Rememorar fatos de nossa juventude nos traz um pouco de nostalgia, mas ao mesmo tempo, se transforma numa saudade gostosa que nos alimenta a alma e nos faz sentir viva... É ter a certeza de que registrar determinados fatos é cultuar na memória o que não deve ser esquecido jamais.
Matricularam-me, então, no Grupo Escolar Vidal de Negreiros para cursar o quarto ano. Mirtes Venâncio foi a minha professora, de quem guardo excelentes recordações, pela competência e amor com que se dedicava ao magistério. Concluído o quarto ano, fiz o primeiro Ano Complementar e, em seguida, fui preparar-me para o Exame de Admissão, um verdadeiro vestibular. Aprovada no Exame de Admissão fui admitida para a o Curso Normal, que funcionava no Instituto América, onde estudei até o quarto ano Normal, com excelentes professores e uma qualidade de ensino de causar inveja às Universidades de hoje. Quantas saudades das minhas colegas e daqueles professores abnegados, alguns deles já em outras galáxias. Certamente, nos espaços celestiais pelo bem que plantaram aqui na terra.
Nesse período, minha mãe já se transferira para Cuité e lá continuamos desfrutando de todos os benefícios que a cidade oferecia na época.
Lembro-me com muitas saudades dos passeios ao redor da praça, ornamentada por lindos canteiros de flores, onde eu e minhas amigas trocávamos ideias, “curtindo” a juventude de uma adolescência saudável e mantendo os nossos “flertes” (palavra usada na época, em lugar de “paquera”) em dia, numa troca de olhares, até certo ponto inocentes. Quando muito, uma paradinha, um aperto de mão, complementando a linguagem do olhar e interagindo de forma mais significativa. O aperto de mão é uma linguagem simbólica e tem caracteres que fazem dele um operador dinâmico de sentidos, em vários contextos. Ele suscita várias leituras e permite revelar todo um “falar” com as mãos, assim como é também a linguagem do olhar. Essa maneira de ver e conceber, por apreensão intuitiva da natureza humana, permite um jogo de retornos reflexivos. Por isto, o nosso coração batia acelerado, numa ritmia acentuada como se quisesse gritar ao mundo aquela demonstração de afeto e carinho recebidos e, geralmente, testemunhada pelas amigas.
Mas, nada podia ser comparado às emoções proporcionadas pelas retretas do Coreto, quando os músicos da orquestra tocavam, e nós, mocinhas da época, dançávamos embaladas pelas melodias e pelos braços do parceiro, geralmente, rapazes de nossa faixa etária que nos faziam a corte. Quantas músicas bonitas, de saudosas lembranças!
Sabemos ainda, que muitas são as fotografias de grupos de pessoas que participavam das belas festas de Cuité e escolhiam aquele Coreto como palco específico para o registro dos variados eventos que se promoviam na cidade.
Como olvidar, pois, um espaço semiótico daquele, que oportunizou tantas leituras e que deixou guardado em nossos corações tantas lembranças? O que nos marca é inesquecível! Esquecer é impossível!
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