Dimensão é uma "publicação aberta a todos os poetas, desde que sua obra esteja de acordo com a linha editorial de modernidade, contenção verbal, rigor, elaboração da linguagem e/ou pesquisa, experimentação e criação de novas linguagens". Inicialmente, vem com uma explicativa sobre a "Finalidade da Arte" enfatizando a posição da arte no contexto social, ressaltando as "duas concepções opostas, irreconciliáveis: a arte vista em si e por si mesma, como produto estético, e a arte entendida como expressão do ser humano, com multiplicidade de objetivos e funções, entre os quais, também o estético". Em seguida, a revista é organizada em seções cujo teor versa sobre:
- Poemas em textos, ou seja, poemas pós-modernistas, considerados "concretos" por centralizarem-se na palavra como coisa, num procedimento antidiscursivo. Dessa forma, seus autores valem-se "da fragmentação de palavras, da associação de vocábulos pela aproximação fônica, atomizam partes do discurso, rompem com a sintaxe tradicional, desintegram os vocábulos em seus morfemas explorando o ludismo sonoro e o branco da página..."
- Visuais, isto é, poemas chamados "processo" por instaurarem uma nova codificação para o texto, a partir do "processo" e não das palavras, o que resulta numa nova linguagem. Confere-se, assim, ênfase ao projeto e sua visualização. Como dizem seus autores "a palavra pode ser ou não usada, não se trata de um elemento indispensável."
- A insurreição do neo-branco mostrando que o movimento não é uma "escola", não possui princípios normativos como o verso livre ou as "palavras em liberdade" e que o seu ponto de contato com a Modernidade está na metalinguagem.
- Seção especial ressaltando "La poesia experimental uruguaya" de cunho pós-modernista, cujas tendências se valem dos últimos recursos da técnica, no que diz respeito à "multimidia".
Como vimos, "Dimensão" é uma revista que extrapola os parâmetros dos "já ditos" para se revelar à liberdade plena de criação e à multiplicidade sígnica.
Campina Grande, 15.11.95
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