez viajar no tempo, encerrou com o Hino " Senhora das Mercês". Não foi possível conter as lágrimas... Quantas recordações...

Ao término da missa, várias homenagens foram prestadas ao filho da terra, Antônio de Pádua, que orgulha Cuité pelos cargos que ocupou e que o dignificou pela lisura, hombridade e competência, marcas significativas de sua gestão, tanto na Presidência do Tribunal Eleitoral, quanto na Presidência do Tribunal de Justiça.

Após a missa, nos dirigimos ao Fórum para a bênção do prédio e inauguração da reforma feita. Naquele universo da justiça, logo que se concluiu a formalidade de inauguração, a alquimia do afeto transformou aquele espaço em lugar mais aprazível ainda para reencontro de familiares, conterrâneos e amigos. Quantos abraços aconchegantes, quantos sorrisos efusivos!!! O discurso da memória foi exaustivamente produzido, estabelecendo-se um cenário colorido de lembranças vivificadas pelo contexto aconchegante e afetivo que se instaurou. Entre as iguarias e guloseimas servidas, as boas prosas e o desejo de que aquele tempo se prolongasse...

"A teus pés, Virgem Mãe das Mercês", agradecemos e louvamos a Deus por tudo!!! Pelo carinho dos familiares, que nos alimenta a alma; pela amizade dos conterrâneos, que perdura em nossos corações; por ter amigos que nos proporcionam prazer com os seus testemunhos de afeto.

sábado, 1 de agosto de 2009

Aprendendo ao longo da vida

Das muitas produções acadêmicas que tenho realizado ou colaborado, uma me gratificou sobremaneira: O Projeto Universidade Aberta para Formação de Pessoas da Terceira Idade.
A Profa. Eliane Moura, Coordenadora da CIPE/UEPB - Coordenadoria Institucional de Programas Especiais - indicou-me para ampliar o Projeto iniciado pelo Prof. Dr. Manoel Freire de Oliveira Neto, do Departamento de Educação Física. Imediatamente, ao ler a minuta do Projeto, esboçada pelo professor, entusiasmei-me com a proposta, mesmo não sendo da minha área específica, pela envergadura de tal ação. Mas, como transitamos na àrea de Linguagens, que vislumbra horizontes outros, leituras múltiplas, recriação de textos e intertextualidades, procurei "dar conta" da tarefa incubida. A minha experiência, também, na elaboração de outros projetos na área educacional me credenciava para tal.

Coincidentemente, havia ganhado um livro intitulado "Dez fatores para uma Educação de Qualidade para todos no Século XXI", de autoria de Cecília Braslavsky (2005) , lançado pela Ed. Moderna. O conteúdo deste livro veio a calhar. A autora chamava a atenção para as surpresas inevitáveis deste século e, entre elas, a possibilidade de um aumento consistente na expectativa de vida das pessoas.Uma das muitas afirmações contidas e, de maior expressividade, era a citação do escritor argentino Marcos Aguinis que asseverava que " não apenas se agregam anos à vida, mas também, se agrega vida aos anos", em razão da medicina e das tecnologias modernas permitirem às pessoas, não apenas, viver mais tempo, mas viver melhor: mais lúcidas, com maior capacidade de leitura, compreensão e criação. Procurei também informações na internet sobre o tema e, dados da tese de doutorado do Prof. Dr. Oliveira Neto, que aponta a inserção das Universidades nesta área, no sentido de integrar pessoas da terceira idade no universo da academia, como forma de inclusão social.

Essa contextualização justifica as razões do texto e o porquê da gratificação de ter colaborado com esse Programa, principalmente, por ter tido a oportunidade de vivenciar a solenidade de abertura do Curso e "degustar" da excelente aula inaugural da professora convidada. Ao ver cinquenta alunos envolvidos e entusiasmados naquela primeira aula, me dava a certeza de que, mesmo nos bastidores, pois a minha atuação não era a de protagonista, havia participado efetivamente da construção daquele projeto, e esse fazer estaria registrado, senão nos anais da História da Universidade, mas nos registros de minha História de vida, como produção acadêmica de real valor para mim, pela relevância do alcance social e do bem proporcionado a tantas pessoas, que estariam "Aprendendo ao longo da vida", slogan que criei para o projeto.

Como corolário deste texto, cito Fernando Pessoa:

" O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
olhando para a direita e para a esquerda,
de vez em quando para trás...
E o que vejo a cada momento
é que nunca antes eu tinha visto,
e eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
que tem uma criança, se ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento

para a eterna novidade do mundo."

terça-feira, 21 de julho de 2009

Amizade

As verdadeiras amizades são raríssimas. Graças a Deus, tenho excelentes amigos(as) que demonstram de várias formas esse apreço por mim.
Recebi no dia do Amigo várias mensagens. Mas, uma, em particular, me chamou a atenção e elegi-a, para compartilhar com meus leitores amigos que tenham a oportunidade de visitar este blog. Vale a pena transcrever esse texto, pela essência e conteúdo que o compõem. Ei-lo:

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. É delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí. E me envergonho, porque essa minha prece é em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer. Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que não desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os.

Que bom, pois, ter amigos e desfrutar das amizades sinceras, desinteressadas e verdadeiramente leais.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Letramentos Digitais


A oportunidade de participar de um Programa de Educação a Distância na UEPB tem me proporcionado um aprendizado ímpar. Esta semana recebi solicitação da UAB/CAPES para preencher, em formulário eletrônico, um cadastro para licitação de compras de livros para nosso Curso de Letras em EaD. De início, achei que seria complicado e que não teria a menor condição de realizar essa tarefa. No entanto, resolvi fazer o teste: Ver para Crer! Fui à luta e para minha surpresa, de posse do "login" e senha, verifiquei que "o bicho não é como se pinta"! Estou no final do trabalho e, sem muitas dificuldades, descubro que o processo de aprendizagem no mundo digital é fantástico! Nosso progresso é fruto da necessidade de acompanhar o imensurável crescimento nessa área e a certeza de que, com determinação e garra, somos capazes de superar barreiras e entraves que outrora pensávamos não superar.

Outra experiência que me gratifica nessa trajetória de letramentos digitais tem sido a atualização do Currículo Lattes. À espera de quem pudesse atualizar, e todos que me ajudam, muito ocupados, resolvi eu mesma tentar. Com orientação de uma "mestra" nessa área, recebi algumas informações e, hoje, estou fazendo essa tarefa que, embora, seja um pouco desgastante, está se tornando agradável, uma vez que estou associando ao prazer de querer e saber fazer.

Isto nos dá a consciência de nossa incompletude, mas ao mesmo tempo, do poder que temos de aprender sempre. A vida é um eterno aprendizado. Como diz o adágio popular "É morrendo e aprendendo" ou como atesta o contra-provérbio: "É vivendo e aprendendo". Confirma-se, assim, o que nos afirmou o grande Paulo Freire sobre o inacabamento do ser humano, em seu livro Pedagogia da Autonomia (2006). Para esse educador,


" O inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital.
Onde há vida há, há inacabamento. Mas, só entre mulheres e homens, o
inacabamento se tornou consciente".
É preciso, pois, que nos revistamos da vontade de crescer, de ser mais, de poder fazer, de querer fazer, enquanto estivermos com as condições vitais que nos permitam produzir e perseguir essa busca incessante por aquilo que nos completa e nos torna felizes.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Saudade

Estes dias frios de junho fazem com que procuremos alento. Não para o frio propriamente dito. Mas para o coração, que combalido pela dor, muitas vezes, precisa aninhar-se, procurando abrigo para a frieza da alma. A saudade, esse bichinho que corrói e machuca fortemente o nosso peito, toma conta de todo nosso interior e nos preenche de um sentimento que não sabemos explicar.
Os poetas, estes sim, sabem dizer o que é saudade.
Bastos Tigre já disse que "Saudade é como se fosse/ espinho cheirando a flor." Já imaginaram que imagem tão bonita? "Gosto amargo de infelizes" foi como a chamou Garret. E a saudade já foi definida como "dor que é remédio /remédio que aumenta a dor..." Esta definição contraditória tenta explicar paradoxalmente o que é saudade! Mas, somente os que a experimentam sentem as sensações dessa palavrinha que diz tanto... Bendita saudade que nos leva pra perto de quem gostamos, pois sentimos presente quem está ausente!
Junho das festas! Junho dos namorados! Junho dos folguedos! E por que não, junho das saudades...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Reconhecimento

Algumas valores nos chamam a atenção e marcam determinadas pessoas. O reconhecimento é um deles. Esta semana fui alvo de um gesto de reconhecimento de alguém, que por ser inesperado, ganhou maior significado para mim. Há pessoas que são como os pequenos miosótis, que de tão simples, muitos não vêem a sua beleza, que é latente, mas despercebida. O valor dessas pessoas está justamente no ocultamento de sua competência, que aflora quando instigada. Por esta razão, muitas vezes são injustiçadas.
Meu gesto, minha ação foi simplesmente acreditar no potencial desse alguém, por mais de uma vez, e confiar em seu poder de produção. Poder que lhe foi conferido pela academia (USP ou PUC, não me lembro), legitimado por um diploma de Mestre e por um trabalho desenvolvido na Universidade com seus alunos que atestam isto.
Este ser, como poucos, escreveu-me palavras tão generosas, eivadas de tanto carinho e amabilidade que me deixaram emocionada. Acho que ficamos mais sensíveis com o passar dos anos... A bem da verdade, este reconhecimento tão puro, quanto sincero, massageou meu ego, encheu meu coração de alegria e causou-me muita emoção... Fiz tão pouco! Apenas acreditei no ser humano e no profissional. Dei-lhe somente uma oportunidade de pôr em prática os seus saberes! Nem sabia das suas necessidades... Mas, com certeza, fui instrumento de Deus em sua vida e isso me deixa muito gratificada. Que eu possa sempre oportunizar às pessoas uma forma de mostrarem o que são capazes de fazer.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Versatilidade

O nome é bonito, não? Pois é! Que inveja boa sinto das pessoas que têm essa qualidade. Aproveitam tempo para tudo. Comentam sobre variados temas. Encontram bons motivos para escrever... Acho que preciso, a essa altura do campeonato, fazer um curso ... Preciso escrever mais, devo ser menos exigente comigo mesma, não me preocupar tanto com o que vão dizer dos meus textos, me "policiar" menos...
Comentava há poucos dias com uma amiga, que por ser professora da área de Linguística, muitas vezes, me sentia bloqueada para escrever. Isto é, no mínimo, paradoxal! Mas, é verdade! E não é, que " de repente, mas que de repente", estas reflexões serviram de tema para este simplório texto?
Pois é, "Mané Gabrié", como brincava meu saudoso pai. Quero libertar-me deste caráter de seriedade, que muitas vezes imprimo em meus textos. Quero falar de assuntos banais, usando a linguagem que me dê na "teia". Quem sabe até, agrade mais?
Até o próximo texto, meus pacientes e queridos leitores. Vou tentar ser "versátil", por que não?

sexta-feira, 8 de maio de 2009

As cartas

Ontem li no blog de Rangel Júnior um texto que comentava sobre cartas. Fiquei feliz em saber que jovens também rememoram o uso desse gênero epistolar e que, por conta do desenvolvimento tecnológico, essa prática social tem arrefecido, diminuído. Lembrei-me, então de várias músicas de minha época que tematizavam esse costume tão antigo, quanto gratificante. Entoei comigo mesma algumas delas...
"Quando o carteiro chegou/ E o meu nome chamou/ Com uma carta na mão...". Uma outra: " Pombo-correio, volta depressa/ Leva esta carta e entrega a meu amor..." ou ainda, " Mandei meu primeiro pombo-correio/ Com uma carta para a mulher que me abandonou/ Soltei o primeiro, o segundo, o meu pombal terminou/ Ela não veio, nem o pombo voltou...".

Pois é! Quantas alegrias certas cartas proporcionavam às pessoas. Dependendo do assunto, as cartas nos levavam às alturas... A competência narrativa/descritiva de alguns missivistas era de fazer gosto. Verdadeiras relíquias! Daí, alguns autores desse gênero terem publicadas suas cartas, muitas vezes, com objetivos didáticos ou por razões documentais e históricas.

As cartas, geralmente, são um dos primeiros gêneros textuais trabalhados na escola. Mesmo assim, encontramos pessoas escolarizadas que têm dificuldade de escrever bem uma carta. Existem também os que por não terem nenhum nível escolar se valem dos escribas, que se prestam a esse ofício. O filme "Central do Brasil" retrata bem esse caso.

O certo é que sentimos falta do "velho carteiro", gritando "Correio" e nos entregando uma cartinha. Cartas da mãe para o filho, cartas de filhos para a mãe ou de qualquer familiar ou, ainda, as famosas cartas de amor... Se possível fosse, hoje eu estaria enviando uma carta com muito afeto para minha querida Mãe... Como ela está no "andar de cima", envio preces eivadas de muito carinho, na certeza de que nos parâmetros celestiais, esta é a linguagem mais eficiente.

domingo, 26 de abril de 2009

Por que silenciamos?

Há vários e incontáveis motivos para o estabelecimento do silêncio!
Silenciar pode ser uma opção de coexistência. Uma forma de se introjetar no âmago de sua alma para as reflexões mais puras, para os questionamentos mais íntimos ou para ouvir a voz de seu interior, que intimado, responde aos anseios daquele que busca a completude de suas indagações.

O silêncio, mesmo carregado de plurissignificações, paradoxalmente, reveste-se de contornos indecifráveis, que suscita, muitas vezes, interrogações. Em alguns momentos, chega a incomodar . Em outros, pode se transformar em "uma espécie de substância secreta que abre caminho à expressão", como afirma Novaes, em "O silêncio dos intelectuais"(2006).

Por que silenciamos? Por não termos o que dizer? Por termos muito o que dizer e não saber fazê-lo? Ou por não podermos exteriorizar o que nos oprime ou nos angustia? Como dissemos anteriormente, muitas são as causas do silêncio... Há o silêncio imposto como forma de dominação ( velhos e negros tempos) ... Há o viés do silêncio conivente... ( que triste constatação!) Há também, o silêncio contemplativo, quando o ser humano reflete sobre o mundo e tira determinadas conclusões. Mas, há um silêncio muito nosso, muito particular, quando calamos porque a tristeza toma conta de nós e são as lágrimas o código maior para expressar nossos sentimentos... E aí, gente, são os fios do silêncio enredados pelos próprios acontecimentos da vida. É nessa hora, então, que um outro silêncio se instaura e nos remete a uma interlocução maior: o diálogo com Deus, na esperança de que o percurso gerativo de sentidos se estabeleça e preencha os nossos vazios...

Bem, mas não é minha intenção aqui falar sobre o silêncio, nem teria competência para tal, pois existem teses e ensaios brilhantes sobre este tema! Porém, a verdade é que fui instigada, convidada por amigos leitores a "dar o ar da minha graça" neste espaço onde registro minhas experiências, expresso meus sentimentos e revelo minhas verdades.

Embora tenha consciência de minhas limitações ou do pequeno grau de literariedade dos meus escritos, não posso negar que fiquei feliz ao saber que o silêncio no meu blog foi percebido. As razões não importam. O interstício voluntariamente efetivado ( ou involuntário?) foi um discurso silenciado, lido por bons amigos que, generosamente, visitam meu blog e que, certamente, fizeram leituras, indagações ou tiveram qualquer outra reação. Volto, timidamente, mas volto. Como já disse o grande José Américo, "ninguém se perde na volta".

Afinal, de uma coisa tenho a certeza: o silêncio fala mais do que cala.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Férias pra que te quero

Acordo. Agradeço a Deus por tudo. Saio para caminhar. Contemplo a imensidão do mar com suas belezas naturais. Olho diversos barcos que velejam ao embalo das ondas. Vejo os caminhantes. Olhares se cruzam. "Cada um na sua", como dizem os jovens. Por que já não se usam mais os cumprimentos? Por que não se deseja mais um bom dia? Repenso os comportamentos sociais. Analiso as mudanças culturais. O que mudou? Por que mudou? Quero continuar com as minhas convicções. Dou um mergulho. Banho-me naquelas águas inquietas , mas paradoxalmente, tranquilizantes. Transporto-me em pensamentos que vão além de mim. Reflito. Oro. Por que não? Como é bom conversar com Deus naquele ambiente que nos transporta além mar... A prece parece encurtar a distância entre o terreno e o Divino. O diálogo com Deus instaura-se mais facilmente. A natureza ajuda. Viajo ao passado. Quanto me faz bem a consciência do dever cumprido. Volto à minha casa. Tomo uma boa ducha. Deleito-me ao observar minhas palmeiras verdejantes em seus bailados pitorescos, como se estivessem me saudando... Deito-me numa "rede preguiçosa". Leio o jornal. Chama-me a atenção o texto em prosa de Ricardo Anísio "Amar se aprende amando". Que belo poema! Recebo lições de vida desse poeta. Recorto algumas preciosidades. Ei-las: "Preciso, a cada tempestade, abrigar-me sob videiras. Depuro meus erros , vez em quando, e procuro exercitar o perdão. A solidão ensinou-me a capinar o jardim, sem despertar as rosas." Mergulho no meu interior e silencio... Volto a agradecer a Deus! Naquele instante, posso dizer em solilóquio: Sou feliz!