sexta-feira, 4 de abril de 2008

Tu não estás só na multidão



Tu não estás só na multidão...


"Criar é ser Aquele que É; Criar é matar a morte"
Jean Christophone


E tu, num "orgasmo de criação" fizeste dos teus poemas "um parto feliz, retirando dos destroços do quarto de despejo da existência" a "Forma Feliz", o leitmotiv, o fio condutor para viver.

Teus poemas carregados de um cepticismo até certo ponto preocupante, são "BARCO SEM VELA" que "acumulando pesadelos e desencantos vão navegando com todas as intempéries para não naufragar". E na luta da sobrevivência, contra os vendavais que carregam teu "Barco sem Vela" para aportar quem sabe onde, tu navegante sem rumo "implodes o sentimento verdadeiro". Mas na ânsia de VIVER, te fazes voz de inúmeras mulheres que arraigadas de preconceitos e princípios se encorajam, para "abrir a janela/ Qual pássaro sedento/ de vida/ de liberdade".

Em teu estilo cheio de adjetivações ricas e antíteses fortes, questionas o existencial. Abordas dialeticamente VIDA x MORTE, AMOR x ÓDIO, RISO x CHORO, na preocupação de que "As pessoas valem/não pelo intrinsecamente ser/ mas pelo materialmente ter".

E dás teu grito de denúncia e revolta, quando "na ânsia pessoal de transformar o mundo" reclamas por "verdade e justiça". Na tua visão multifacetária, de uma sociedade díspare, imperativamente, como se pudesse ordenar, dizes: "Veja a criança abandonada/ Veja o operário com espinha dorsal quebrada/ Veja o professor com faringite/ Veja o marginal perseguido/ Que a própria sociedade gerou".
E num sentimento mais forte, em ti "o amor transcende fronteiras" e quantas vezes, procuras sufocar "A pior lágrima/ Aquela que se derrama/ no silêncio profundo", para epicuristicamente "viver hoje todos os segundos".
Não, Socorro, Tu não estás "só na multidão" porque teus versos gravitam em torno de ti, multiplicando-te em várias facetas, nas várias mulheres que a tua consciência artística criou e impõe no ecoar dos tempos. Imortalmente.

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