quarta-feira, 14 de outubro de 2015
REFLEXÃO ACERCA DE LEITURA
E LEITORES
Maria Divanira de Lima
Arcoverde
Universidade Estadual da
Paraíba - UEPB
Refletir sobre leitura e
leitores nos faz pensar em um leque de ações que envolvem este tema. Neste
sentido, é notório que já faz parte do senso comum, que compete à escola formar
leitores, concebendo-se a instituição escolar como principal agência de
letramento. Além disso, espera-se que ao sair da escola os alunos tenham
adquirido, não só a competência leitora, mas também, o hábito de ler, o que não
acontece, geralmente, levando-se em consideração que as pesquisas têm
demonstrado um trabalho de leitura associado a questões ideológicas. O aluno
tem que provar que sabe ler e passar pelo julgamento do professor que o submete
a práticas avaliativas. Como afirma Nunes (1998, p.27),
“no
discurso escolar ocorre a simulação de discursos outros que o constituem, ou
seja, o discurso escolar apresenta um seu exterior específico [...] que
distingue três instâncias determinantes de leitura: a do jurídico, a do
econômico e a do político.”
Esse complexo ideológico
constitui um espaço contraditório, onde estão imbricadas práticas escolares e
outras práticas vigentes em nossa sociedade, de modo que as condições de
leitura estão vinculadas quase sempre ao livro didático, cujo leitor é moldado
pela instituição.
Dessa forma, é interessante
que vejamos a leitura e suas funções sociais como prática fundamental para o exercício
da cidadania. Já não podemos conceber que a “cada ano, avaliações de diferentes
portes deem conta de que no Brasil a escola venha falhando na sua função de
formar leitores”. (ANTUNES, 2009, p.185).
Revendo a nossa caminhada
como professora de Língua Portuguesa e analisando as causas desse problema,
percebemos que o livro ainda não é o centro das atenções, nem tampouco
considerado devidamente como um bem cultural. Diante dessa realidade, é
inconcebível cruzar os braços frente à essa evidência, bem como atribuir apenas
à escola a exclusividade de desenvolver essa prática leitora. Podemos, conforme
orienta Perrenoud (2000, p. 15), desenvolver “a aptidão dos sujeitos para ligar
os saberes que adquiriram ao longo da vida às situações da experiência, a fim
de que pelo recurso a esses saberes, vivenciar essas experiências de forma
gratificante e eficaz”. Assim, saberes e competências funcionarão numa relação
clara de inclusão. No dizer de Perrenoud, a competência supõe a articulação do
saber já acumulado com as condições específicas das situações enfrentadas. Vale
a pena, então, questionar que competências a leitura desenvolve? Encontramos em
Antunes, (2009, p. 193) a resposta ideal. ”A leitura permite o acesso ao imenso
acervo cultural constituído ao longo da história dos povos e possibilita,
assim, a ampliação de novos repertórios de informação”.
Para esta autora, a leitura
nos proporciona a descoberta de novas ideias, novas concepções, perspectivas e
diferentes informações acerca do mundo, das pessoas, da história dos homens. A
leitura expressa o respeito ao princípio democrático de que todos têm direito à
informação e acesso aos bens culturais já produzidos. A leitura confere, ainda,
o poder de enxergar e perceber o que nos circunda, a fim de que, como cidadãos,
assumamos nossos diferentes papéis na construção de uma sociedade que respeite
a lógica do bem coletivo e dos valores humanos.
Somos sabedores de que ler é
partilhar conhecimentos, e como tal, é interagir com o outro e afirmar-se como
sujeito histórico/social. Seduzir alguém ao encantamento da leitura como
atividade social, de forma que se instaure a interação entre o escritor e o
leitor, que estão aparentemente distantes, mas que querem se comunicar é preciso!
É necessário, ainda, abrir caminhos para a prática social da leitura fora dos
bancos escolares, na certeza de que isto significa o exercício da partilha do
poder. Como afirma Chico Buarque: “A
vida não gosta de esperar! Amanhã
ninguém sabe...
Nesta perspectiva, é correto
reconhecer que não se pode negar a preocupação dos órgãos públicos, em
desenvolver uma política que amplie a função social da escola como principal
agência de letramento, em programas oficiais do MEC, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Portuguesa (1996) e outros.
Inegável, também, as
variadas propostas de incentivo à leitura promovidas em todo o país. Entre
programas, projetos e campanhas podem ser citados alguns. Nos anos 70, o
Governo Federal implantou o projeto de financiamento de publicações de obras
literárias, por intermédio do Instituto Nacional do Livro. Uma política de co-edições que patrocinava
parte do custo de produção de textos, responsabilizando-se também pela
distribuição de sua cota de livros, suprindo bibliotecas públicas nos estados e
municípios. Na década de 80, a Fundação Nacional do Livro, em parceria com a
iniciativa privada, patrocinou projetos que consistia em ampliar o acervo de
livros das escolas. No período de 1982 a 1985, com o apoio da Fundação Nacional
do Livro Infanto-Juvenil, foi desenvolvido o projeto “Ciranda de Livros”,
patrocinado pela Hoeschst do Brasil, Fundação Roberto Marinho e Fundação
Nacional do Livro, quando foram distribuídos livros para trinta mil escolas da
rede pública de todo país. Em 1987 e 1988, o projeto “Viagem da Leitura”
oportunizou a distribuição de livros de literatura para bibliotecas públicas
conveniadas ao Instituto Nacional do Livro. O projeto “Sala de Leitura”,
resultado da parceria com a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) e o MEC
garantiu nas escolas de todo o país a distribuição de livros didáticos e de
literatura. O projeto pretendia combater o modelo tradicional das bibliotecas
por uma prática democrática de leitura, de forma flexível. Em 2001, foi criado
o Projeto “Literatura em Minha Casa” com o objetivo de integrar os espaços
educacionais e culturais, escola e família. O inovador nesse projeto foi a
oportunidade que o aluno tinha de compartilhar as leituras dos livros com seus
familiares. Conforme dados do MEC, este projeto foi o de maior envergadura e a
maior compra de livros já realizada no Brasil. (SITE DO MEC. ACESSO em
20/05/09).
Programas como o PROLER e o
PROLEITURA, implementados na década de noventa, também trabalharam com ações
básicas, visando à constituição de uma sociedade leitora numa troca de
experiências de leitura, através da formação de uma Rede Nacional de Leitura.
Diferente dos projetos, esses programas não tinham por objetivo a distribuição
de livros, mas a formação de recursos humanos e assessoria às ações
regionalizadas de promoção á leitura.
Essas e outras ações têm
beneficiado o Estado da Paraíba. No entanto, nunca é demais esse fazer, frente
às condições sócio-históricas que caracterizam seus habitantes. A necessidade de
sistematizar a história da leitura, a partir de uma perspectiva que a conceba
como prática cultural, portanto, histórica, vai além da compilação e da
produção de um acervo, exigindo do historiador a interpretação e a articulação
desta prática às esferas das políticas públicas de leitura. (BARBOSA, 2007).
Neste contexto, situamos a
pré-existência que povoa o imaginário coletivo, de que qualquer pessoa
escolarizada é um sujeito-leitor, isto é, que aprendeu a ler. E isto não é
verdade. Sabemos que os fatores responsáveis pelo insucesso da escola no ensino
de leitura, embora existam tantos projetos e programas oficiais, é que falta na
escola a eficácia de uma metodologia que preveja, não só o aprendizado do ponto
de vista formal, mas também o desenvolvimento de práticas leitoras que envolvam
o desejo, o gosto e a necessidade de ler. Barthes (1973), em “O prazer de
texto”, compara o leitor a uma aranha que, ao mesmo tempo em que tece, segrega
a substância com a qual vai tecendo a sua teia. Assim também, o leitor à medida
que lê projeta sobre o texto seus conhecimentos de mundo, textual e linguístico
e tece com o outro suas histórias de leitura. Na visão de Gurgel (1999, p.
209), “o amor e a leitura, porque têm em comum o prazer, requerem um exercício
diário de conquista, de envolvimento, de diálogo com o outro”.
Não é redundante, afirmarmos
que a leitura nos torna capazes de tecer nossa própria identidade, a partir do
outro e com o outro, estabelecendo o processo de cidadania. É preciso, pois, a
inserção de uma política que promova a leitura além dos muros escolares,
independente do lugar em que esteja o indivíduo ou do contexto
sócio-histórico-cultural em que esteja inserido. É necessário, ainda, que se
propicie a esse indivíduo o direito de ler, que se forme nele o gosto de ler.
Além do mais, sabendo-se que
a leitura como um dos meios que o indivíduo tem de se comunicar com o mundo,
ter contatos com novas ideias e pontos de vista, que talvez sua prática jamais
lhe proporcionasse, necessário se faz que projetos dessa natureza sejam postos
em prática para que se tenha a formação de uma sociedade leitora.
Desta forma, qualquer ação,
por incipiente que seja, pode demonstrar o compromisso de qualquer órgão,
enquanto Instituição que se preocupa no que fazer, para minorar o “enigma do
consumidor esfinge”, cujas fabricações se disseminam na rede da produção
televisiva, urbanística e comercial que aos poucos se transforma em puro
receptor. Um espelho de um ator multiforme e narcísico (CERTEAU, 1994). Para
tanto, é imprescindível que se ampliem essas ações leitoras em projetos mais
audaciosos, para que indo além, oportunizem “o voo dos condores no céu”. É bom
esclarecer que não desejamos uma operação somente decodificadora, articulada,
com base, apenas, em significantes. Desejamos apagar a imagem do livro como uma
ilha sempre fora do alcance dos leitores. Pretendemos que o livro deixe de ser
privilégio de alguns que o estabelecem como um segredo do qual somente eles
tenham direito a “decifrá-lo”. Desejamos que o livro seja visto como um bem
cultural de acesso plural.
Neste contexto, enquanto
educadora, sonhamos em ver concretizadas propostas de leitura que possam pôr em
prática estratégias politizáveis, sem cobranças, sem contas a pagar, sem
perguntas para responder, nem julgamentos de valor. No dizer de Certeau (2004,
p. 269),
ler
é constituir uma cena secreta, lugar onde se entra e de onde se sai à vontade
[...]. É produzir jardins que miniaturizam e congregam um mundo, [...] onde os
leitores são viajantes, circulam nas terras alheias, nômades caçando por conta
própria, através dos campos que não escreveram, arrebatando os bens do Egito
para usufruí-los.
Compreendemos que propostas
nesta direção promoveriam a inserção de atividades leitoras no cotidiano das
pessoas, em seus domicílios, independente do contexto social em que se
insiram. O importante é que o indivíduo
possa exercer o direito de ler, aprenda a ler e adquira o gosto de ler.
Implantar políticas públicas
para a formação de uma sociedade leitora é, portanto, dever de todos nós! Como assevera Barthes, (Op. Cit. 2003. p. 9),
“Esse leitor, é mister que eu o procure (que eu o drague) sem saber onde ele
está. Não é a pessoa do outro que me é necessária, é o espaço: a possibilidade
de uma dialética do desejo” [...].
– REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Língua, Texto
e Ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009.
--------------- Muito
Além da Gramática: Por um ensino sem pedras no caminho. São Paulo:
Parábola, 2007.
-------------- Aula
de Português: encontro e interação. São Paulo: 2003.
BARBOSA, S. de F. P. História
da Leitura na Paraíba: Prática e representações. Projeto de Pesquisa. João
Pessoa: UFPB, 2007.
BARTHES, R. O
prazer do Texto. São Paulo: Perspectiva, 1973.
CERTEAU, M. A
invenção do cotidiano. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
FREIRE, P. A
importância do ato de ler. Em três artigos que se completam. São Paulo:
Cortez, 1993.
GURGEL, M. C. Língua, Texto e Ensino: outra escola
possível. In: VALENTE, A. Aulas de
Português: Perspectivas inovadoras. Petrópolis, R J: Vozes, 1999.
sábado, 20 de dezembro de 2014
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DA PARAÍBA
SOLENIDADE
DE COLAÇÃO DE GRAU 2014/02
Exmº Sr. Governador do
Estado (ou representante)
Exmº Sr. Prefeito Municipal
(ou representante)
Magº. Reitor Prof. Dr.
Antônio Rangel Júnior
Pró-Reitor de Ensino de
Graduação, Prof. Dr. Eli Brandão, em nome de quem, cumprimento os demais Pró – Reitores
Caros Diretores de Centro,
Chefes de Departamento e Coordenadores de Curso
Caros Colegas, companheiros
de caminhada
Queridos Formandos (as)
Senhores e Senhoras
Apraz-me citar como preâmbulo
deste discurso o paraibano Hildeberto Barbosa Filho, que poetizou acerca da
palavra, em seu livro “Quando nem morrer é remédio”: [...] “A palavra resgata
paraísos/ Ponto final da oração do tédio/ É armadilha que trança o gesto/
Cálida, põe pelo avesso o universo e carrega montanhas/ É a colina ondulando no
olhar/ É o olhar escavando o lado esquerdo do peito/ E o céu da boca perfumado”
[...]
É pertinente, então, que
seja a palavra o símbolo maior de que me valho, para externar toda a minha
emoção, eivada do mais intenso reconhecimento para agradecer: Agradecer ao Deus
da vida, por me premiar com este momento! Agradecer ao Magnífico Reitor Rangel
Júnior e aos membros do CONSUNI/UEPB pela honraria que me concedem de
compartilhar desta solenidade como Paraninfa Geral. Imperioso, pois, que
retextualize aqui o início da mensagem do Poeta/Reitor, ao comunicar-me essa
escolha, que segundo ele, “Mais que merecimento/ Mais que uma deferência/ Mais
que homenagem, a UEPB reconhece e reverencia esta cidadã, exemplo de educadora,
por sua história de vida e trabalho na nossa Universidade”, o que não posso
negar, muito me lisonjeou.
Isto me reporta a cenas que
me fazem reviver a comunhão que me enlaça a esta Instituição e me permite
seguir as pegadas de Cecília Meireles: Os dias são feitos de pequenos desejos, vagarosas
saudades e silenciosas lembranças. Na UEPB, a catedral dos meus sonhos foi
erguida e se tornou realidade. “Foi nas pontas de suas tranças, onde amarrei
minha ilusão”. Esta Universidade representa para mim a metáfora, cujo princípio
fundante se traduz em isotopias que preenchem todo o meu ser e se inscrevem em
minha alma, impregnando-se
de tal forma, que difícil seria desvencilhar-me delas! Razão
por que nos irmanamos a esse sentimento de pertença, como algo que nos une
irremediavelmente.
Relembro, assim, meu
ingresso nesta Instituição, como professora substituta, quando ainda
Universidade Regional do Nordeste. Acompanhei “paripassum” as crises e as lutas
pela sua sobrevivência. Mas, felizmente, o casulo dos tempos difíceis a
transformou em crisálida de nova vida. Posso, neste sentido, registrar, prazerosamente,
que após ser admitida por Concurso Público, na então Universidade Estadual da
Paraíba, compartilhei com companheiros de caminhada “das nuvens que no chão não
pousam”, dos embates político, histórico e social que redundaram na sua
ascendência e no seu crescimento vertiginoso! Após sua estadualização, veio o
reconhecimento e a sua autonomia, culminando com a ampliação de Cursos e a criação
de novos câmpus.
Entretanto, é importante
ressaltar que por mais transversos e esguios que sejam nossos caminhos, nada
acontece por acaso... O instante faz parte da condição humana! E em alguns
casos, nós o fazemos acontecer! Em razão disto, é no instante em que se oculta
a complexidade das dores ou a exuberância das alegrias, protegidas pela máscara
do existir. E assim, se efetivam as vitórias, porque existem soldados que,
incansavelmente, lutam nas batalhas! Como competidores que permanecem firmes em
suas maratonas, estes não abandonam as pistas, jamais, por maiores que sejam os
obstáculos!
Neste contexto, foram muitos
os atores sociais da UEPB que não fizeram de suas janelas um único foco, cujo
olhar limitado os impossibilitaria de ver outras paisagens! Buscaram outras
janelas para contemplar novos horizontes.
Miraram-se no espelho de José
Américo de Almeida e em seu reflexo ponderaram que “Ver bem não é ver tudo; é
ver o que os outros não veem”. Transformaram
pedras em montanhas, construíram dos escombros de suas dificuldades castelos e
fizeram dos desertos secos desafios! Eis, pois, nossa Universidade, digna do
Pódio, uma vez que criou, com suas incertezas, uma escada para alcançá-lo!Acredito que nada nem ninguém poderão detê-la! A UEPB, como nos ensina Clarice Lispector, “não terá medo nem de chuvas tempestivas, nem de grandes ventanias”, tendo em vista que “o vazio tem o valor e a semelhança do pleno”. Certamente, os fundamentos sobre os quais foram construídos os pilares que lhe dão sustentáculo jamais ruirão, porque calcados em ideais pétreos e firmes, são bases sólidas que se tornam indestrutíveis! Tenhamos a convicção do escritor Robson Pinheiro: “As águas que descem em um rio caudaloso podem causar certos estragos, ao longo do percurso ou ao redor das margens. Contudo, se forem devidamente canalizadas ou reprezadas, servirão de impulso ao progresso na geração de energia e trabalho”.
Estou convicta de que os protagonistas da gestão atual são timoneiros que não deixarão águas turbulentas ensejarem outras margens. Construirão pontes que ultrapassarão as fronteiras do tempo! A UEPB, hoje, é uma pluralidade qualitativa, em que o múltiplo se diversifica. É a “invenção do possível”. Como numa ciranda, estaremos todos de mãos dadas para dançar e cantar a melodia que for entoada! Desta forma, firmados na premissa do escritor Prof. Francisco Pereira, em sua obra “A palavra na construção do mundo”, acreditamos que “Nenhuma corrente é mais forte do que seu elo mais fraco”.
Dirijo-me agora aos
formandos/as! Revivo o meu momento como graduada e toda a minha ascendência
acadêmica. E é balizada em minha experiência, que ouso dizer-lhes, a exemplo de
Guimarães Rosa: “Viver é um rasgar-se e remendar-se”. É despedaçar sonhos e
cobiças. É essa separação do que somos para abraçar aquilo que poderemos ser.
Vocês concluem uma etapa de
vida! Talvez muitos de vocês ou seus familiares abdicaram de algo para a
construção desse castelo, alicerçado pela persistência e pelo compromisso! Cada
um aqui com sua história! Como enfatiza Augusto Cury, “ninguém é digno da
sabedoria se não usou suas lágrimas para cultivá-la”.
Aproveitem esse saber
acumulado ao longo desses anos, sejam quais forem as suas áreas do
conhecimento. Mas, sigam também os aconselhamentos de Clarice Lispector:
“Mergulhem no que vocês não conhecem. Não se preocupem em entender; viver
ultrapassa qualquer entendimento”. Por isto, lhes digo:
Sonhem o impossível, pois se vocês alimentarem grandes sonhos, seus
desafios produzirão oportunidades e seus medos produzirão coragem. Ignorem os
espinhos, porque sobre eles as rosas desabrocham com perfume que inebria nossa
alma! É preciso voar e voar alto dentro de si mesmo! Voem alto, portanto, como
a catar estrelas no céu! Se tempestades vierem, toda esperança será âncora!
Finquem-na no bojo do firmamento como quem planta sementes no chão! Mas, ao
mesmo tempo, aprendam a sair de si mesmos e sigam em direção ao próximo. Sejam
humildes, abnegados e se estruturem em suas vivências, da mesma forma em que
sejam fortes, corajosos, audaciosos e ousados na consolidação de seus sonhos,
tornando-se profissionais competentes!
Permitam-me, ainda,
confessar-lhes que a minha força, eu a construí nos embates da vida, decorrente
das lutas, das pedras no caminho e do esforço empreendido na subida das ladeiras...
Foram muitas, às vezes, que nuvens negras me apareceram como restos de noite...
O vento para mim tornou-se forte, arfante, quase cansado em seu ímpeto! Mas,
sabiamente, como nada é para sempre, “o próprio vento”, no dizer de José
Américo, “para tornar-se amável, mudou de sexo. É brisa, o que há de mais
carinhoso na natureza livre, desimpedida e viajada, a afagar- [me] como uma
pluma macia e delicada”. Eis-me, então, aqui!
Saibam, também, que na vida,
o que possuímos de verdade é aquilo que doamos! Aprendam a se doar livres como
as andorinhas no céu! Sem grilhões, sem cordas, sem amarras, sem muletas!
Enfim, façam de suas vidas
uma escalada sempre crescente, confiantes de que Deus está em cada esquina, em
cada situação, em cada gesto. Procurem, pois, decifrar a mensagem que Ele envia
para cada um de nós.
Parabéns a todos! Sejam
felizes e continuem tocando a melodia do amor na harpa do coração. Obrigada e
um beijo maternal para cada um.
Maria Divanira de Lima
Arcoverde
Campina Grande, 16 de
dezembro de 2014 quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
O Querer-Dizer de Jorge Amado no viés popular
Jorge, mais do que amado, se insurge como "o ícone da literatura baiana" que ultrapassa os limites dos interstícios discursivos. Considerado um escritor atemporal, suas obras atravessam o tempo e rompem barreiras geográficas, assim como seu personagens são transformados em parte indissociável da vida brasileira. Amante de expressões populares, o discurso de Jorge Amado torna-se inconfundível em suas obras literárias. Em seus propósitos de incorporação da linguagem popular, não dispensa as frases feitas,os provérbios, as gírias e os palavrões. O coloquialismo em Jorge Amado é uma marca da opção militante do escritor. Se a literatura para ele era vida, o seu querer-dizer também significava vida. Nesse processo de elaboração, Jorge Amado, para lembrar uma reflexão glissantina, "traça um risoma com o mundo, irrigando a escrita na delicada busca de deciframento do real, tanto em campo estético, quanto nos campos histórico, político e ideológico".
Neste sentido, a dinamicidade da criação linguajeira de Amado, situada no universo da cultura, se dimensiona como um grande diálogo , cuja teia discursiva se desenvolve sob a base da materialidade linguística de discursos já-ditos. Assim, volvemos o nosso olhar para recortes de retomadas de enunciados populares de curta extensão, introjetados como redes de significação na obra "A morte e a morte de Quincas Berro D'Água".
Os enunciados de curta extensão são expressões populares que se inscrevem no tecido literário, enquadradas como provérbios, aforismos, máximas e outras, dado o número reduzido de léxicos que mobilizam a sua organização. Na perspectiva discursiva, possuem características próprias e são reconhecidas como um "já-dito", facilmente identificáveis.
Coletamos algumas expressões de nosso domínio cotidiano, tais como: "amarrados como boi na canga, osso duro de roer, vendo com o rabo do olho,prendê-lo em sete palmos de terras, chegou a sua hora derradeira, bateu as botas", entre tantas outras.
Estes enunciados constituem um gênero textual distinto, por fazerem parte do "Thesaurus" Cultural de um determinado grupo social. A linguagem popular assume, então, no texto literário, um "entre-lugar" e faz com que Amado situe-se neste "lugar aparentemente vazio", cumprindo um ritual que instaura o interdiscurso no campo literário, onde teríamos todos os dizeres "já-ditos", em uma estratificação de enunciados que representam o dizível.
Jorge Amado ancorou o seu querer-dizer, exercendo a potencialidade discursiva de todas as camadas sociais, em uso plural e dialógico. O querer-dizer de Amado, marcado por um discurso de fácil reconhecimento, é vivificado pelo pragmatismo de seu uso no horizonte social, o que faz jus ao reconhecimento de suas obras estarem incluídas numa rede social que o destaca no cenário cultural e enunciativo do Brasil e do exterior.
PS- Este texto é resumo de um artigo apresentado no Colóquio Nacional : Jorge Internacionalmente Amado, promovido pela ABRAEC e PRPGL, em nov/2012.
Jorge, mais do que amado, se insurge como "o ícone da literatura baiana" que ultrapassa os limites dos interstícios discursivos. Considerado um escritor atemporal, suas obras atravessam o tempo e rompem barreiras geográficas, assim como seu personagens são transformados em parte indissociável da vida brasileira. Amante de expressões populares, o discurso de Jorge Amado torna-se inconfundível em suas obras literárias. Em seus propósitos de incorporação da linguagem popular, não dispensa as frases feitas,os provérbios, as gírias e os palavrões. O coloquialismo em Jorge Amado é uma marca da opção militante do escritor. Se a literatura para ele era vida, o seu querer-dizer também significava vida. Nesse processo de elaboração, Jorge Amado, para lembrar uma reflexão glissantina, "traça um risoma com o mundo, irrigando a escrita na delicada busca de deciframento do real, tanto em campo estético, quanto nos campos histórico, político e ideológico".
Neste sentido, a dinamicidade da criação linguajeira de Amado, situada no universo da cultura, se dimensiona como um grande diálogo , cuja teia discursiva se desenvolve sob a base da materialidade linguística de discursos já-ditos. Assim, volvemos o nosso olhar para recortes de retomadas de enunciados populares de curta extensão, introjetados como redes de significação na obra "A morte e a morte de Quincas Berro D'Água".
Os enunciados de curta extensão são expressões populares que se inscrevem no tecido literário, enquadradas como provérbios, aforismos, máximas e outras, dado o número reduzido de léxicos que mobilizam a sua organização. Na perspectiva discursiva, possuem características próprias e são reconhecidas como um "já-dito", facilmente identificáveis.
Coletamos algumas expressões de nosso domínio cotidiano, tais como: "amarrados como boi na canga, osso duro de roer, vendo com o rabo do olho,prendê-lo em sete palmos de terras, chegou a sua hora derradeira, bateu as botas", entre tantas outras.
Estes enunciados constituem um gênero textual distinto, por fazerem parte do "Thesaurus" Cultural de um determinado grupo social. A linguagem popular assume, então, no texto literário, um "entre-lugar" e faz com que Amado situe-se neste "lugar aparentemente vazio", cumprindo um ritual que instaura o interdiscurso no campo literário, onde teríamos todos os dizeres "já-ditos", em uma estratificação de enunciados que representam o dizível.
Jorge Amado ancorou o seu querer-dizer, exercendo a potencialidade discursiva de todas as camadas sociais, em uso plural e dialógico. O querer-dizer de Amado, marcado por um discurso de fácil reconhecimento, é vivificado pelo pragmatismo de seu uso no horizonte social, o que faz jus ao reconhecimento de suas obras estarem incluídas numa rede social que o destaca no cenário cultural e enunciativo do Brasil e do exterior.
PS- Este texto é resumo de um artigo apresentado no Colóquio Nacional : Jorge Internacionalmente Amado, promovido pela ABRAEC e PRPGL, em nov/2012.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Acerca dos Cursos de Letras
"Curso de Letras? Pra quê?" Este é o título que Marcos Bagno usa para encetar uma "conversa" sobre a "situação catastrófica" em que se encontram os Cursos de Letras, seja em Universidades Públicas ou privadas. Segundo ele, é "doloroso" para os apaixonados pelos estudos da linguagem, admitir esta realidade! Para início da conversa, ele diz que o próprio nome "Letras" é obsoleto e denota ideias elitistas, anacrônicas, além de ideais aristocráticos e sexistas, que não se coadunam com os dias de hoje, tendo em vista o apego a paradigmas vigentes no Século XIX que assim funcionava: "Literatura oral? Nem pensar! Literatura alternativa, marginal, transgressora? Deus nos livre! Literatura de autor vivo? De jeito nenhum! Literatura escrita por mulher? Jamais!" Desta forma, ele vai elencando os modelos desta época, incluindo os "fantasmas" que diziam respeito às línguas... "O estudo das línguas mortas, dissecado em frases soltas" assemelhavam-se "com a autópsia de um cadáver" que para ele, "não é mera coincidência!"
Com o advento da Linguística, no início do Século XX, imaginou-se uma grande revolução, que poderia abalar essa "arquitetura aristocrática". No entanto, lamenta o autor, no Brasil, esses estudos foram incorporados de forma desordenada. Resultava, apenas, no acréscimo de disciplinas! Por esta razão, o nome "Letras" continua intacto, havendo uma exceção para o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP.
Chama a atenção, ainda, o autor para os "puxadinhos" que são promovidos para adequar as novas concepções do século, transformando-se os Cursos em "verdadeiros Frankensteins acadêmicos". O resultado são turmas e mais turmas formando-se em Letras, com limitações em conhecimentos necessários, como "gramaticalização, pragmática, discurso, letramento, gênero textual,enunciação, sociocognitivismo, sociointeracionismo, sociologia da linguagem, políticas linguísticas,crioulização,diglossia, teorias da leitura, relações fala/escrita, áreas de pesquisa e de ação fundamentais para que se tenha uma visão coerente do que é uma língua e do que significa ensinar língua". Tantos outros problemas são citados pelo autor, que têm a ver com a própria estrutura dos Cursos , e outros "mais amplos e mais trágicos", como os dados do INAF (Indicador Nacional de Alfabetismo Nacional), divulgando que 75% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Estes dados foram publicados em 2005 e para nossa tristeza, na edição de 2012, os dados permanecem inalterados, apresentado o mesmo percentual (75%). Este quadro absolutamente precário de alfabetismo é muito preocupante! O autor nos incita a refletir sobre as questões do desprestígio da carreira docente! Direciona ara a preocupação sobre o desestímulo pela procura do magistério! Chama também para o foco do círculo vicioso da má formação de profissionais que saem "despreparados" para enfrentar a sala de aula. Diz ele, que a redução de pessoas bem formadas é cada vez menor para esta profissão! Segundo o autor, os Cursos de formação de professores são procurados cada vez mais por pessoas "originárias de grupos sociais em que as práticas letradas são restritas. E assim, forma-se a chamada bola de neve... "Vamos nos iludindo e iludindo os estudantes". Mas, o problema não está em recebermos pessoas de camadas mais desfavorecidas, alerta Bagno. Isto deve ser comemorado! O problema é não darmos a estas pessoas as condições favoráveis para superarem suas limitações.
O autor conclui a conversa, relatando resultado de uma pesquisa sobre a escrita de professores de Língua Portuguesa do Distrito Federal. Pasmem! Coletou centenas de textos escritos e o resultado constata "mais de 80% de textos incompreensíveis, sem os requisitos mínimos de coesão e coerência, repletos de erros ortográficos , de pontuação, de concordância ..." Se os docentes escrevem assim, o que aprenderão os nossos alunos?
É preciso, pois, que se invista em política de valorização do magistério! Necessário que saiamos do "pacto da mediocridade" em que o professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende. Urge uma mudança no setor educacional! Formemos uma ciranda para que todos se deem as mãos, no compromisso de cada um cumprir o seu papel social, acendendo a luz que poderá tirar o Brasil dessa escuridão!
"Curso de Letras? Pra quê?" Este é o título que Marcos Bagno usa para encetar uma "conversa" sobre a "situação catastrófica" em que se encontram os Cursos de Letras, seja em Universidades Públicas ou privadas. Segundo ele, é "doloroso" para os apaixonados pelos estudos da linguagem, admitir esta realidade! Para início da conversa, ele diz que o próprio nome "Letras" é obsoleto e denota ideias elitistas, anacrônicas, além de ideais aristocráticos e sexistas, que não se coadunam com os dias de hoje, tendo em vista o apego a paradigmas vigentes no Século XIX que assim funcionava: "Literatura oral? Nem pensar! Literatura alternativa, marginal, transgressora? Deus nos livre! Literatura de autor vivo? De jeito nenhum! Literatura escrita por mulher? Jamais!" Desta forma, ele vai elencando os modelos desta época, incluindo os "fantasmas" que diziam respeito às línguas... "O estudo das línguas mortas, dissecado em frases soltas" assemelhavam-se "com a autópsia de um cadáver" que para ele, "não é mera coincidência!"
Com o advento da Linguística, no início do Século XX, imaginou-se uma grande revolução, que poderia abalar essa "arquitetura aristocrática". No entanto, lamenta o autor, no Brasil, esses estudos foram incorporados de forma desordenada. Resultava, apenas, no acréscimo de disciplinas! Por esta razão, o nome "Letras" continua intacto, havendo uma exceção para o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP.
Chama a atenção, ainda, o autor para os "puxadinhos" que são promovidos para adequar as novas concepções do século, transformando-se os Cursos em "verdadeiros Frankensteins acadêmicos". O resultado são turmas e mais turmas formando-se em Letras, com limitações em conhecimentos necessários, como "gramaticalização, pragmática, discurso, letramento, gênero textual,enunciação, sociocognitivismo, sociointeracionismo, sociologia da linguagem, políticas linguísticas,crioulização,diglossia, teorias da leitura, relações fala/escrita, áreas de pesquisa e de ação fundamentais para que se tenha uma visão coerente do que é uma língua e do que significa ensinar língua". Tantos outros problemas são citados pelo autor, que têm a ver com a própria estrutura dos Cursos , e outros "mais amplos e mais trágicos", como os dados do INAF (Indicador Nacional de Alfabetismo Nacional), divulgando que 75% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Estes dados foram publicados em 2005 e para nossa tristeza, na edição de 2012, os dados permanecem inalterados, apresentado o mesmo percentual (75%). Este quadro absolutamente precário de alfabetismo é muito preocupante! O autor nos incita a refletir sobre as questões do desprestígio da carreira docente! Direciona ara a preocupação sobre o desestímulo pela procura do magistério! Chama também para o foco do círculo vicioso da má formação de profissionais que saem "despreparados" para enfrentar a sala de aula. Diz ele, que a redução de pessoas bem formadas é cada vez menor para esta profissão! Segundo o autor, os Cursos de formação de professores são procurados cada vez mais por pessoas "originárias de grupos sociais em que as práticas letradas são restritas. E assim, forma-se a chamada bola de neve... "Vamos nos iludindo e iludindo os estudantes". Mas, o problema não está em recebermos pessoas de camadas mais desfavorecidas, alerta Bagno. Isto deve ser comemorado! O problema é não darmos a estas pessoas as condições favoráveis para superarem suas limitações.
O autor conclui a conversa, relatando resultado de uma pesquisa sobre a escrita de professores de Língua Portuguesa do Distrito Federal. Pasmem! Coletou centenas de textos escritos e o resultado constata "mais de 80% de textos incompreensíveis, sem os requisitos mínimos de coesão e coerência, repletos de erros ortográficos , de pontuação, de concordância ..." Se os docentes escrevem assim, o que aprenderão os nossos alunos?
É preciso, pois, que se invista em política de valorização do magistério! Necessário que saiamos do "pacto da mediocridade" em que o professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende. Urge uma mudança no setor educacional! Formemos uma ciranda para que todos se deem as mãos, no compromisso de cada um cumprir o seu papel social, acendendo a luz que poderá tirar o Brasil dessa escuridão!
domingo, 15 de julho de 2012
De Volta àquele Bairro
Já dizia o grande José Américo: "Ninguém se perde na volta..."Mas, voltar nos remete a enredos que envolvem, muitas vezes, emoções... Voltar evoca lembranças, das quais, muitas delas, deixaram marcas e machucam feridas que nunca foram cicatrizadas... Por isto, as emoções são mais fortes e os sentimentos se aguçam numa cadeia progressiva que, somente os que experimentam estes momentos, poderão dizer da intensidade como eles são vividos...
Foi assim, naquela manhã, ao voltar à Escola Rivanildo Arcoverde no Bairro Presidente Médici, onde morei vinte anos e partilhei efetivamente de ações que contribuíram para o seu desenvolvimento. Ali, estava eu, com minha filha Rossana, de Volta àquele Bairro, para a solenidade de Reinauguração da reforma daquele educandário que homenageia meu filho, perpetuando seu nome no frontispício daquele prédio. Mais uma solenidade, que de relance me faz recuar ao tempo e lembrar de acontecimentos passados, se por um lado tristes, por outro, a alegria de constatar o quanto meu filho era querido e amado pelas suas qualidades, pelo seus relacionamentos, pelo seu engajamento na vida sócio-cultural e pelas suas próprias idiossincrasias... Belo, por dentro e por fora, o tempo curto que lhe foi concedido aqui na terra, não impediu de que vivesse intensamente, à maneira de seu tempo, e cativasse a amizade de jovens de sua faixa etária e de pessoas de mais idade, com as quais ele conviveu e conquistou destas a sua estima. Relembrar suas "façanhas", seu riso contagiante, sua meiguice, enfim, tudo de bom que o caracterizava me conforta e me deu e dão ânimo para continuar...
Agradeço a Deus por tudo! A vida é um somatório de realizações. Um barco no qual navegamos, nem sempre em águas brandas... Mas, "navegar é preciso"! Precisamos remar, muitas vezes, contra a correnteza de águas turbulentas que atravessam o rio caudaloso da vida. Devemos conservar a Fé em Deus, que está ali, a postos, nos guiando e determinando as margens onde devemos aportar.
Agradeço sensibilizada a todos que contribuíram na imortalidade do nome de Rivanildo Arcoverde, nosso inesquecível e amado NILDO, como o chamávamos carinhosamente, em uma Unidade Escolar da Rede Pública de Campina Grande. Não poderia ser em lugar mais propício, tendo em vista que ele está venerado e homenageado por estudantes, crianças que transbordam alegria sem pensar no amanhã, que rogo a Deus, tenham um futuro brilhante.
Já dizia o grande José Américo: "Ninguém se perde na volta..."Mas, voltar nos remete a enredos que envolvem, muitas vezes, emoções... Voltar evoca lembranças, das quais, muitas delas, deixaram marcas e machucam feridas que nunca foram cicatrizadas... Por isto, as emoções são mais fortes e os sentimentos se aguçam numa cadeia progressiva que, somente os que experimentam estes momentos, poderão dizer da intensidade como eles são vividos...
Foi assim, naquela manhã, ao voltar à Escola Rivanildo Arcoverde no Bairro Presidente Médici, onde morei vinte anos e partilhei efetivamente de ações que contribuíram para o seu desenvolvimento. Ali, estava eu, com minha filha Rossana, de Volta àquele Bairro, para a solenidade de Reinauguração da reforma daquele educandário que homenageia meu filho, perpetuando seu nome no frontispício daquele prédio. Mais uma solenidade, que de relance me faz recuar ao tempo e lembrar de acontecimentos passados, se por um lado tristes, por outro, a alegria de constatar o quanto meu filho era querido e amado pelas suas qualidades, pelo seus relacionamentos, pelo seu engajamento na vida sócio-cultural e pelas suas próprias idiossincrasias... Belo, por dentro e por fora, o tempo curto que lhe foi concedido aqui na terra, não impediu de que vivesse intensamente, à maneira de seu tempo, e cativasse a amizade de jovens de sua faixa etária e de pessoas de mais idade, com as quais ele conviveu e conquistou destas a sua estima. Relembrar suas "façanhas", seu riso contagiante, sua meiguice, enfim, tudo de bom que o caracterizava me conforta e me deu e dão ânimo para continuar...
Agradeço a Deus por tudo! A vida é um somatório de realizações. Um barco no qual navegamos, nem sempre em águas brandas... Mas, "navegar é preciso"! Precisamos remar, muitas vezes, contra a correnteza de águas turbulentas que atravessam o rio caudaloso da vida. Devemos conservar a Fé em Deus, que está ali, a postos, nos guiando e determinando as margens onde devemos aportar.
Agradeço sensibilizada a todos que contribuíram na imortalidade do nome de Rivanildo Arcoverde, nosso inesquecível e amado NILDO, como o chamávamos carinhosamente, em uma Unidade Escolar da Rede Pública de Campina Grande. Não poderia ser em lugar mais propício, tendo em vista que ele está venerado e homenageado por estudantes, crianças que transbordam alegria sem pensar no amanhã, que rogo a Deus, tenham um futuro brilhante.
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