terça-feira, 15 de abril de 2008

Campina Grande - Pólo de Cultura

Chegou setembro! E com ele os Congressos Literários, Campina Grande abriga centenas de literatos, jornalistas, professores e poetas que se amalgamam nos palcos do Serevino Cabral em somatórios sucessivos de discursos, os mais salutares. No ecletismo de sua programação, os Congressos de Campina (como são conhecidos) viabilizam desde o estudo do romance paraibano, à análise do poema "Relógio" de Cassiano Ricardo, às alegorias em Augusto dos Anjos ou a linguagem poética contemporânea da publicidade. É a poesia, tradicionalmente circunscrita como discurso intimista e subjetivo, estudada e analisada na sua mais recente vertente - a poesia multimídia; o computador, como mídia de criação poética. São as novas formas de leituras, a partir das possibilidades de transcodificação simultânea. São os quadrinhos e a literatura sob o olhar crítico de Moacyr Cirne (RJ), chocando a todos com a sua irreverência; a marginalidade literária propriamente dita... A leitura intersemiótica entre o texto verbal e o texto cinematográfico no intercruzamento sígnico é mostrada por Maria Luíza Coelho (Holanda). Enquanto isso, Helder Pinheiro (PB) faz seu "passeio mítico" com Mário Quintana, e Geralda Medeiros (PB) ressalta os temas polêmicos e a "linguagem proibida" de Hermilo Borba Filho, entre tantos outros temas abordados e discutidos.
Entretanto, "a festa da palavra" não se restringe aos palcos do Severino CAbral. O discurso pluralizante continua nas ruas, nas praças, na feira...
Intelectuais e poetas transitam soba a indeferença de uns ou o olhar atônito de outros... A beleza de Márcia Navarro (RS) suscita metáforas! Domício Proença Filho (RJ) já não tematiza, apenas, a poesia brasileira, contemporânea, mas também, o lirismo incomum das coisas simples, fruindo a "palavra na construção do homem". Vera Casa Nova (MG) recupera discursos anteriores no colorido da rede que embalará os sonos do amado, enquanto Campina se avulta aos olhos dos que a contemplam.
Os Congressos já são saudades! No entanto, temos certeza, de que outros setembros virão e serão aguardados como "crisálidas da esperança às vésperas de voar". E Campina, fará a renovação do Festim. A palavra será, mais uma vez, clareira que iluminará mentes e alimentará espíritos, por seres tu, CAMPINA, PÓLO DE CULTURA.

Texto publicado no Diário da Borborema.
Campina Grande, 11.10.94

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