"Quem sou, de onde vim e para onde vou"
são indagações de um narrador personagem esclarecidos no livro "Eu, poeta em prosa e verso".
De temática versátil e tendo a intertextualidade como presença forte nos seus poemas, Amaury Vasconcelos é o viandante inquieto que aporta em espaços fantásticos e faz com ques seus leitores se transportem a mundo imaginários, através dos personagens mitológicos que marcam suas narrativas poéticas. Estas, por sua vez, carregadas de isotopias, fazem o encadeamento lógico indispensável para o surgimento do "devir" dos vários sentidos do texto, através das coerências semânticas ensejados por seus versos.
O autor, "samaritano do bem querer" faz do AMOR a temática redundante em vários dos seus poemas, sem contudo, deixar de encaminhá-la para o interior de uma redundância supercodificada, completando, dessa forma, o desvio da norma. Mesmo assim, driblando a metáfora, o poeta é o apaixonado perene que decanta a eterna namorada, provando que "a união que emana do somatório deste amor eterno" em "tessitura se amalgama" e "não se destrói porque foi feito/ só de carinhos, renúncia, ternura".
Em "Eu, Poeta em Prosa e Verso", os poemas eróticos (vários) são canções que embalam ao som de "violinos de amor e arpejos". E a própria "volúpia" transmitindo "o desejo incontido/ a vontade do orgasmo".
As comparações da mulher com a natureza, entre prosopopéias e aliterações, entremeadas de metáforas (peculiaridade indispensável no grau de literiaridade textual) fazem do "Eu, Poeta em Prosa e Verso" um livro que chega ao extremo da criação. E o poeta questionando as idiossincrasias da própria natureza para no seu próprio criar, responder-se a si mesmo.
Entretanto, eis a grande surpresa! Tendo em vista os laços estreitos que o poeta estabelece entre a retórica e a poética, o autor nos surpreende com versos de linguagem popular, a exemplo de "O casamento" e o "O beijo da caboca" (sic). É o autor se desembaraçando do seu "EU" intelectual, invertendo as perspectivas e introduzindo no seu discurso o que há de mais puro e ingênuo de seu "EU" lírico.
Ler Amaury Vasconcelos, "viajante feliz e permanente" do universo plurissignificativo da linguagem literária, é, portanto, mergulhar nos meandros infindáveis do discurso poético.
Campina Grande, 22.05.93.
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