sábado, 1 de agosto de 2009

Aprendendo ao longo da vida

Das muitas produções acadêmicas que tenho realizado ou colaborado, uma me gratificou sobremaneira: O Projeto Universidade Aberta para Formação de Pessoas da Terceira Idade.
A Profa. Eliane Moura, Coordenadora da CIPE/UEPB - Coordenadoria Institucional de Programas Especiais - indicou-me para ampliar o Projeto iniciado pelo Prof. Dr. Manoel Freire de Oliveira Neto, do Departamento de Educação Física. Imediatamente, ao ler a minuta do Projeto, esboçada pelo professor, entusiasmei-me com a proposta, mesmo não sendo da minha área específica, pela envergadura de tal ação. Mas, como transitamos na àrea de Linguagens, que vislumbra horizontes outros, leituras múltiplas, recriação de textos e intertextualidades, procurei "dar conta" da tarefa incubida. A minha experiência, também, na elaboração de outros projetos na área educacional me credenciava para tal.

Coincidentemente, havia ganhado um livro intitulado "Dez fatores para uma Educação de Qualidade para todos no Século XXI", de autoria de Cecília Braslavsky (2005) , lançado pela Ed. Moderna. O conteúdo deste livro veio a calhar. A autora chamava a atenção para as surpresas inevitáveis deste século e, entre elas, a possibilidade de um aumento consistente na expectativa de vida das pessoas.Uma das muitas afirmações contidas e, de maior expressividade, era a citação do escritor argentino Marcos Aguinis que asseverava que " não apenas se agregam anos à vida, mas também, se agrega vida aos anos", em razão da medicina e das tecnologias modernas permitirem às pessoas, não apenas, viver mais tempo, mas viver melhor: mais lúcidas, com maior capacidade de leitura, compreensão e criação. Procurei também informações na internet sobre o tema e, dados da tese de doutorado do Prof. Dr. Oliveira Neto, que aponta a inserção das Universidades nesta área, no sentido de integrar pessoas da terceira idade no universo da academia, como forma de inclusão social.

Essa contextualização justifica as razões do texto e o porquê da gratificação de ter colaborado com esse Programa, principalmente, por ter tido a oportunidade de vivenciar a solenidade de abertura do Curso e "degustar" da excelente aula inaugural da professora convidada. Ao ver cinquenta alunos envolvidos e entusiasmados naquela primeira aula, me dava a certeza de que, mesmo nos bastidores, pois a minha atuação não era a de protagonista, havia participado efetivamente da construção daquele projeto, e esse fazer estaria registrado, senão nos anais da História da Universidade, mas nos registros de minha História de vida, como produção acadêmica de real valor para mim, pela relevância do alcance social e do bem proporcionado a tantas pessoas, que estariam "Aprendendo ao longo da vida", slogan que criei para o projeto.

Como corolário deste texto, cito Fernando Pessoa:

" O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
olhando para a direita e para a esquerda,
de vez em quando para trás...
E o que vejo a cada momento
é que nunca antes eu tinha visto,
e eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
que tem uma criança, se ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento

para a eterna novidade do mundo."