Na Paraíba, encrustrada num dos recantos bonitos do Brasil está uma pequena cidade: Nova Floresta. Foi lá que passei os primeiros anos da minha infância.
Eu me lembro com saudades dos desfiles da Semana da Pátria, das brincadeiras das argolinhas, das corridas de saco e do ovo na colher, dos quebra-panelas e dos pastoris. Tudo isso era organizado pela mestra Julieta, nossa professora primária, com o carinho de alguém que conhece e ama sua terra.
O pastoril era representado num palanque, ao ar livre. As pastorinhas vinham de saias armadas, comandadas pela mestra e pela contramestra. Havia, então, uma disputa entre o cordão azul e o encarnado. Eu fazia parte daquele mundo de alegria. Entrava no palco, cantando:
Os aplausos enchiam-me de prazer e a torcida pel omeu cordão deixava-me com maior responsabilidade.
A contramestra respondia, cantando a mesma estrofe, mas defendendo o cordão azul.
Havia também a Diana. Sua roupa era vermelha e azul. Ela era uma espécie de "coluna do meio", isto é, não pertencia a nehum partido.
As canções eram acompanhadas por Juarez de Sinhá, no clarinete; por Tintim, um cego, na sanfona; por Baltazar, no pandeiro, e por Titico, no cavaquinho.
Era assim que passávamos boa parte do tempo. Éramos felizes naquela pequena cidade da Serra da Borborema.
Texto publicado no livro Alegria do Saber de Albany Fonseca e Lucinda, 1986.
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